Raios, sou excessivamente honesto para encenações destas. Estão sentados? Pois bem, confesso: o que escrevi no post anterior é mentira. Parcialmente mentira, pelo menos. Aliás, com excepção dos que forçam à troca de ecrãs LCD, os pixeis invisíveis são ainda um mito, existindo somente em laboratórios públicos de investigação (Sócrates garante que eles salvarão a indústria nacional, permitindo à JP Sá Couto bater hp, Toshiba, Sony e Samsung em meia dúzia de anos). Escrevi realmente os tais posts fantásticos mas não os publiquei. Publiquei apenas os três que estão aqui para baixo, todos hoje de manhã mas com datas anteriores, com texto em cores parecidas com ou iguais ao fundo do blogue, só para fazer de conta. O que se passa é que os verdadeiros, os que realmente escrevi durante a semana passada, eram demasiado bons para este blogue – e para mim. Estupefacto com a sua qualidade, assustado por nunca mais ir estar à altura deles e avesso a defraudar expectativas, fiz o que se impunha: apaguei-os. Quanto aos posts parvos e banais, típicos d'O Escafandro, esses, como é notório, já recomeçaram.
Escusam de passar aqui a setinha do rato porque neste espaço não há mesmo nada de interesse.
Obviamente, não se encontra neste blogue.
considerando que as duas estrelas não são cadentes
quar ta e nove raiz quadrada da som
plicando a fórmula resolvente
constante de Planck
cípio de incerteza de Heisenberg
e então, eureka, cheg ao indiscutível resu ado de
Olá, dez nas de mil ões de euros!
Não há.
Aceitar o vazio.
Comer pastéis de nata.
Porque a morte teria dado outro sentido à série de posts da última semana e meia (estou desiludido por estar vivo? Hmmmm, não diria tanto mas assim isto ficou uma espécie de coitus interruptus), eu tinha escrito mais dois. Estes:
Título: Agora é a Sério
Data e hora: 15 de Junho de 2010, 7:51
Texto: Estou mesmo morto.
Título: Ahem
Data e hora: 25 de Julho de 2010, 17:52
Texto: Olá.
A comoção jornalística teria sido fantástica: «Morto continua a escrever em blogue»; «Mensagens do além»; «Polícia suspeita que queda de avião foi provocada por blogger desejoso de fama póstuma». Era ou não uma ideia de génio? (Não precisam de responder.) Ainda pensei em deixar um post programado para surgir muito mais tarde, talvez por volta de 2050, mas acabei por considerar que seria demasiada presunção esperar que alguém continuasse à espera de uma mensagem nessa altura. De resto, duvido que existam blogues daqui a quarenta anos. Ou o Sapo. Ou, pela forma como as coisas vão, a PT.
É suficiente para provar que agora sou mesmo eu, ao vivo (kind of), e a cores? (Se não vir cores, por favor regule o seu monitor). Ou deverei referir algo que só eu – e não aquela criatura atormentada e ridícula que aqui ficou – possa saber? Estive na Suiça. (Desiludiu-me que ninguém tivesse apanhado a pista alpina das vacas roxas – sou demasiado subtil, é o que é.) Entre outras coisas que talvez um dia vos conte, gastei uma fortuna para trepar por dentro do Eiger num comboio de cremalheira até Jungfraujoch, apenas para ver neve a cair contra um belíssimo fundo de nevoeiro cerrado (mas a temperatura eram uns amenos 2,2 ºC negativos). Apesar de ter andado mais de carro, consegui perceber que os suíços têm uma excelente rede ferroviária, com linhas malucas – mas presumo que rentáveis – dando acesso aos sítios mais estranhos. E menciono os comboios porque assisti ontem à noite, quase contrariado, ao noticiário televisivo da TV portuguesa, onde vi Sócrates tentando impingir aos marroquinos tecnologia do TGV que ainda não temos. Percebi então que, mesmo não entendendo uma palavra de alemão (bom, não é inteiramente verdade: sei o que significa Bayerische Motoren Werke), os noticiários em Zurique faziam muito mais sentido do que os que se vêem por cá.
Sim, é quase Verão.
Isto tem de acabar, mas qualquer fim é igualmente adequado e inadequado.
E, se estivesse, como iam vocês (está aí alguém?) dar pela diferença? Quem vos garante que não estou aqui (onde é aqui?), vivo e a gargalhar?
Era uma tentativa de humor. Continuo a não estar cá.
Mas o que se passa aqui?
Adeus.
Espero que tenham recuperado a caixa negra. E a minha máquina fotográfica. Ter-me-ei lembrado de ir tirando fotografias enquanto o avião caía?
Terá sido por causa da nuvem do vulcão?
Já devia ter regressado. Não restam dúvidas: estou mesmo morto.
Eu nem sequer publico posts àquela hora.
Não sou eu.
Não. Perderam-me outra vez.
Estou de volta.
Invoquem-me.
Para quê? Alguém sentirá verdadeiramente a minha falta? A vida é transitória, quanto mais a blogosfera...
Por outro lado, se estiver mesmo morto, estes posts podem tornar-me famoso.
Se o país tiver entrado na bancarrota ninguém terá pachorra para estes posts. Vão preferir que eu esteja morto.
Se eu estiver morto, creio ter todo o direito a também poder dizer que o mundo mudou na última semana.
Tantos dias sem falar mal do Sócrates – tenho de estar morto.
Vejo vacas roxas.
Sim, estou aqui. O tempo está bom.
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