como sobreviver submerso.

Segunda-feira, 28 de Novembro de 2016
França e o futuro da UE
A nomeação de François Fillon como candidato do centro-direita às eleições presidenciais francesas abre perspectivas interessantes. Se, como tudo parece indicar, for ele a defrontar Marine Le Pen na segunda volta, não apenas a eleição de Le Pen ficará quase impossível (por muito que a faceta social-conservadora de Fillon desagrade à esquerda «progressista», ele constituirá sempre um mal menor) como, qualquer que seja o vencedor, ficam garantidas mudanças fundamentais na política francesa – e, por arrasto, na europeia. É sabido que uma vitória de Le Pen conduziria a França para fora do euro e da UE, provocando o colapso desta. Mas uma vitória de Fillon garantirá uma alteração fundamental no balanço de forças entre os países que defendem e aplicam reformas estruturais e os países que, na prática, se lhe opõem. Fillon defende cortes no Estado e uma economia baseada na iniciativa privada e nas exportações. Num país como França, não é líquido que consiga fazer tudo o que pretende. No mínimo, enfrentará enorme contestação dos grupos que se alimentam do Estado. Mas terá o peso da estagnação francesa a seu favor (muita gente sabe que algo tem de ser feito) e uma legitimidade dupla: a conferida pela eleições e a decorrente da clareza, verdadeiramente admirável, com que tem exposto as suas ideias. Ora uma França reformista (honestamente, parece um oxímoro) estará muito mais alinhada com a Alemanha e tornará a União Europeia muito menos condescendente para com países que preferem ir arrastando os pés. Convinha que estes se preparassem – para qualquer dos cenários.


publicado por José António Abreu às 12:39
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Sexta-feira, 12 de Agosto de 2016
A esquerda dos direitos
Portugal arde. O ministro do Ambiente afirma que os valores de área ardida são inferiores aos de 2015. Portugal continua a arder. O primeiro-ministro manda dizer que interromperá as férias para se deslocar à Protecção Civil. Portugal arde cada vez mais. O governo parece sair finalmente do estupor veranil. O Funchal arde. O primeiro-ministro promete enviar 30 elementos para ajudar no combate às chamas, entre bombeiros, polícias e elementos da protecção civil. Depois aumenta a oferta para 110. Ainda assim, Portugal continua a arder. Várias pessoas morrem. O governo pede ajuda aos parceiros europeus. Espanha envia dois aviões. A ministra da Administração Interna mostra-se insatisfeita com a resposta europeia ao pedido de ajuda. O primeiro-ministro diz que a União Europeia tem que ter noção de que é necessário um reforço de meios. Um representante da União Europeia lembra que os meios são limitados, pertencem aos países-membros e que vários destes também enfrentam incêndios (França, por exemplo) ou encontram-se em situação de risco elevado. Entretanto, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista vão discretamente exprimindo preocupação e - pasme-se - impotência.

A «geringonça» transformou Portugal num dos paradigmas da esquerda actual. Só existem direitos. O direito a receber ajuda imediata e sem condições (seja ela financeira ou material); o direito a violar as regras; o direito a manter políticas que os parceiros europeus consideram erradas; o direito a fazer o que, soberanamente, muito bem se entender. Para os outros, ficam os deveres.



publicado por José António Abreu às 10:39
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Terça-feira, 2 de Agosto de 2016
A festa do caminho para a pobreza

Hoje elegemos aqueles que prometem gastar mais e prometem conseguir da UE a autorização para nos tornar mais pobres. O facto do senhor alemão nos emprestar dinheiro para gastarmos mais no Estado, não nos faz mais ricos, faz-nos mais pobres. Mesmo que parte desse dinheiro que pedimos emprestado para pagar o Estado nos venha a beneficiar, vamos ficar a dever a totalidade desse dinheiro. Na verdade, só parte do dinheiro que gastamos no Estado beneficia o país e, no entanto, o país assume a totalidade da dívida. Tal como no passado o escudo desvalorizava nas nossas carteiras, hoje os euros que temos vão desaparecendo porque ganhamos alguns, mas ficamos a dever muitos.

(...)

Mas se estarmos no euro e não termos moeda própria criou este efeito de pedirmos aos nossos políticos para que nos tornem mais pobres e ataquemos os comissários europeus que tentam impedi-lo, há um efeito que, não sendo positivo, é esperançoso para os nossos filhos. Esse efeito é que a dívida que está sobre a cabeça dos nossos filhos, resolve-se em 30 anos, mas também se resolve em 250 km. Como os filhos de milhares de pessoas neste país que deixaram de ter este problema porque foram trabalhar para outras zonas desta economia que vai de Lisboa até Vilnius. Aos poucos, Portugal vai desaparecendo da frente do Estado português. A maioria já nem vai votar porque, na verdade, é irrelevante para as suas vidas. E muitos começaram já a usar o facto de serem europeus para mandarem Portugal para trás das costas. Este povo que faz força por ser pobre, felizmente tem filhos que recusam sê-lo. Se é verdade que vamos empobrecendo porque vamos criando uma dívida ao mesmo tempo que trabalhamos e isso não nos afeta no imediato, para quem está a começar a vida isso funciona como um tampão, porque uma sociedade que vive para pagar impostos, não tem empregos. A nossa recusa em aceitar os conselhos da comissão europeia, leva-nos aquilo que de mais importante temos: o futuro.

Por isso estamos mais pobres a cada dia que passa e é por isso que os senhores da comissão insistem connosco. E não estamos mais pobres por azar, estamos porque merecemos e escolhemos. O mesmo ministro das Finanças alemão disse há umas semanas que a sua maior preocupação era Portugal. E isso é bom, que ele se preocupe connosco. O mau, é nós não nos preocuparmos nada e continuemos a fazer festas porque vamos para mais pobres. O lado positivo da coisa é que pode ser que os nossos filhos venham visitar os pais cá na terra. Talvez por altura das festas…

João Pires da Cruz, no Observador.


publicado por José António Abreu às 18:18
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Quarta-feira, 27 de Julho de 2016
Não há sanções

Não há desculpas.



publicado por José António Abreu às 20:49
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Quarta-feira, 6 de Julho de 2016
The three desistentes
Dave "Não Sejas um Desistente", tendo sonhado o referendo como uma fantástica ideia para vencer umas eleições sem consequências a longo prazo, foi o primeiro a anunciar ter decidido que desistir não era afinal vergonhoso ou pouco britânico e até à vista. Boris Johnson, que conseguiu mudar a paisagem política em nome de uma campanha que lhe poderia beneficiar a carreira mas em que parecia não acreditar verdadeiramente, ficou tão devastado por o jogo ter dado certo que resolveu também não ser o homem certo para liderar o país.
Agora Nigel Farage, um homem cuja carreira política inteira consistiu em empurrar o Reino Unido para a independência, preferiria não fazer mais declarações públicas sobre o Brexit, muitóbrigado.
No fim de contas, ele apenas apoiou a ideia da independência. Por que deveria manter-se por perto e sujar as mãos com questões práticas? Trata-se do Partido para a Independência do Reino Unido, não do Partido para o que o Reino Unido Deve Fazer Depois da independência!

Holly Baxter, jornal Independent (a acumulação de ironias...). Tradução minha.

 

 

Nota: O título é uma espécie de homenagem a um filme de John Landis sobre três indivíduos um bocado pantomineiros.


publicado por José António Abreu às 10:19
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Terça-feira, 5 de Julho de 2016
Das eventuais sanções a Portugal
Considerando as estimulantes e mui coerentes políticas implementadas, a recusa maníaco-patriótica em - apesar de já nem Centeno acreditar nas próprias previsões - ouvir os alertas da Comissão Europeia, do Eurogrupo, do BCE, do FMI, da OCDE, do Conselho das Finanças Públicas, da UTAO e do Banco de Portugal (um tipo até fica sem fôlego...), e ainda as variadas e folclóricas encenações de ultraje prévio, que incluíram animosas resoluções parlamentares, é apenas justo reconhecer: com a inestimável ajuda de Catarina Martins, inventora de última hora da oh-tão-intimidante proposta de um referendo, o governo fez tudo o que podia para que elas sejam aplicadas.


publicado por José António Abreu às 09:39
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Segunda-feira, 4 de Julho de 2016
O passado glorioso e a UE como bode expiatório
Nem sempre foi assim. Apenas há 40 anos, a Grã-Bretanha era uma confusão. Enquanto adolescente, lembro-me de fazer os trabalhos de casa à luz da vela, durante os cortes de energia de 1972, da semana de 3 dias, das greves ininterruptas e da sensação generalizada de que a Grã-Bretanha era ingovernável. Era um país gasto e sujo; quando a minha mãe colocava roupa a secar em Peterborough, a fuligem das chaminés de tijolo sujava-a novamente. Havia racismo generalizado; "Paki-bashing" era um dos desportos favoritos dos rapazes. No final dos anos 70, mais pessoas estavam a sair da Grã-Bretanha do que a imigrar; a população de Londres caiu um quarto entre 1939 e o início da década de 1990.

Buttonwood, Another country, not my own. The Economist. (Tradução minha.)

 

O tempo causa distorções da memória. É um mecanismo de defesa compreensível: à medida que o futuro nos fica mais curto e as perspectivas de atingir tudo aquilo com que sonhámos diminuem, embelezamos o passado - algum momento tem que ter valido a pena. A Grã-Bretanha dos anos 70 (década de entrada na então CEE) era muito mais pobre e incomensuravelmente menos cosmopolita do que a Grã-Bretanha de hoje, não obstante as manifestações de xenofobia que vão chegando. E o mesmo se passa com Portugal: um atavismo antes de 1974 (*), uma barafunda depois dela, com duas bancarrotas em meia dúzia de anos, estradas estreitas e esburacadas, serviços públicos do século XIX e um nível indigente de protecção social. E, todavia, como na Grã-Bretanha («Reino Unido» ganhou subitamente uma conotação irónica), como em muitos outros países europeus, há quem acuse a União Europeia de contribuir para o empobrecimento da população; de originar problemas que, no essencial, têm quatro origens distintas: políticas internas erradas (que, por cá, a «geringonça» prossegue), a crise financeira de 2008, a evolução demográfica e a globalização. Faz sentido criticar a UE por ter reagido mal à crise financeira. Faz sentido criticá-la por não abraçar o proteccionismo em relação a outros blocos, se verdadeiramente se acredita que fazê-lo diminuiria os nossos problemas (pouca gente acreditará que, a nível global, o resultado fosse positivo). Não faz sentido lançar um olhar romântico sobre o passado e sustentar que a UE levou à degradação dos níveis de vida. Em países como a Grã-Bretanha, o mercado único trouxe benefícios enormes, ainda que eventualmente mal distribuídos pela população (mas esse era um problema da competência do governo britânico). Em países como Portugal, os níveis de vida quase só subiram por causa dos fundos comunitários e das taxas de juro a que a Zona Euro nos permitiu aceder. (E não, o euro não constitui o problema: a Venezuela está no limiar da bancarrota, apesar de ter moeda própria, e nós falimos duas vezes antes de o adoptar.) E também não faz sentido atacar a UE pelo facto de as suas instituições tentarem impor as regras que todos os países-membros aceitaram livremente e nas quais assenta o modelo que permitiu às suas nações mais ricas atingirem essa condição - o modelo que estabelece o equilíbrio orçamental e a competitividade do sector privado como base para o aumento da despesa pública. O que a «geringonça» vem fazendo em Portugal (e outros movimentos populistas defendem, em Espanha, na Grécia, em França, na Itália) não passa de uma tentativa para criar ilusões e alijar responsabilidades, de forma a manter (ou alcançar) o poder, que potencia fenómenos de rejeição de solidariedade nos países do Norte (o sentido de voto dos britânicos também expressou a recusa em ser contribuinte líquido da UE) e, pior ainda, forçará os portugueses (como forçou os gregos) a suportar mais um duro capítulo no ciclo aparentemente infindável em que períodos de estímulos errados, aos quais a economia reage cada vez menos, são seguidos por fases de correcção assentes em medidas cada vez mais duras. Pode bem acontecer que, mais tarde ou mais cedo, tudo isto leve à efectiva desagregação da União Europeia. E então cada país voltará a ter de viver com os próprios recursos. Estamos preparados para isso? (Ironia e paradoxo: estaremos tão melhor preparados quanto melhor seguirmos a estratégia da UE e, por conseguinte, quanto menor for o risco de saída.) Achamos mesmo que será melhor? Quando é que foi?

 

 

(*) Onde, apesar de tudo - e este tudo inclui uma guerra colonial -, o equilíbrio das contas públicas levou a alguma aproximação do nível de rendimento médio europeu.



publicado por José António Abreu às 08:20
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Sábado, 25 de Junho de 2016
O crédito devido a Nigel Farage

Votou pela extinção do seu próprio posto de trabalho.



publicado por José António Abreu às 08:40
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Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2015
A aposta estúpida do PS e a aposta natural do BE
O desvelo dos socialistas nacionais para com a vitória do Syriza não configura apenas oportunismo mas também um erro monumental. Se a Grécia entrar em colapso ou tiver que recuar nas políticas anti-austeridade, nem os favores de que continua a gozar na comunicação social serão suficientes para disfarçar a perda de credibilidade de António Costa. (Ironia assinalável: a fuga de capitais dos bancos gregos mostra que existe por lá bastante gente menos crédula do que os socialistas portugueses.) Mas se o governo de Tsipras conseguir forçar uma mudança de rumo na União Europeia, então o PS tornar-se-á irrelevante porque outro partido apresenta uma relação com o Syriza e com as políticas que este defende muito mais antiga, forte e credível - e, ainda por cima, não está sobrecarregado com o peso da governação Sócrates nem com a imagem de abuso do poder para negócios pouco claros que hoje persegue os partidos do «arco governativo». O Bloco de Esquerda pode encontrar-se em processo de implosão mas, se o Syriza levar a Grécia a atingir aquilo a que Rui Ramos chama, muito adequadamente, «essa coisa curiosa: uma “independência” que depende inteiramente do dinheiro dos outros», até eu ponderarei seriamente votar nele.


publicado por José António Abreu às 11:16
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Sexta-feira, 19 de Julho de 2013
Detroit
Como sabemos, os problemas da periferia europeia devem-se exclusivamente à inexistência de uma verdadeira união política e financeira.

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publicado por José António Abreu às 10:17
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Segunda-feira, 25 de Março de 2013
Chipre, take 2

A proposta actual:

The country’s second-biggest bank, Laiki, would be wound down. Viable assets and insured deposits would be put into a “good bank”. Another €4.2 billion worth of uninsured deposits would be placed into a “bad bank”, to be disposed of, with no certainty that big depositors will get any money back.

The treatment of the biggest bank, Bank of Cyprus, was a bit less harsh. It is to be restructured severely by wiping out shareholders and bailing in bondholders, both junior and senior. Uninsured depositors would probably incur haircuts of the order of 35%, said senior sources involved in the negotiation. The “good bank” emerging from Laiki would be merged with Bank of Cyprus.

 

Dos erros da semana passada:

After the upheavals of the past week, and months of earlier negotiations, the euro zone has ended up with a deal that is similar to the solution first proposed by the IMF, which was backed by Germany but rejected by Cyprus (and to some extent by the European Commission). The IMF had suggested winding down both Laiki and Bank of Cyprus and splitting them into good and bad banks. Now Mr Anastasiades has salvaged the shell of the Bank of Cyprus, but at the cost of encumbering it with bad assets. The scale of the bail-in that will be required to bring it to the target capital-ratio of 9% remains unclear.

It took a popular protest, and a threat by the European Central Bank to cut off liquidity to Cyprus by March 25th if a deal were not reached, to change Mr Anastasiades’s mind about trying to protect those big foreign depositors at the expense of small domestic savers.

[…]

Even France, usually the champion of “solidarity”, could not summon the will to bail out Cyprus’s “casino” banking, as Pierre Moscovici, the French finance minister, put it.

 

E para que não restem ilusões:

Nobody doubts that, after such a severe blow to its lucrative banking sector, Cyprus will be pushed into a harsh recession. Some sources in the troika tentatively estimate that GDP will shrink by about 10% before any hope of recovery.

 

Do Economist.


publicado por José António Abreu às 08:42
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Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2013
Anedota sem piada seguida de pequeno texto com ainda menos piada

30% dos eleitores italianos votaram no partido do palhaço rico, 25% escolheram o do palhaço pobre. Ou, vá, menos rico.

 

A economia europeia pode estar em queda mas o mercado das ilusões continua em alta. 30% dos italianos escolheram Berlusconi, sem dúvida na esperança de poderem voltar ao regabofe a que ele os habituou. E dos 35% que, compreensivelmente, optaram por um voto de protesto em relação aos partidos tradicionais (ou tão tradicionais quanto é possível hoje encontrar na política italiana), 7 em cada 10 preferiram um humorista que, garantindo falar a sério, se propôs criar um rendimento mínimo garantido de 1000 euros mensais e reduzir a semana de trabalho para 20 horas a um tecnocrata honesto com provas dadas. A Itália fica à beira da ingovernabilidade e, por essa Europa fora, o último a rir que pague a conta.


publicado por José António Abreu às 12:48
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