Segundo consigo perceber do que a maioria dos apoiantes do PS têm escrito:
Não gosto do estilo da Manuela Moura Guedes. É opinativa, agressiva e está pouco disponível para escutar. Gosto do estilo da Manuela Moura Guedes. É enérgica, rebelde e está pouco disponível para compromissos. A questão do jornal nacional de Sexta-Feira da TVI mostra pela enésima vez como, em Portugal, nada pode existir sem o beneplácito do governo, muito menos contra ele. O facto de um programa de televisão ser líder de audiências não é suficientemente relevante para a televisão que o passa. Há elementos mais importantes, que transcendem o funcionamento do mercado. É diferente noutros sítios: enquanto as audiências do The Daily Show forem boas, alguém imagina a Comedy Central a despedir o Jon Stewart? Mas existe coerência em tudo isto. Porque poucos por cá defendem verdadeiramente uma lógica de mercado baseada nas opções individuais de cada um. Poucos políticos, poucos industriais, poucos banqueiros, poucos trabalhadores anónimos. Mesmo garantindo o contrário, quase todos receiam a liberdade – quem tem muito poder receia a falta de controlo que ela gera, quem tem pouco receia a autonomia e o risco que ela exige – e usam todos os meios de que dispõem (todo o poder que conseguiram arrebanhar ou toda a cobardia que foram acumulando) para a limitar.
De Gaulle disse que o silêncio é a derradeira arma do poder. É pois altura de proclamar bem alto: o prazo de validade deste governo expirou. Chegou o momento de correr com Sócrates.
O governo interferiu na decisão da PT comprar parte da Media Capital. Sócrates declarou tê-lo feito para evitar suspeitas de que o governo interfere nas decisões das empresas onde tem participações. Passando por cima do paradoxo, a manobra permitiu especulações interessantes, como a do CDS que avançou a possibilidade do governo ter perdido o interesse no negócio a partir do momento em que ficou claro que José Eduardo Moniz ficaria na TVI. Acho que se pode ir ainda mais longe. Depois do Ministro Mário Lino dizer esperar que a PT acate a posição do governo, como que receando que isso possa não acontecer, qualquer amante de teorias de conspiração sente um formigueiro na ponta dos neurónios. Se a PT acabasse por comprar a posição na Media Capital, o governo poderia dizer que nada tinha a ver com o assunto – como fora público, opusera-se ao negócio –, conseguindo ao mesmo tempo a tão desejada saída do casal José Eduardo e Manuela da TVI. Há só o pequeno detalhe do Primeiro-Ministro sair desautorizado, o que, num país onde as aparências são tudo, provavelmente faz ruir a teoria. Mas é pena (de certa forma...). Mostraria imaginação e maquiavelismo, e garantia-nos mais umas semanas de especulações ferozes.
(Acho que escrever comentários políticos em blogues aumenta o nível de cinismo. Só comecei isto há dois meses e meio e o meu cérebro congemina já todo o tipo de maquinações. Ou será que já o fazia antes?)
Em 2004, José Eduardo Moniz teve que dispensar Marcelo Rebelo de Sousa porque o Primeiro-Ministro Santana Lopes não gostava do programa dele.
Em 2009, José Eduardo Moniz está prestes a ser dispensado juntamente com a mulher porque o Primeiro-Ministro José Sócrates não gosta do programa dela.
(Façam-me o favor de encaixar uns quantos "alegadamente" nos sítios mais convenientes.)
Ponto um: não gosto do estilo da TVI e muito menos do de Manuela Moura Guedes.
Ponto dois: já não acredito em Sócrates. Isto não quer dizer que o ache culpado ou inocente no processo Freeport: depois de tantos casos dúbios e de tantas tentativas de manipulação (para quando a renúncia de Lopes da Mota?), a culpa que me interessa é política e não judicial. Em qualquer país decente, ele já teria sido forçado à demissão.
Ponto três: esta condenação do jornal da noite de Sexta-Feira da TVI por parte da ERC é uma aberração. Talvez não o fosse tanto se a ERC também já tivesse condenado a informação da RTP, claramente pró-governamental (e não é preciso ser tão papista como Pacheco Pereira é para o constatar). Assim, parece mais um frete feito ao governo. Já agora, as queixas vieram de quem? Talvez de proeminentes figuras locais ou regionais do PS?
Ponto quatro: imagine-se o que seria se o PS conseguisse passar a sua leizinha sobre a comunicação social.
Conclusão: qual gripe suína! Ataquem-se antes os germes do autoritarismo e da exigência de respeitinho pelo poder, que se dão às mil maravilhas com os ares de Portugal e fazem estragos na saúde pública há séculos.
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