como sobreviver submerso.

Sábado, 30 de Dezembro de 2017
2017 e o futuro radioso

 

«Sabes qual é o primeiro objectivo de qualquer consultor?»

«Reduzir custos ao cliente?»

«Não sejas ingénuo.»

«Então qual é?»

«Descobrir formas de prolongar o contrato de consultoria.»

 

Ora portanto: em 2017, funcionários públicos e pensionistas continuaram a recuperar rendimentos, mas nas escolas a comida surgiu crua ou com lagartas, nas penitenciárias os almoços e jantares foram diminuindo de tamanho, nos hospitais agravaram-se as condições de salubridade e aumentaram as listas de espera para cirurgias urgentes, nas vilas e aldeias a Protecção Civil não conseguiu evitar a morte de mais de uma centena de cidadãos, nos quartéis os militares foram incapazes de evitar roubos de armas, nas instituições de solidariedade social cometeram-se desvios de fundos públicos sem que, não obstante a existência de denúncias, a tutela se desse ao incómodo de averiguar, e nos bancos continuou a meter-se dinheiro público, ainda que num caso - como os socialistas gostam - por portas travessas.

Também em 2017, categorias variadas de funcionários públicos nada incomodados com as irrelevâncias mencionadas no parágrafo anterior lembraram-se de começar a lutar com o governo por «direitos» (leia-se: dinheiro) que até 2016 o governo parecia achar não apenas justos, mas benéficos para a economia (agora parece só achá-los justos). Patrocinada pelo PCP através da CGTP, a luta deverá continuar em 2018 e ser bastante divertida, mas potencialmente muito cara, para quem está de fora.

Do lado das coisas que não aconteceram em 2017 conta-se, por tradição nacional e para não perturbar Catarinas e Jerónimos, a implementação de reformas que todos (enfim, todos os que ideologicamente se situam fora da extrema esquerda) sabem ser indispensáveis, e que todos (ver parêntesis anterior) também sabem que seriam menos dolorosas de realizar em época de crescimento económico, ainda que esse crescimento ronde os 2%, muito abaixo dos cerca de 3% da vizinha Espanha ou dos valores que seriam de esperar em qualquer economia minimamente equilibrada saindo de uma fase de correcção das contas públicas durante a qual o PIB contraiu 8% (convém ter presente que, neste caso, 2 não chega a uma quarta parte de 8, pelo facto de o denominador ter ficado mais baixo*). E, todavia, as exportações de bens e de serviços mostram-se excelentes, não obstante os recentes e tristes problemas com o pernil de porco destinado a um dos países-modelo do Bloco e do PCP, facto que só pode deixar um indivíduo a ponderar o que diabo travará Portugal. O clima, talvez. O excesso de eucaliptos. A venda de salgadinhos nos hospitais.

Enfim, continuemos, que é forçoso reconhecer um inegável mérito à Geringonça: em 2017, tornou abundantemente claro que o primeiro objectivo do Estado é alimentar o próprio Estado. (A anedota do início perde alguma piada ao chegar aqui, não perde?)

 

E o futuro? Quais as perspectivas para 2018, 2019, 2020, e por aí fora? Numa palavra, sublimes, que Centeno lidera o Eurogrupo, a Alemanha está com governação suspensa e até as agências de notação vêm subindo os ratings da república para níveis de 2010. Há uma nuvenzita negra, uma manchinha no radar, mas poucos a referem, até para evitarem imediatas acusações de «pessimismo» e - pior ainda - de «passismo» (um termo que 2018 poderá não conseguir apagar do léxico nacional). Eu - garanto - vou fazê-lo exclusivamente por motivos de sistematização: o que acontecerá a um país com o nível da dívida pública portuguesa (em queda apenas ligeira) e o nível de encargos do Estado português (entre já assumidos e previsíveis, com tendência para subida), quando a economia mundial abrandar, especialmente se abrandar muito (se houver um crash bolsista, por exemplo)? O que fará um governo com as contas públicas novamente desequilibradas e dificuldades de financiamento externo? Na verdade, é facílimo antever o primeiro passo: subirá ainda mais os impostos, estrangulando ainda mais empresas e cidadãos, e lançando novamente milhares de funcionários do sector privado no desemprego. Mas, porque fazê-lo nem sempre aumenta as receitas e invariavelmente aumenta as despesas do Estado, é capaz de não chegar. Com ou sem programa de assistência internacional, pode ser necessário cortar pensões, bem como salários no sector público, de forma ainda mais brutal do que na última ocasião (a vitória de Pirro que as «devoluções» rápidas e a garantia de «progressões» constituiriam para professores, enfermeiros e demais funcionários do Estado), ou até avançar para despedimentos no sector público (o horror, o horror). Ou então, chegados a esse improvável cenário, talvez possamos ser verdadeiramente criativos e salvaguardar os direitos dos trabalhadores ligados ao Estado libertando os presos, obrigando os alunos a trazerem refeições de casa, equipando os militares com fisgas e encerrando os hospitais.

Vai-se a ver e nessa altura, ainda que com milhentas ressalvas de temporalidade, o Tribunal Constitucional aceitará tudo. E o Bloco de Esquerda, enquanto parceiro de uma coligação governamental maioritária, imitará os parceiros do Syriza e, como ainda agora fez nas alterações à lei do financiamento partidário, aceitará o contrário do que jura defender.

Mas de momento corre tudo bem e, porque outra coisa não merecemos, assim continuará. Um excelente ano de 2018 para todos.

 

* Perdoe-se-me a nota presunçosa, mas a matemática não é o ponto forte nacional, como a generalidade das estatísticas e três bancarrotas em cerca de 30 anos confirmam.



publicado por José António Abreu às 11:25
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Quinta-feira, 19 de Outubro de 2017
É isto

[...]

O que se está a passar na nossa vida enquanto comunidade é assustadoramente preocupante. A grande massa de eleitorado urbano satisfaz-se com um bodo aos pobres, na dimensão suficiente para ir fazendo uns fins-de-semana prolongados e uns jantares fora. Dentro desse grupo merecem um tratamento especial os funcionários públicos, pela sua dimensão, e os pensionistas, com especial relevo para os que ganham mais e têm acesso ao espaço público. A estratégia é tão simples e fria quanto a de uma empresa que define um objectivo de mercado. Tudo o resto, como não faz mexer o ponteiro das vitórias eleitorais, não existe.

 

Os últimos orçamentos do Estado foram pensados nessa lógica. Se o país fosse uma empresa podia dizer-se que na era da troika fomos geridos pelo administrador financeiro e nestes últimos dois anos pelos responsáveis da área comercial e do marketing. Tudo o que não se vê ou que esteja protegido dos olhares externos pode ficar com menos dinheiro. E assim se faz dinheiro para acabar com os cortes dos salários da função pública rapidamente, ao mesmo tempo que se reduz o défice público.

 

São escolhas políticas apresentadas como uma opção pelas pessoas, pela coesão social, pelo combate à  pobreza e pela promoção da igualdade. Quem o diz assume-se até como tendo o monopólio destes objectivos, como se todos os outros fossem contra valores que são (ou deviam ser) os alicerces da nossa sociedade.

 

O problema vem ao de cima quando tentamos ver os actos dessas palavras. É enorme a distância entre aquilo que se diz que se faz e aquilo que realmente é concretizado. A coesão social, o combate à pobreza e a promoção da igualdade limitam-se ao segmento do mercado eleitoral urbano que faz mexer o ponteiro dos votos. Os outros ficam ao abandono, como dolorosamente vimos na morte e na vida de quem esteve dentro dos incêndios do fim-de-semana.

[...]

 

Um texto dolorosamente certeiro de Helena Garrido, no Observador. Convém lê-lo na íntegra


publicado por José António Abreu às 17:55
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Quarta-feira, 18 de Outubro de 2017
O «fim» da austeridade, o início das mentiras
Governo falseou dados das listas de espera para consultas e cirurgias no Serviço Nacional de Saúde. Entre 2014 e 2016, o tempo de espera subiu, o número de cirurgias desceu. Em 2016, 2605 pessoas morreram à espera de cirurgia.

 

Bem-vindos ao maravilhoso mundo da Geringonça, recuperado dos tempos de Sócrates, no qual tudo é perfeito, ainda que tenha ser à força. Muitos parecem acreditar que António Costa é, no que respeita ao estilo de governação, diferente do homem que teimou numa ilusão até ao instante em que o dinheiro acabou. Infelizmente, é igual. O roubo de Tancos e os incêndios mostraram amplamente a sua incapacidade para assumir erros, a sua indiferença pelos portugueses (que não pela opinião que os portugueses têm dele) e o despudor com que transforma os próprios correligionários em escudo pessoal (por muitos erros que tenha cometido, a Ministra da Administração Interna poderia ter sido poupada à humilhação de, na prática, se ver demitida pelo Presidente da República). Esta notícia - que certamente não irá incomodar os parceiros da Geringonça, outrora tão vocais acerca de situações menos graves - revela a sua disponibilidade para usar absolutamente todos os truques, de forma a manter as ilusões e se agarrar ao poder. E que possa não ter partido dele a indicação concreta para maquilhar os números pouco importa: em ambientes malsãos, pejados de yes men, nos quais as aparências são tudo, as estruturas fazem o que sentem ser necessário fazer.

 

Enfim, talvez nada disto interesse no país em que Isaltino é eleito e Sócrates ainda recebe aplausos. Talvez até constitua motivo para felicitações. Num país decente, porém, depois da forma vergonhosa como geriu o caso dos incêndios, seria razão bastante para conceder a António Costa o mesmo género de férias forçadas com que ele presenteou Constança Urbano de Sousa. Em Palma de Maiorca, como quando pretendeu escapar à polémica de Tancos, ou noutro lado qualquer.



publicado por José António Abreu às 16:26
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Quinta-feira, 12 de Outubro de 2017
De Sócrates ao futuro

1. Há o processo criminal. Esse fica para a Justiça.

 

2. Há o conluio entre o Estado e grupos privados, quase inevitável num país em que os políticos fazem questão de garantir que o primeiro é indispensável para tudo. As tímidas tentativas de Passos Coelho (que não do PSD) para mudar a situação estão hoje anuladas. Tal como o próprio Passos.

 

3. Há a cegueira dos compagnons de route, entretanto de regresso ao poder. Ou - acreditando eu não estarmos perante almas ingénuas - os interesses próprios que os levaram a fechar os olhos a todos os indícios. Os mesmos interesses, de resto, que se sobrepuseram aos do país após as eleições de 2015 e levaram à constituição da Geringonça.

 

4. Há os tiques intervencionistas e autoritários, que António Costa, Augusto Santos Silva, Carlos César, Eduardo Ferro Rodrigues, João Galamba et al - de Catarina Martins, das manas Mortágua ou de Jerónimo de Sousa outra coisa não seria de esperar - mantêm vivos e nem tentam esconder.

 

Pouco importa; a acreditar nas sondagens, os portugueses apreciam gente oportunista e autoritária. Têm-na tido - e continuarão a tê-la - em abundância. Considerando os resultados de Narciso Miranda, Valentim Loureiro e Isaltino Morais nas últimas eleições autárquicas (16,2%, 19,9% e 41,7%, respectivamente), e a insignificância comparativa dos desvios em que estiveram ou poderão ter estado envolvidos, arrisco-me a extrapolar que o próprio Sócrates ainda poderá ser eleito Presidente da República. Em 2026, talvez. Ou, no máximo, em 2031.



publicado por José António Abreu às 12:14
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Sábado, 31 de Dezembro de 2016
2016

A economia cresceu menos do que em 2015. O crescimento deveu-se não ao previsto aumento do consumo interno mas ao turismo e às exportações. Agora o governo diz que a aposta são o investimento e as exportações. Tudo indica que o crescimento permanecerá anémico.

A dívida pública aumentou. Apesar das medidas do BCE, as taxas de juro subiram, tanto no mercado primário como no secundário.

A operação de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos foi adiada para 2017. O processo incluiu uma tentativa governamental para contornar legislação existente. Seria mais grave noutros tempos.

Descontando operações de recapitalização de bancos, o défice público deverá baixar cerca de 0,5% em 2016 (contra uma média superior a 1,3% nos cinco anos anteriores). 0,3% dessa redução ficará a dever-se a um perdão fiscal a que o governo não gosta de chamar perdão fiscal. Além disso, as cativações permanentes subiram e os pagamentos em atraso provavelmente também.

Apesar da construção de hotéis e da abertura de espaços vocacionados para o turismo no centro de Lisboa e do Porto, o investimento caiu. Em percentagem do PIB, o investimento público caiu para níveis da década de 1950. Parece que até os socialistas entendem que é necessário apertar em algum lado. Há uns anos, quem imaginaria que o fizessem aqui?

A taxa de desemprego desceu. É uma boa notícia. Provavelmente teria descido mais com mais investimento. De preferência, privado.

Os impostos indirectos aumentaram. Em 2017 continuarão a aumentar.

Os «lesados» do BES vão ser salvos pelos contribuintes. Com um pouco de boa vontade, a Cornucópia também.

O sistema de Educação conseguiu bons resultados a nível internacional. A análise ainda não abrangeu as mudanças introduzidas pelo actual governo.

Na Concertação Social, o governo conseguiu um acordo para aumentar o salário mínimo. Logo a seguir, um ministro comparou os parceiros sociais a gado. Estes nem mugiram.

Marcelo viajou, falou e tirou selfies, viajou, falou e tirou selfies, viajou, falou e tirou selfies, viajou, falou e tirou selfies, viajou, falou e tirou selfies. Considerando que tomou posse apenas no início de Março, em 2017 deverá conseguir viajar, falar e tirar selfies ainda mais. Poderá ter problemas em manter taxas de crescimento significativas a partir de 2018.

A «geringonça» aguentou-se. Parabéns a António Costa. Bloco e PCP estão mais domados do que CDS alguma vez esteve. Como se viu no caso da TSU, até os termos dos «acordos de entendimento» já podem ser violados.

 

Mas, globalmente, parece que os portugueses andam satisfeitos. Óptimo. Sempre apreciámos o status quo. E, no fundo, estamos habituados à mediania.

Bom 2017.



publicado por José António Abreu às 11:12
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Segunda-feira, 17 de Outubro de 2016
Gestão de um falhanço

A estratégia do governo para a economia falhou rotundamente. É o próprio governo a reconhecê-lo, no orçamento para 2017, ao abandonar a via do consumo interno (prevê-se que o consumo privado aumente 1,5% e que o consumo público caia 1,2%) pela das exportações (previsão de aumento de 4,2%). Ou seja: Costa e o PS tomaram o poder após uma derrota eleitoral para, um ano decorrido, começarem a admitir a validade das opções do governo PSD-CDS. Infelizmente para o país, esta correcção de rota significa pouco: muitas medidas, já implementadas ou a implementar, servem de lastro a uma estratégia coerente e com um mínimo de hipóteses de sucesso. Não estamos somente perante um ano desperdiçado (um ano crucial, com o BCE a ajudar na frente da dívida pública) mas também perante a destruição de um ambiente favorável, que este governo nunca conseguirá recuperar - até porque, de forma a agradar às clientelas e aos parceiros da «geringonça», continua a introduzir medidas erradas e a evitar reformas necessárias. Na prática, o PS encontra-se entalado entre, por um lado, as pressões de Bruxelas, dos mercados (seria este orçamento igual se não fosse necessário convencer a DBRS?) e do BCE (onde se desespera ao ver a forma como vários governos aproveitaram a política monetária para adiar reformas) e, por outro, as pressões do PCP, do Bloco e das promessas irrealistas que Costa fez em 2015, com suporte técnico de Centeno, Galamba, Trigo Pereira, etc.

 

Mas a situação do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda é ainda mais difícil. Todos sabemos por que motivo o PCP aceitou integrar a «geringonça»: não podia autorizar a cedência a privados da gestão dos serviços públicos de transportes, pois isso representaria abdicar de toda a sua capacidade reivindicativa. Quanto ao Bloco, acossado pelo Livre, viu uma oportunidade para retirar PSD e CDS do governo e amarrar o PS às suas políticas. Há um ano, PCP e Bloco ainda conseguiram impor medidas relevantes a António Costa. Hoje, essa capacidade desvaneceu-se. Sendo o ónus de derrubar o governo demasiado pesado, aceitam tudo o que Costa está disponível para lhes dar. Neste orçamento, ele permitiu-se deixá-los a papaguear e a gesticular enquanto ia até à China; no regresso, como faria a qualquer arrumador de veículos, deu-lhes os trocos que tinha no bolso. Catarina e Jerónimo passarão semanas a queixar-se de que não estamos perante um orçamento de esquerda, mas aprová-lo-ão. E, não obstante a sobrevivência da sobretaxa de IRS e a inexistência de aumentos salariais na função pública, a CGTP permanecerá fora das ruas. «Assim se vê a força do PC», o velho slogan comunista, é hoje uma punchline.

 

Se, nos finais de 2015, ainda existia alguma margem para a dúvida, agora tal já não acontece. O orçamento para 2017 demonstra à saciedade que o governo de Portugal se encontra integralmente assente em interesses pessoais e partidários de curto prazo. Convicções genuínas e visão de futuro não existem ou são irrelevantes. Enquanto isto, o país aguarda, afundando-se devagar. Algo que os portugueses, atávicos no seu complexo de inferioridade mas também no medo em relação a toda e qualquer mudança comportando risco, parecem achar bem.



publicado por José António Abreu às 18:18
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Sábado, 15 de Outubro de 2016
Simplexidade

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O governo admite que Portugal crescerá em 2017 quase tanto como cresceu em 2015, pouco mais do que crescerá em 2016, menos de metade do que deveria crescer (de acordo com as projecções iniciais de Centeno et al), e também menos do que cresceria com um governo PSD-CDS (mesmos crânios, mesma época). Para atingir tão entusiasmante resultado, o orçamento de Estado propõe várias medidas imaginativas, que - evidentemente - nada têm a ver com austeridade.

A sobretaxa de IRS, que Costa prometera eliminar no final de 2016, acabará em Abril de 2017 para rendimentos entre 7 mil e 20 mil euros, em Julho de 2017 para rendimentos entre 20 mil e 40 mil euros, em Outubro de 2017 para rendimentos entre 40 mil e 80 mil euros, e em Dezembro de 2017 para rendimentos acima de 80 mil euros.

Um novo imposto sobre o património imobiliário será adicionado ao IMI (ele próprio redesenhado para dar mais peso a factores como a qualidade da vista e a exposição solar), mas só para património acima de 600 mil euros, na parte em que exceda este valor e desde que não esteja dedicado a actividade industrial ou turística. Em contrapartida, desaparecerá o imposto de selo para património acima de um milhão de euros, com vantagem para os proprietários.

As pensões até 838 euros serão aumentadas de acordo com a taxa de inflação em Janeiro e as pensões até 628 euros terão um aumento suplementar em Agosto, até aos dez euros de aumento total. As pensões acima de 838 euros serão aumentadas em Janeiro consoante a taxa de inflação menos meio ponto percentual (o valor final deverá rondar os 0,2-0,3%). As pensões mais baixas de todas (não contributivas e rurais) não terão aumento.

Metade do subsídio de Natal dos funcionários públicos será pago em duodécimos e a outra metade antes do Natal.

Haverá uma nova taxa sobre refrigerantes e bebidas com teor de álcool entre 0,5% e 1,2%, com um escalão até às 80 gramas por litros de açúcar e outro acima deste valor. Exceptuam-se sumos e néctares de fruta ou de algas, bebidas à base de leite, soja, arroz, amêndoa, caju ou avelã. E exceptuam-se as restantes se fizerem parte de um processo de fabrico (i.e., forem matéria-prima ou produto intermédio).

Haverá também aumento de impostos sobre o álcool, sobre o tabaco, sobre as munições à base de chumbo (Passos pode não gostar do orçamento mas este é um ponto que a maioria dos coelhos aprova), sobre a compra de veículos a gasóleo, sobre a posse de veículos, sobre o alojamento local e sobre as festinhas a cães de outras pessoas, excepto se forem rafeiros (okay, esta última não é verdade - por enquanto).

Tudo isto depois de uma redução no IVA na restauração, excepto em algumas bebidas e em comida para levar; de um imposto sobre os produtos petrolíferos com ajuste trimestral; da redução do horário de trabalho na função pública para as 35 horas, excepto para trabalhadores com contratos individuais; de um perdão fiscal que não é um perdão fiscal e pode assumir a forma de prestações.

 

---------

 

1. É delicioso ver Bloco de Esquerda, Partido Comunista e CGTP (desculpe-se o pleonasmo) apoiarem orçamentos como este. Sendo verdade que dá tudo o que pode aos dependentes directos do Estado, não deixa de dar apenas migalhas - e até se permite não aumentar as pensões mais baixas. Tenho de reconhecer que, no que respeita a garantir os seus interesses pessoais, Costa pode mesmo ser um génio. Manietar desta forma o PCP não é para qualquer um.

2. A realidade da economia vai-se impondo. De tal modo que, nos números (nunca nas palavras), Centeno quase desceu à Terra.

3. Em 2012, Vítor Gaspar assumiu ir introduzir um «enorme aumento de impostos». Ainda é criticado pela franqueza (mais até do que pela medida). Tal nunca sucederá com governos do Partido Socialista. E com razão: os portugueses parecem preferir a mentira e o eufemismo. Ao ponto de muitos fazerem questão de ver o dinheiro entrar-lhes na conta antes de sair para pagar impostos.

4. Não era suposto haver um ministério para a simplificação administrativa?

 

 

Imagem recolhida n'O Insurgente.


publicado por José António Abreu às 17:44
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Quinta-feira, 6 de Outubro de 2016
Perdão?
Em 2013, em tempos que ninguém negava serem de crise, o PS criticava os perdões fiscais. Hoje, em tempos que era suposto serem de crescimento e desafogo, com (dizem-nos) as contas públicas perfeitamente controladas, o governo do PS institui perdões fiscais. A ironia é grande mas, por baixo dos sorrisos amplos e das tiradas plenas de certezas, a angústia deve ainda ser maior.


publicado por José António Abreu às 18:07
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Quarta-feira, 14 de Setembro de 2016
É provável que já saísse mais barato pedir ao FMI
Portugal coloca o mínimo de dívida que se propunha colocar, a taxas cerca de 20% mais elevadas do que nas últimas emissões.


publicado por José António Abreu às 11:35
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Sexta-feira, 12 de Agosto de 2016
A esquerda dos direitos
Portugal arde. O ministro do Ambiente afirma que os valores de área ardida são inferiores aos de 2015. Portugal continua a arder. O primeiro-ministro manda dizer que interromperá as férias para se deslocar à Protecção Civil. Portugal arde cada vez mais. O governo parece sair finalmente do estupor veranil. O Funchal arde. O primeiro-ministro promete enviar 30 elementos para ajudar no combate às chamas, entre bombeiros, polícias e elementos da protecção civil. Depois aumenta a oferta para 110. Ainda assim, Portugal continua a arder. Várias pessoas morrem. O governo pede ajuda aos parceiros europeus. Espanha envia dois aviões. A ministra da Administração Interna mostra-se insatisfeita com a resposta europeia ao pedido de ajuda. O primeiro-ministro diz que a União Europeia tem que ter noção de que é necessário um reforço de meios. Um representante da União Europeia lembra que os meios são limitados, pertencem aos países-membros e que vários destes também enfrentam incêndios (França, por exemplo) ou encontram-se em situação de risco elevado. Entretanto, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista vão discretamente exprimindo preocupação e - pasme-se - impotência.

A «geringonça» transformou Portugal num dos paradigmas da esquerda actual. Só existem direitos. O direito a receber ajuda imediata e sem condições (seja ela financeira ou material); o direito a violar as regras; o direito a manter políticas que os parceiros europeus consideram erradas; o direito a fazer o que, soberanamente, muito bem se entender. Para os outros, ficam os deveres.



publicado por José António Abreu às 10:39
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Terça-feira, 2 de Agosto de 2016
A festa do caminho para a pobreza

Hoje elegemos aqueles que prometem gastar mais e prometem conseguir da UE a autorização para nos tornar mais pobres. O facto do senhor alemão nos emprestar dinheiro para gastarmos mais no Estado, não nos faz mais ricos, faz-nos mais pobres. Mesmo que parte desse dinheiro que pedimos emprestado para pagar o Estado nos venha a beneficiar, vamos ficar a dever a totalidade desse dinheiro. Na verdade, só parte do dinheiro que gastamos no Estado beneficia o país e, no entanto, o país assume a totalidade da dívida. Tal como no passado o escudo desvalorizava nas nossas carteiras, hoje os euros que temos vão desaparecendo porque ganhamos alguns, mas ficamos a dever muitos.

(...)

Mas se estarmos no euro e não termos moeda própria criou este efeito de pedirmos aos nossos políticos para que nos tornem mais pobres e ataquemos os comissários europeus que tentam impedi-lo, há um efeito que, não sendo positivo, é esperançoso para os nossos filhos. Esse efeito é que a dívida que está sobre a cabeça dos nossos filhos, resolve-se em 30 anos, mas também se resolve em 250 km. Como os filhos de milhares de pessoas neste país que deixaram de ter este problema porque foram trabalhar para outras zonas desta economia que vai de Lisboa até Vilnius. Aos poucos, Portugal vai desaparecendo da frente do Estado português. A maioria já nem vai votar porque, na verdade, é irrelevante para as suas vidas. E muitos começaram já a usar o facto de serem europeus para mandarem Portugal para trás das costas. Este povo que faz força por ser pobre, felizmente tem filhos que recusam sê-lo. Se é verdade que vamos empobrecendo porque vamos criando uma dívida ao mesmo tempo que trabalhamos e isso não nos afeta no imediato, para quem está a começar a vida isso funciona como um tampão, porque uma sociedade que vive para pagar impostos, não tem empregos. A nossa recusa em aceitar os conselhos da comissão europeia, leva-nos aquilo que de mais importante temos: o futuro.

Por isso estamos mais pobres a cada dia que passa e é por isso que os senhores da comissão insistem connosco. E não estamos mais pobres por azar, estamos porque merecemos e escolhemos. O mesmo ministro das Finanças alemão disse há umas semanas que a sua maior preocupação era Portugal. E isso é bom, que ele se preocupe connosco. O mau, é nós não nos preocuparmos nada e continuemos a fazer festas porque vamos para mais pobres. O lado positivo da coisa é que pode ser que os nossos filhos venham visitar os pais cá na terra. Talvez por altura das festas…

João Pires da Cruz, no Observador.


publicado por José António Abreu às 18:18
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Quarta-feira, 13 de Julho de 2016
Optimistas
Católica prevê crescimento de 0,9% este ano.

 

(Optimistas em comparação com estes.)


publicado por José António Abreu às 18:48
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Terça-feira, 5 de Julho de 2016
A estratégia de aumento do consumo corre esplendidamente
Portugal regista maior quebra nas vendas a retalho na zona euro em Maio.


publicado por José António Abreu às 12:24
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Segunda-feira, 16 de Maio de 2016
Ponto de divergência

Blogue_DívPública_500.jpg

 

Bate tão certo que até parece mentira.

 

Fonte: BCE.


publicado por José António Abreu às 14:15
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Sexta-feira, 13 de Maio de 2016
O maior cego
O desemprego aumenta mas não aumenta.

As exportações diminuem mas a economia permanece no rumo certo.

O crescimento do PIB encontra-se muito abaixo das previsões mas não há motivo para alarmes.

Os diferenciais das taxas de juro da dívida pública agravam-se mas tudo corre bem.

O investimento desce mas as perspectivas são excelentes.

Os impostos sobem mas a austeridade diminui.


publicado por José António Abreu às 10:31
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Segunda-feira, 25 de Abril de 2016
Bafio
Alexandre Homem Cristo tem razão. Quarenta e dois anos depois, o 25 de Abril corporiza a resistência à mudança. Transformado em dogma, não apenas constitui pecado mortal equacionar hipóteses que lhe possam diminuir o simbolismo – p. ex., que parte das conquistas obtidas desde então se devem a factores apenas indirectamente com ele relacionados: o acesso aos fundos europeus possibilitado pela adesão à UE, a irresponsabilidade orçamental permitida pela adesão ao euro – mas, acima de tudo, evoca-se para defender o status quo. Os portugueses podem estar mais viajados e ter acesso aos mesmos livros e às mesmas séries que se lêem e vêem no exterior mas, tirando meia dúzia de jovens – especialmente empresários –, o Portugal de hoje permanece o Portugal de 1973: conservador, assustado, fechado à realidade e à mudança. Um país onde se trocaram ilusões de grandeza imperial por ilusões de riqueza imediata e sem esforço. Um país que (à imagem da época pós-Marquês de Pombal) trocou a falta de democracia pela falta de rigor. (Como é possível que apenas sob dois déspotas Portugal tenha crescido de forma sustentada?) As grandes diferenças entre 1973 e 2016 não se encontram pois na mentalidade. Encontram-se no número – hoje muito superior – dos que se alimentam do poder ainda e sempre sufocante do Estado (agradeçam-no aos fundos comunitários e à dívida) e na identidade dos respectivos parceiros ideológicos: antes, uma direita bafienta; hoje, uma esquerda que – apesar de todas as «causas fracturantes» – não o é menos.
 

Dir-me-ão que posso escrever textos como este. Sim, resta a liberdade. É a liberdade que eu agradeço ao 25 de Abril. Ciente de que muitos dos que o fizeram – ou dele se apropriaram – não a tinham como objectivo. Ciente de que, assentes no poder da captação e alocação dos recursos e das noções do politicamente correcto – como antes o Estado Novo se servia da Igreja, da noção de moral e do conceito de Pátria –, os seus descendentes agem para que seja cada vez mais difícil escrevê-los.



publicado por José António Abreu às 13:38
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Quinta-feira, 7 de Abril de 2016
Chavões

E, de súbito, a calma antes da tempestade. Tudo parece adormecido, numa paz que muitos, por ingenuidade ou interesse, classificarão de positiva. Ocupado na reversão das tímidas reformas dos últimos anos e ainda sem ter de enfrentar números que exponham de forma clara (indícios não bastarão) o falhanço das suas políticas, o governo limita-se a chavões. Um documento que seria recebido com desdém se proviesse do governo anterior, a abarrotar de verbos no infinitivo («melhorar», «simplificar», «garantir», «lançar», «modernizar», «promover», «reforçar», «incentivar») mas confrangedoramente parco em detalhes (quando? como? com que dinheiro?), passa por base séria para discutir reformas. A ânsia de afastar Passos Coelho da liderança do PSD faz socialistas e comentadores encartados dispararem críticas a Passos por manter a pose de primeiro-ministro mas também por não mostrar sentido de Estado suficiente para aceitar as posições do governo (um «sentido de Estado» que o PS nunca teve enquanto oposição).

No fundo, PS, Bloco e PCP, ajudados por grande parte da intelligentsia, seguem entretidos na reescrita da História recente – ao ponto de o representante dos comunistas no congresso dos sociais-democratas ter declarado por várias vezes, com a convicção inabalável dos dogmas (são afinal tão religiosos), que o PSD ainda não se refez da derrota nas eleições legislativas. Mas presos ao passado estão os partidos da «geringonça». Tudo o que fazem é em função dele, tudo o que propõem conduz a ele. O futuro apenas lhes merece chavões.



publicado por José António Abreu às 11:01
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Segunda-feira, 7 de Março de 2016
A terceira categoria

Como muitos outros antes dela, talvez Maria Luís Albuquerque não devesse poder aceitar o cargo que aceitou. Porém, mais lamentável do que ela tê-lo feito - às claras e aparentemente sem infringir a lei - é, uma e outra vez, estes casos apenas servirem propósitos de demagogia barata. As promiscuidades devem ser investigadas (desde logo, beneficiou Maria Luís Albuquerque a Arrow Global enquanto ministra?) e é provável que a lei das incompatibilidades deva ser alterada - mas não no sentido do populismo defendido pelo Bloco de Esquerda. Afinal, em que poderá trabalhar um ex-ministro das Finanças se lhe for vedado o acesso ao sector financeiro? Que cargo poderá aceitar um ex-ministro da Economia se a gestão de empresas privadas (a ninguém parece incomodar que possa ir contratar swaps para uma entidade pública) lhe for interdita? (Pense-se em António Pires de Lima, por exemplo.) A que actividade poderá dedicar-se um ex-ministro da Justiça se os escritórios de advocacia (e há imensos negócios cinzentos em torno deles) constituírem terreno onde não possa entrar?

Cair no populismo de impedir ex-governantes de trabalhar em empresas do sector que tutelaram nos seis anos subsequentes ao abandono do governo (como o Bloco pretende) faria com que este constituísse cada vez mais um feudo de profissionais da política, sem outra visão do mundo que a da «distrital», dos cargos públicos e dos jogos de solicitação e distribuição de benesses. Hoje mesmo, quase só aceitam integrar o governo três categorias de pessoas: as que têm posses suficientes para não ficarem demasiado incomodadas com a perda de rendimento; as que, podendo ter currículo e até boa vontade, esperam lucrar após a saída; e as que, tendo feito toda a «carreira» nos meandros da política, não ganhariam mais noutro lugar e para quem os «benefícios», obtidos durante e/ou após o desempenho do cargo, constituem frequentemente objectivo de vida. Uma lei das incompatibilidades decente necessita de conjugar eventuais «períodos de nojo» com formas de os compensar e com aumentos remuneratórios ou os governos ficarão definitivamente reduzidos a elementos da terceira categoria (sim, há aqui um duplo sentido). A categoria onde muitas vezes são colocados Pedro Passos Coelho e António Costa, onde «vultos» como João Soares têm assento cativo, e onde também encaixam os principais líderes do Bloco de Esquerda.


publicado por José António Abreu às 15:35
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Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2016
Falhanço
As declarações do primeiro-ministro no sábado passado, amplamente glosadas na Internet (incluindo aqui), teriam levado Bloco de Esquerda e PCP a exigir a demissão do governo (e Pacheco Pereira a escrever uma crónica demolidora) se o primeiro-ministro ainda fosse Pedro Passos Coelho. Mas a hipocrisia da esquerda é secundária quando as declarações indiciam uma falta de respeito muito mais profunda do que a decorrente de simples - e, em condições normais, razoavelmente fácil de desculpar - ausência de tacto.

O plano dos economistas liderados por Mário Centeno com que António Costa se apresentou às eleições baseava o crescimento no consumo interno, trocando mesmo receitas públicas actuais por receitas futuras (a famosa descida da TSU). Era um plano arriscado, com tantas probabilidades de resultar neste mundo conturbado (e, acima de tudo, sobreendividado) como eu tenho de ainda hoje - e por esta ordem - conquistar o coração da Jessica Chastain e ganhar o euromilhões, mas pelo menos apresentava alguma coerência formal. Fazemos isto e isto e isto, de modo a obter este e este e este resultado, sendo que, em tese, havia compatibilidade entre o que se fazia e o que se esperava. Só que o plano foi estraçalhado, primeiro num sentido pelos parceiros da «geringonça», depois no outro pelos técnicos da Comissão Europeia, transformando-se numa manta de retalhos que não apenas dá às corporações o que tira à generalidade dos cidadãos e das empresas (já seria mau, por dificultar a recuperação) mas pura e simplesmente não bate certo.

A UTAO, o Conselho de Finanças Públicas, a Comissão Europeia, o FMI, o Eurogrupo, os bancos de investimento, as agências de notação e os mercados (é estranho que as taxas subam tanto: afinal, não tinham descido apenas por acção do mesmo BCE que continua a comprar paletes de dívida nacional?) sabem-no. O desconforto de Mário Centeno (claro opositor da implementação das 35 horas de trabalho na função pública no decorrer de 2016, já enredado em justificações entre o populismo e a absurdidade, agressivo em Lisboa, humilde em Bruxelas) ou de Trigo Pereira (que se força a escrever elogios ocos ao orçamento) mostra que até mesmo na área do governo há quem perceba que a situação pode descambar rapidamente. (Galamba, à altura do mestre Sócrates, permanecerá firme até muito depois do colapso.)

Mas António Costa (especialista em questões de poder) sabe que o seu futuro (o único que lhe interessa) depende do timing e das características da próxima crise. Isto fá-lo-á resistir durante tanto tempo quanto lhe for possível, tentando distorcer os acontecimentos, manobrar as expectativas e, acima de tudo, aguardando um golpe de sorte. De vez em quando, porém, não evitará declarações como as do sábado passado. Ao recomendar aos portugueses menos consumo depois de assentar todo o programa de governo em mais consumo, António Costa, consciente ou inconscientemente (talvez como quando chamou primeiro-ministro a Passos Coelho), admite o falhanço da sua estratégia. O resto é uma questão de tempo.



publicado por José António Abreu às 12:38
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Quarta-feira, 3 de Fevereiro de 2016
Detenha-se a vítima
Por um lado, é de toda a conveniência que de vez em quando um político (deputado ou ex-deputado, governante ou ex-governante) seja apanhado pelas burocracias e incongruências do sistema de Justiça nacional; afinal, terá ajudado a criá-las. Por outro, que alguém seja preso por não ter comparecido numa diligência onde seria informado do seu «estatuto de vítima» é algo que faria Kafka rir às gargalhadas.


publicado por José António Abreu às 18:03
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Terça-feira, 19 de Janeiro de 2016
Olá, Mariana; não, podes roçar o cotovelo à vontade

«É uma decisão que envergonha o Tribunal Constitucional, os deputados que a exigiram, que degrada a nossa democracia. Eu repudio esta decisão e não me conformarei com ela.»

«Envenenada, mesquinha, inconsistente, vergonhosa - a decisão do Tribunal Constitucional sobre as pensões dos titulares políticos.»

 

Durante os últimos anos manifestei desagrado por muitas decisões do Tribunal Constitucional, várias das quais relacionadas com «direitos adquiridos». Nessa linha, gostaria de o voltar a fazer a propósito da que garante subvenções vitalícias a governantes, deputados e - cof, cof - juízes do TC que tiveram a sorte de exercer os seus cargos antes de 2005. Mas estranho ver elementos do Bloco de Esquerda, para quem ainda há poucos meses a mais leve crítica à Constituição ou ao TC configurava um atentado à democracia, ao meu lado.


publicado por José António Abreu às 20:40
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Ora, o que é um salário mínimo de diferença?
Salário médio do sector privado: 1140 euros.
Salário médio do sector público: 1621 euros.

Pelo menos as 35 horas servirão para repor alguma justiça. Ah, espera...



publicado por José António Abreu às 14:47
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Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2016
Virgem (apesar da «geringonça»)
O deputado socialista (e, dizem alguns - eu tentarei evitar os insultos -, reputado economista) Paulo Trigo Pereira, co-autor do programa de estímulo ao consumo com que o PS se apresentou às eleições, escreveu um artigo para o Observador. Nele, após considerações de cariz político-filosófico, estranha a ânsia demonstrada por PCP e Bloco em repor a semana das 35 horas de trabalho na função pública. Pede contenção, alerta para as fragilidades da economia, faz questão de mencionar que sempre defendeu a «durabilidade» e a «estabilidade» das políticas. O termo mais adequado para descrever a minha reacção é - lamento - asco. Ou nojo. Ou náusea. Ou - tentemos alguma contenção; não quero mesmo tombar em insultos - repulsa. Este pessoal, equipado com cérebros putativamente brilhantes, surpreende-se afinal com o que qualquer humanóide provido de dois neurónios funcionais (e o segundo operando apenas como redundância) percebeu no momento em que António Costa abriu os braços (sim, «os braços»; a última coisa que desejo é insultar) a comunistas e bloquistas: estes não são prudentes nem se acham vinculados ao «programa do PS», sobre o qual estas alminhas ingénuas (trata-se de um termo carinhoso, não de um insulto) clamam haver-se fundado a «geringonça». Não perceberam, aliás, ainda outra coisa: António Costa estava inteiramente disponível para aceitar o que quer que fosse a troco da conquista do poder - e conserva idêntica disposição quando o objectivo é mantê-lo. Nada ingénuos (vêem? aqui não há insulto mas também não há carinho), comunistas, bloquistas e sindicalistas perceberam-no no primeiro instante. Repare-se no extraordinário momento de stand-up comedy protagonizado ontem por Ana Avoila, quando inquirida sobre o processo negocial em torno da tal questão das 35 horas: «O governo marcou a reunião para 28 e nós pedimos para ser 28 de manhã porque à tarde temos muito trabalho de preparação para a greve.» Que é como quem diz: «Vão-se fazer inserir um objecto rombo num tracto digestivo da vossa conveniência.» (Acredito que ela também não deseja insultar.) Avoila sabe ter a «geringonça» na mão e sabe ainda que qualquer homem (António Costa - e isto até enforma uma espécie de elogio - não será excepção) entra num particular estado de fragilidade quando alguém lhe agarra essa parte da anatomia.
 

No fundo, é um bocadinho como se Trigo Pereira, tendo ignorado avisos e mantido relações sexuais sem protecção num bordel tailandês (preferindo, pode escolher Cuba ou a Venezuela, que na Coreia do Norte não devem existir), estranhasse ter apanhado um esquentamento. Ou como se, três meses após o primeiro acto sexual consumado (não daqueles à Bill Clinton), desejasse recuperar a virgindade. Lamento mas das duas, uma: se percebeu finalmente o sarilho que António Costa arranjou ao enfiar a «geringonça» pelo tracto digestivo dos portugueses, que salte fora e então - ainda que heterossexual, sou sensível a covinhas no queixo - terá direito a um módico de apreço; caso contrário, mais vale o silêncio. Para as mulheres existem operações mas, num homem, a virgindade é irrecuperável. Especialmente depois de ter sido perdida com uma «geringonça» disforme.



publicado por José António Abreu às 12:04
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Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2016
Eternos cultores do curto prazo
Pedro Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque propunham-se economizar nos juros, antecipando pagamentos ao FMI. Como José Sócrates e Teixeira dos Santos em 2009 (relembre-se a delícia que constituiu a renegociação dos contratos das PPP), Costa e Centeno preferem assumir mais juros e adiar o pagamento das dívidas. A partir de 2018 (terá entretanto ocorrido nova crise económica? Permanecerão os mercados de dívida abertos para Portugal? Será comportável o custo de a eles aceder?) logo se verá como pagar. Sendo improvável que os cofres continuem cheios, pode sempre exigir-se um perdão.


publicado por José António Abreu às 11:47
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Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2016
Balanço provisório, antes de Costa cumprir as promessas e começar a reabrir tribunais
Percebo quase nada das minudências do sector da Justiça e espero bem assim poder continuar. Mas lembro-me dos ataques suscitados pela acção de Paula Teixeira da Cruz, muitos dos quais feitos por representantes importantes do próprio sector. Sendo certo que existiram falhas, comprova-se agora - de novo - que ataques desse género indiciam a realização de um bom trabalho.


publicado por José António Abreu às 17:40
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Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2015
Sinais

1. Não vou discutir questões de pedagogia. Os exames do quarto ano podem ou não fazer sentido. Mas a inexistência de qualquer análise prévia à decisão de os eliminar, bem como a não implementação de outro método para avaliar escolas e professores, faz com que a pedagogia seja pouco relevante. Muitos pais aplaudirão: é menos «stresse» para os filhos e hoje em dia o mais importante é as crianças não sentirem «stresse», em especial porque ele se reflecte nos pais. Quase todos os professores e directores de escola aplaudirão: é menos um elemento de avaliação do seu trabalho. O novo ministro da pasta... Ora, o que importa o que o novo ministro pensa quando os superiores interesses do Bloco e do PCP se levantam?

 

2. Em 2012, Vítor Gaspar implementou a Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso. O objectivo era forçar as entidades do sector público a pagar a horas. Desde então, a dívida global das autarquias reduziu-se para cerca de metade (1500 milhões de euros em vez de 3000 milhões) e o montante em dívida há mais de 90 dias caiu para menos de um quinto (300 milhões em vez de 1600 milhões). Agora, o recém-empossado secretário de Estado das Autarquias Locais (por extraordinária coincidência, ex-presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras) promete revê-la. Não se esperava outra coisa.

 

3. Ontem, no Parlamento, Costa respondeu às reservas de Jerónimo com a cristalina frase: «Aquilo que o PCP não está disponível para apoiar, é aquilo que nós não estamos disponíveis para propor». Já sabíamos que o programa do governo não é o mesmo que o PS levou às eleições onde foi derrotado. Já desconfiávamos que, mais do que uma obra do PS, será o que PCP e Bloco desejarem que seja. Ontem, Costa confirmou que as famosas «linhas vermelhas» são mesmo as do PCP.

 

4. Ainda ontem, ainda no Parlamento, o deputado do PSD Miguel Morgado citou um livro de Mário Centeno para ilustrar a contradição entre as ideias que este defendia para o mercado de trabalho e as ideias defendidas pelo governo que Centeno agora integra - e, com a sua pretensa imagem de seriedade, cauciona. A resposta do ministro foi a mais extraordinária de toda a sessão: «Não tente transpor conclusões de artigos científicos para a legislação nacional, porque se tentar fazer isso é um passo para o desastre.» Centeno admite pois ter andado a inventar e a defender modelos não passíveis de aplicação prática. Mais: estende esse carácter puramente teórico a qualquer conclusão de qualquer estudo científico. Seriedade? Não fosse a inconsciência, tê-la-ia pelo menos na assumpção da hipocrisia.


publicado por José António Abreu às 10:44
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Quinta-feira, 26 de Novembro de 2015
Treze gráficos

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Atente-se no gráfico sobre o investimento: até 2003, em Portugal investiu-se sempre mais do que na Irlanda - com muito piores resultados. Não interessa: há quem continue a ver o Estado como o principal dinamizador da economia. Repare-se também no gráfico sobre a despesa pública: após o disparo causado pelo salvamento dos bancos, a Irlanda centrou a correcção nos cortes de despesa e regressou a níveis inferiores a 40% do PIB. Portugal não atinge esse patamar desde a década de 1980; não atinge sequer um nível em torno dos 42% ou 43% - que já seria incrivelmente libertador para a economia - desde a de 1990. Não importa: há quem continue a defender que um Estado pesado não trava o desenvolvimento de uma economia débil. Veja-se o curioso gráfico acerca dos trabalhadores sindicalizados: com um modelo menos apoiado no sector público, a Irlanda consegue apresentar uma percentagem mais elevada. De somenos: o papel dos sindicatos é defender leis laborais rígidas e a manutenção de empresas deficitárias na esfera pública. Analise-se a taxa de mortalidade infantil (um dos justificados orgulhos de Portugal, que afinal a Troika não destruiu): parece que também pode ser garantida por um sistema de saúde em que o Estado chegou a despender anualmente menos 1,5% do PIB (conforme o gráfico sobre os gastos públicos com saúde). Que importa? Os números não dizem tudo; a saúde tem a ver com «pessoas». Mas, a propósito de pessoas, estude-se o gráfico sobre o coeficiente de Gini: com menos dinheiro público, a Irlanda criou uma sociedade mais igualitária (nota adicional: ao contrário do que afirmam muitas vozes, em Portugal não houve aumento da desigualdade com a chegada da Troika mas uma ligeira redução). Vergonhoso, fazer tal referência: o papel do Estado é apoiar quem precisa, sem olhar a custos. Notem-se ainda o saldo das contas públicas, o PIB per capita (indicador de produtividade e justificação de factores tão irrelevantes como o nível salarial), a taxa de desemprego, o nível da poupança (depauperado em Portugal e na Grécia pelo crédito barato e por estímulos públicos errados), o valor dos salários. Irrelevante, uma e outra vez: o modelo de desenvolvimento seguido em Portugal e na Grécia está correcto. Os problemas advêm do euro, da «austeridade» e da Alemanha.
 

Uma e outra vez, recusamos as evidências e cometemos os mesmos erros. Guterres sabia o que era necessário fazer mas desistiu antes de começar. Durão foi eleito prometendo fazê-lo mas fugiu quando isso se revelou difícil. Sócrates garantiu tudo e o seu oposto e só fez o oposto. Apenas Passos avançou realmente no sentido correcto. Timidamente. Com erros, constrangimentos (incluindo os gerados por facções dentro do PSD e CDS), adiamentos (fatais, num país de tamanha inércia). Enfrentando bloqueios constitucionais e níveis recordes de demagogia (por parte do PS, que levara o país à beira do abismo, mas também de inúmeras vozes com direito a tempo de antena). Obteve resultados ténues (tudo isto demora, exige paciência e capacidade de perseverança) mas encorajadores. Nos próximos meses, Costa e Centeno, agrilhoados às fantasias utópico-revolucionárias de Jerónimo, Catarina e Arménio, inverterão o ciclo. O sector público será novamente privilegiado à custa do privado. O investimento e o emprego (este muito em particular se a CGTP conseguir juntar o reforço da contratação colectiva e a limitação dos recibos verdes ao já programado aumento do salário mínimo) ressentir-se-ão. É verdade que, no imediato, haverá mais dinheiro disponível e tudo parecerá correr melhor. Depois, os problemas regressarão - mais graves, esgotada a acção do BCE e o capital de simpatia conseguido junto dos parceiros europeus, com os investidores cada vez menos predispostos a apostar num país que muda de ideias a cada governo e uma economia mundial que dificilmente escapará a uma crise (basta a FED subir as taxas de juro e os BRICs ressentir-se-ão).

 

Em Portugal - como na Grécia, como na maioria dos países da América Latina, como até em Itália e em França -, continua a acreditar-se que a riqueza é gerada através da despesa pública, da governação por decreto, da perseguição ao lucro. Acontece desta forma porque os cidadãos temem a mudança e porque dá jeito aos políticos que assim seja: um Estado leve, com menos a distribuir (empregos, contratos, obras, apoios), não liberta apenas a economia; liberta também os eleitores.

 

Treze gráficos. E podiam ser mais. Mas para quê? Em Portugal, poucos os querem ver, menos ainda os desejam perceber.



publicado por José António Abreu às 13:44
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Quarta-feira, 11 de Novembro de 2015
Estímulos

Devolver cortes para estimular o consumo, garantem. É provável que nisto tenham razão. Que estimule. Com péssimas consequências a prazo mas ignoremo-las por um instante e avaliemos a outra hipótese: a de que afinal não estimule assim tanto. Seria curioso ver os portugueses mostrarem-se cientes da fragilidade de um futuro construído por Costa, Catarina, Jerónimo e Arménio e optarem antes por reforçar poupanças - dentro e, quase certamente, fora dos bancos. Improvável? Admito que sim. Porque com essa mentalidade não seriam portugueses. Seriam alemães. Enfim, seriam talvez alemães; é difícil imaginar a Alemanha moderna a braços com um governo de convicções terceiro-mundistas.

 

(E a propósito: há pouco mais de 20 anos Portugal chegou a ter níveis de poupança ligeiramente superiores aos da Alemanha; em 2010, não atingiam 40%.)


publicado por José António Abreu às 21:22
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Sexta-feira, 30 de Outubro de 2015
A garantia de sobrevivência das clientelas

A mão dada ao PS também não é surpresa. Há quarenta anos que o PCP tenta arrastar o PS para uma “maioria de esquerda” (expressão inventada pelo PCP), e nunca como agora o PCP e o BE precisaram tanto do poder: o PCP, para conservar os seus sindicalistas, ameaçados pela concessão dos transportes públicos; e o BE para tentar fixar, com os recursos do Estado, uma base de apoio volátil.

[…]

Um governo do PS nas mãos do PCP e do BE agravará despesas e impostos até onde contribuintes e credores do Estado aguentarem, mas suspenderá as reformas no país. É essa a questão.

O problema português é que demasiada gente (empresas, corporações, classes profissionais, etc.) vive de “rendas”, isto é, de rendimentos que dependem unicamente do poder político. São estas as clientelas com que os oligarcas contam para exercer influência ou para ganhar eleições. O ajustamento de 2011-2014 abalou o sistema. Caíram grupos financeiros, o sindicalismo do sector público viu-se ameaçado, e a justiça expôs a promiscuidade político-empresarial. A eventual “maioria de esquerda” será, no fundo, o último e desesperado esforço de sobrevivência daquele regime que, antes da crise, era encarnado por Ricardo Salgado, a CGTP e José Sócrates. Para oxigenar o velho sistema, os oligarcas confiam no BCE, nos fundos estruturais e na máquina fiscal. E para impedirem reformas, confiam no PCP e no BE: em 1975, eles foram uma ameaça aos poderes então dominantes; agora, pelo contrário, são a sua garantia.

Rui Ramos, no Observador.


publicado por José António Abreu às 12:17
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Segunda-feira, 26 de Outubro de 2015
Rewind
«Se houver um problema, tem que se ajustar a meta do défice», diz um dos socialistas que tem acompanhado as negociações.

 

E subitamente, sem pelo menos rejuvenescermos meia dúzia de anos, regressámos a 2009. Com a diferença essencial para transformar a tragédia em farsa: na altura, o PS conduziu o país ao abismo a partir de uma vitória; hoje, fá-lo-á a partir de uma derrota.



publicado por José António Abreu às 18:35
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