como sobreviver submerso.
Segunda-feira, 19 de Janeiro de 2015
Da propriedade dos turistas
Mudei-me de Gaia para o Porto no ano passado. Não votei, pois, em Rui Moreira - mas tê-lo-ia feito se já residisse no Porto em 2013. Isso não me impede de considerar absurda, para além de infantil, a reacção de Moreira às declarações feitas por Adolfo Mesquita Nunes, o secretário de Estado do Turismo, ao Jornal 2 da RTP da passada quinta-feira. Mesquita Nunes disse não apenas o que devia dizer mas o que qualquer portuense com dois dedos de testa sabe: o turismo no Porto cresceu em resultado de uma conjugação de factores, entre os quais se destacam a captação de voos de companhias
low-cost para o aeroporto Francisco Sá Carneiro, a estratégia de promoção assente nos meios digitais e na publicação de artigos em revistas e jornais estrangeiros (em vez de em «eventos») e os investimentos privados na cidade, que a dinamizaram muito para além do que as «forças intelectuais» sedentas de subsídios públicos que se opuseram constantemente à acção de Rui Rio alguma vez conseguiram. Aparentemente, Moreira queria mais. Queria (como parece ficar óbvio pela colecção de imagens que afixou na sua
página do Facebook) uma palavra de reconhecimento a quem é presidente da autarquia há pouco mais de um ano. Queria palavras bonitas sobre a capacidade de iniciativa dos portuenses (que existiram) mas não palavras realistas sobre outros factores (é evidente que a Ryanair desempenhou um papel crucial). Esta incapacidade para analisar fria e racionalmente os assuntos, prescindindo de vaidadezinhas que seriam estéreis se não fossem afinal prejudiciais, é um dos grandes problemas dos políticos portugueses (e não só deles; trata-se de uma característica bastante disseminada). Lamento que Moreira se esteja a deixar cair em reacções tão básicas, injustas e improdutivas. Até porque, não tendo tido oportunidade de votar nele em 2013, gostaria de poder fazê-lo no futuro.
P. S.: Não consegui encontrar o vídeo completo da entrevista. O excerto a que se pode aceder na página do Facebook de Rui Moreira é tão representativo como um quadradinho retirado bem do centro da bandeira portuguesa é representativo das cores que a compõem.
Terça-feira, 23 de Julho de 2013
Promessas de campanha numa autarquia sobreendividada
Só vejo duas hipóteses: ou é mentira ou irresponsabilidade.
Entretanto, na outra margem do rio, o responsável pelo sobreendividamento de Gaia esqueceu-se de colocar o símbolo do PSD nos cartazes de campanha mas promete
heliportos,
cortar o trânsito em parte da rotunda da Boavista e, numa tentativa de agradar aos abrunhosas do burgo, órfãos de carinho e fundos públicos há doze anos, centros de artes, fazer de Wim Wenders o embaixador do vinho do Porto e forçar a Academia de Hollywood a atribuir o Óscar honorário a Manoel de Oliveira.
Diz o candidato: «É no centro-esquerda que se ganha a maioria absoluta e é para aí que aponta o nosso objectivo.» Julgando pela história recente do país, o centro-esquerda é bem capaz de lhe dar a vitória.
Sábado, 22 de Junho de 2013
Meio século
A Ponte da Arrábida faz hoje 50 anos.
(Foto discretamente roubada aqui.)
Quinta-feira, 13 de Setembro de 2012
A troca
Revelando uma intenção que poucas pessoas no país desconfiavam que tivesse, Luís Filipe Menezes
anunciou a candidatura à presidência da Câmara Municipal do Porto. Acho bem. Com as contas equilibradas, o Porto necessita do brilhantismo de Menezes no aumento do endividamento. Como, de resto, a Gaia, com as contas de rastos, faria bem o brilhantismo de Rio na diminuição do mesmo. Não será possível convencê-los a irem trocando de câmara um com o outro?
Quinta-feira, 5 de Abril de 2012
Duas horas
Hoje, às 15 horas.
Hoje, às 17 horas.
Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012
Aproveitando a circunstância de haver um novo filme dos Marretas...
Piiiiiiiiigs in Poorto!
(I kill myself.)
Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2012
Hoje de manhã, de cima de uma ponte
A ponte que se via através da janela suja de ontem.
Segunda-feira, 1 de Novembro de 2010
Piada estúpida com sotaque
Por que é que as pessoas no Porto resistem melhor às doenças do que no resto do país? Porque, no Porto, os bacilos bacilam.
Sábado, 27 de Março de 2010
Entretanto, na Ribeira...
Quarta-feira, 3 de Março de 2010
Era assim
Ernestina, de J. Rentes de Carvalho, é a história dos avós, dos pais, e do próprio Rentes de Carvalho até ao momento em que, com quinze anos de idade e por acção de uma segunda Ernestina (a primeira é a mãe), se tornou, no sentido carnal da expressão, um homem. É um livro de memórias que se lê exactamente como um livro de ficção. Talvez alguns acontecimentos até tenham sido moldados às conveniências da narrativa. Ou não. Não sei e não importa. De resto, interessam menos os acontecimentos individuais (por fortes que alguns sejam) do que o efeito de conjunto, de recriação de uma época, que se obtém ao ler o livro.
A acção decorre entre Estevais (perto de Torre de Moncorvo), a terra de origem da família, e Vila Nova de Gaia, onde Rentes de Carvalho nasceu e cresceu. O isolamento, a dureza e a pobreza de Estevais fazem com que esteja sempre presente no espírito dos seus habitantes o desejo de uma vida melhor – se não para eles próprios, ao menos para filhos e sobrinhos. Porque em Estevais «morriam da malária e da cólera, do tifo, da tuberculose, do antraz, do vómito-negro, mas também do desejo e do isolamento. Levavam-se os doentes a cavalo ou de liteira para Moncorvo, viagem dum dia inteiro por maus caminhos e, chegados lá, o único médico ou não estava ou dizia-lhes para esperar. (...) No Verão, porque a pouca água se tornava salobra, havia mais doenças e sobretudo os pequenitos morriam como passarinhos: levava-os o sarampo, as «bexigas», a soltura; acontecia fenecerem dum momento para o outro e dizia-se então que era um bem, uma caridade de Deus que os chamara a si para lhes poupar o sofrimento de viver» (pág. 36).
Eu lia e não conseguia deixar de pensar nas fotografias de Trás-os-Montes de
George Dussaud. Cheguei a retirar o
livro da estante e a folheá-lo. A maioria foi tirada na década de oitenta do século passado. Há cerca de trinta anos, portanto. Os acontecimentos descritos em
Ernestina são bastante mais antigos: vão do início do século XX ao Verão de 1945. Mas as fotos de Dussaud e as palavras de Rentes de Carvalho combinam excepcionalmente bem. A Natureza é agreste numas como nas outras e as condições de vida não lhes ficam atrás. Por seu turno, os humanos são rudes mas voluntariosos, com uma tenacidade que tanto consegue gerar admiração como desconforto (e, muitas vezes, ambas as sensações em simultâneo).
E depois há Porto e Gaia, cidades onde o rio mantém um intenso movimento de barcos, onde as cheias inundam ruas e forçam deslocações em bote, onde no tabuleiro de cima da Ponte Luís I «era o vaivém de eléctricos amarelos, camionetas de carreira, camiões, automóveis, grupos de gente» enquanto «sem eléctricos e com curvas apertadas a cada extremo, a ponte de baixo era mais sossegada, com o seu trânsito de carrejões, vareiras, leiteiras e padeiras, carvoeiros, carros de bois. De longe a longe, um camião com pipas, um táxi com pressa, mas buzinar não adiantava, porque quem ia pesado de carregos caminhava pelo meio do tabuleiro, sem ceder um palmo» (pág. 136). Douro, Faina Fluvial e Aniki Bobó, de Manoel de Oliveira, vêm à mente nos capítulos passados em ambiente citadino.
A ligação entre os dois mundos faz-se por um lento comboio a vapor, que se apanha de madrugada na Estação de S. Bento e chega a ter de parar dentro do túnel mais longo do percurso para recuperar fôlego, deixando os passageiros à beira da asfixia e de um ataque de pânico. Vai a abarrotar de gente carregada de presentes para toda a família e de farnéis para o caminho, porque a viagem dura quase todo o dia e o restaurante da Régua é demasiado caro para a maioria. O resto do percurso até Estevais realiza-se em cima ou ao lado de burros, por montes e vales onde «crescia a hortelã, a macela, o manjericão, e os seus olores, misturados com o sem-número de perfumes dos pomares e do mato, entonteciam as abelhas que revoavam à nossa volta» (pág. 226). O capítulo descrevendo a viagem é um dos vários no limiar do prodígio.
Como já deve ter ficado claro nos excertos acima, a escrita de Rentes de Carvalho é indiferente a modas e tendências e, à imagem das personagens e das situações que descreve, até ligeiramente anacrónica para os tempos que correm. (Mas não mais do que ligeiramente, como as fotografias de Dussaud mostram bem.) É uma escrita delicada, evocativa, sem pejo de utilizar construções («às mãos ambas», por exemplo) e termos caídos em desuso (em alguns casos, porque a actividade que descrevem já não existe).
Ernestina é um grupo de personagens reais (porque existiram mas também porque bem delineadas), que exigem do leitor mais do que a posição simplista de aceitação ou rejeição. É um conjunto de eventos hilariantes (a tentativa de construção do carro com motor a jacto; os esforços para curar um eczema, que incluem receitas incríveis de bruxas e curandeiros, e um mergulho nas águas geladas do Douro), tristes (morre-se e adoece-se muito), ou apenas tocantes. É, acima de tudo, um livro com uma capacidade de evocação e de criação de ambientes absolutamente excepcional.
Ernestina, de J. Rentes de Carvalho.
Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2009
Fotos recolhidas pelas ruas: 23
Foz do Douro, há um par de horas. As condições já eram divertidas há cerca de duas semanas mas hoje o mar parecia exultar com o início do Inverno.
Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009
Cães e gatos pela cidade: 2
Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2009
Imagens recolhidas pelas ruas: 22
Foz do Douro, ontem à tarde.
Domingo, 29 de Novembro de 2009
Imagens recolhidas pelas ruas: 21
Sexta-feira, 2 de Outubro de 2009
Há exactamente um ano; 09h 09m 11s
Há exactamente um ano; 08h 38m 38s
Há exactamente um ano; 08h 23m 58s
Há exactamente um ano; 08h 16m 46s
Há exactamente um ano; 07h 59m 31s
Sábado, 26 de Setembro de 2009
Com o Douro por cenário: 6
Reflectindo.
Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009
Com o Douro por cenário: 4
Quinta-feira, 10 de Setembro de 2009
Palácio de Cristal - petição para referendo local
O Movimento de Defesa dos Jardins do Palácio de Cristal tem a correr uma petição para exigir um referendo local sobre o polémico projecto de requalificação. Não a posso assinar por estar recenseado em Gaia. Os portuenses podem fazê-lo aqui (ou na rua de Santa Catarina nos dias e horas indicados no link).
Quarta-feira, 2 de Setembro de 2009
Com o Douro por cenário: 3
Quinta-feira, 27 de Agosto de 2009
Imagens recolhidas pelas ruas: 14
Porto, junto aos Pilares da Ponte Pênsil.
Quarta-feira, 12 de Agosto de 2009
Com o Douro por cenário: 1
Para evitaracusaçõesde não cumprir promessas, vou tentar que o Douro esteja sempre à vista. Mas parece-me que, nesta foto, poucas pessoas – pelo menos, poucos homens – repararão nele.
Terça-feira, 11 de Agosto de 2009
Imagens recolhidas pelas ruas: 12
Desta vez não terá sido recolhida na rua. Antes da porta da rua. O "depósito das velas" situado junto à Torre dos Clérigos está fechado há muitos meses. Costumava ser assim.
Segunda-feira, 10 de Agosto de 2009
Eu é que sou o presidente da junta
Duas facções de aspirantes a candidatos pelo PS à junta de Freguesia da Sé, no Porto, andaram à pancada. Como seria de esperar, todos dizem que foram elementos da outra facção a começar. Nestas coisas (como, se calhar, noutras) tenho uma opinião muito pouco politicamente correcta: só se perderam as que acertaram ao lado.
Ninguém verdadeiramente se surpreende com estas coisas. João Gonçalves, por exemplo, admite, com algum conhecimento de causa, que comportamentos deste tipo são frequentes. Tenho pena de que não sejam ainda mais frequentes. E, acima de tudo, mais noticiados. Talvez assim se começasse a pensar seriamente em reduzir o número de juntas de freguesia. Mas provavelmente não. Os portugueses parecem gostar de energúmenos. Com ou sem gravata.
Terça-feira, 4 de Agosto de 2009
Imagens recolhidas pelas ruas: 11
Terça-feira, 28 de Julho de 2009
A "requalificação" do Palácio de Cristal: 3
Na sequência dos posts anteriores sobre o assunto, chamo a atenção para o blogue Defesa dos Jardins do Palácio, do movimento com o mesmo nome.
Quarta-feira, 22 de Julho de 2009
Parque pago
Considero o parque da cidade do Porto um pequeno milagre. Escrevi-o aqui. Quando saiu da Câmara, Nuno Cardoso legou a Rui Rio uma situação armadilhada. Por um lado, Rio encontrou direitos de construção numa das frentes do parque cedidos a privados. (A cedência foi assinada por Cardoso nos últimos dias do mandato, o que levanta a eterna questão "onde é que já vimos este filme?") Por outro, Rio prometera durante a campanha não deixar construir no parque. Cumpriu a promessa e, em troca, obteve uma longuíssima batalha jurídica, com custos ainda não totalmente contabilizados. Hoje, Elisa Ferreira atacou-o pela opção feita. Na minha opinião, é um erro e um acto de descaramento. Os portuenses sabem que quem criou a situação foi o PS de Elisa (e deixemo-nos dos eufemismos da "independência" da candidatura; uma senhora que se fez eleger para o Parlamento Europeu e é candidata à presidência da segunda mais importante Câmara do país, sempre pelo mesmo partido e com tanta gente possuidora de cartão de mão estendida, é do menos independente que pode haver). Sabem também que Rio pode ter um estilo rebarbativo que nem sempre o leva aos melhores resultados da forma mais rápida possível mas é honesto e está a procurar cumprir a palavra. Mais importante, visitam o parque da cidade e percebem que defendê-lo é um dever colectivo. Mesmo que algumas críticas de Elisa possam ser, pelo menos em parte, verdadeiras, tudo empalidece perante estes factos. E afinal, que solução preconiza Elisa? Permitir a construção? Que o afirme claramente. Deve assegurar pelo menos os votos dos promotores imobiliários e dos construtores civis.