como sobreviver submerso.

Quarta-feira, 29 de Julho de 2009
Centenas de cavalos silenciosos

E que tal um post de que o nosso Primeiro-Ministro, ainda fresquinho do acordo com a Renault - Nissan para a instalação de uma fábrica de baterias para carros eléctricos em Portugal, teria orgulho? Em Berlim, no fim-de-semana do concerto dos U2, mostrava-se o Tesla Roadster na zona da Potsdamer Platz. Havia mesmo uns quantos felizardos com direito a experimentá-lo. (Não, nada de políticos; olhem com mais atenção e verificarão que não é Angela Merkel quem está dentro do carro mas uma menina a quem debalde enderecei o meu melhor sorriso na tentativa de ganhar um drive-test.) Para alguém como eu, apaixonado por automóveis desde miúdo, os veículos eléctricos, e especialmente os desportivos, são uma espécie estranha. O Tesla tem linhas compactas e simpáticas, acelera de zero a cem em 3,9 segundos (poucos Ferraris o fazem) mas não ouvi-lo arrancar (escuta-se apenas um ligeiro silvo) foi uma experiência estranha. Um desportivo que não ronrona é como o louro de carapinha do velho anúncio do restaurador Olex: pouco natural. Boa parte do prazer de quem o vê passar (e, suponho, de quem o conduz) ausenta-se em parte incerta. Parece-me assim como ter sexo tão safe, tão safe que, além do preservativo, também se usa máscara anti-gripe e luvas de borracha. E não se pode gemer nem gritar. Mas o futuro é implacável e o futuro dos automóveis, mesmo dos desportivos, é muito capaz de ser eléctrico. Nisto, Sócrates pode ter razão. (Admiti-lo não custou tanto como receava.) Suponho portanto que vou ter que me habituar ao Tesla. Ainda assim, espero que os californianos que o fabricam sejam suficientemente previdentes para fornecerem (sendo um desportivo, de série) a possibilidade do sistema áudio do carro poder emitir, em coordenação com os actos do condutor, o som de um verdadeiro motor em funcionamento. Caso contrário, na (improvável) hipótese de algum dia ter um, vou ter que gritar "vruumm vrrrummmm" enquanto conduzo.

 

 



publicado por José António Abreu às 21:49
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