como sobreviver submerso.

Sábado, 4 de Julho de 2015
Pode estar mais velho mas ainda tem um certo jeito

Roger Federer vs. Sam Querrey, esta semana, na segunda ronda de Wimbledon.



publicado por José António Abreu às 10:51
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Domingo, 8 de Julho de 2012
Força de vontade e uns quantos recordes
Décima sétima vitória em torneios do Grand Slam (recorde masculino absoluto; Pete Sampras, o segundo na lista, venceu catorze). Sétima vitória em Wimbledon (recorde de Pete Sampras e de William Renshaw* igualado). Recuperação do primeiro lugar no ranking ATP e garantia de igualar o recorde de número de semanas nesse posto (faltava-lhe apenas uma para atingir as 286 de Sampras), devendo mesmo ultrapassá-lo (não se prevê que venha a ser destronado pelo menos até aos Jogos Olímpicos). Trinta anos de idade (trinta e um dentro de um mês), mais cinco que os principais adversários. Casado, pai de duas gémeas de três anos. Nos últimos dois anos e meio, um período em que não conseguiu vencer qualquer Grand Slam (então escrevi isto e continua a aplicar-se) muitos deram-no como acabado. Not quite. É que nem pouco mais ou menos.

 

* Mas as vitórias de Renshaw foram na década de oitenta do século dezanove, altura em que o vencedor de um ano tinha entrada automática para a final do ano seguinte; só em 1922 todos os participantes começaram a ter de passar pelo quadro geral.

 

Adenda (Segunda-Feira, dia 9, 8:45h)

1. Ontem fazia tenções de o referir e depois esqueci-me: este foi o torneio dos atletas com trinta anos, uma vez que Serena Williams, também com essa idade, venceu no quadro feminino.

2. É um excelente momento para ler (ou reler) o artigo que, em 2006, David Foster Wallace escreveu sobre Federer (e o ténis em geral).

(Foto retirada daqui.)


publicado por José António Abreu às 19:28
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Quinta-feira, 17 de Maio de 2012
MIB/RF
Tendo ficado evidente no domingo passado, em Madrid, que os homens de negro o mantêm sob vigilância, alguém ainda acredita que o Federer não é um extraterrestre?

 

(Foto roubada aqui.)


publicado por José António Abreu às 23:22
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Quarta-feira, 16 de Maio de 2012
Método simples, rápido e visualmente apelativo para conhecer as cores que irão estar na moda

Para a Primavera/Verão, ver cor(es) do vestido da Sharapova no Open da Austrália (finais de Janeiro).

Para o Outono/Inverno, ver cor(es) do vestido da Sharapova no Open dos Estados Unidos (finais de Agosto).

Open da Austrália deste ano. Tons fluorescentes, ok?
(Foto da Nike, retirada daqui.)

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publicado por José António Abreu às 07:57
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Segunda-feira, 2 de Maio de 2011
Notas sobre o Estoril Open num ano em que nem lá pus os pés
O Estoril Open merecia um Court Central permanente, com cobertura amovível, capaz de proporcionar um nível de conforto mínimo aos espectadores não suficientemente afortunados para terem acesso aos camarotes e, mais importante ainda, que permitisse a realização de alguns encontros mesmo quando chove (o que ocorre pelo menos um par de dias por edição). João Lagos clama por ele há anos. Em 2008 conseguiu até que Federer se referisse ao assunto no discurso de vitória (se há coisa que os portugueses detestam é não terem condições à altura de estrelas estrangeiras). Apesar disso, e disto, desconfio que não o vai conseguir tão cedo. Mais: espero-o. Por muito que goste de ténis, há coisas mais importantes. Manter em pé os vários estádios inactivos que se construíram para o Euro 2004, por exemplo.
 
Na final deste ano, entre Juan Martin del Potro e Fernando Verdasco, torci pelo primeiro. A razão? É-me impossível torcer por alguém com um penteado como o do Verdasco.

 

Para quem tem 1,98m (um dos comentadores da RTP fazia questão de o designar por «a torre de Tandil» a cada cinco minutos) Del Potro move-se extraordinariamente bem. Depois de um ano parado por lesão, parece estar a aproximar-se da melhor forma. Óptimo. Só espero que não calhe no quarto do quadro do Federer em Roland Garros.

 

Acontece invariavelmente: a final é às três da tarde mas às quatro ainda entra gente (este ano algumas pessoas devem ter visto menos de um quarto de hora de jogo). Nos camarotes, então, o panorama aquando do início do encontro é sempre desolador, com mais de dois terços por ocupar. Suponho que será de bom-tom entrar tarde. Afinal, para muita gente com lugar de camarote mais importante do que apreciar o ténis é ser visto. De tal modo que nem há pejo em fazer os jogadores esperar enquanto calmamente se distribuem apertos de mão e beijinhos a caminho dos lugares. As nossas elites são o espelho do país: preocupadas acima de tudo com as aparências, cultivam um snobismo pacóvio e não mostram qualquer respeito por regras e horários. De cada vez que entro no Court Central do Jamor e constato a enorme área dedicada a camarotes (enfim, João Lagos terá de rentabilizar o evento) tenho vontade de me tornar ainda mais marxista do que já sou. Que é como quem diz, acrescentar o culto pelo Karl ao culto pelo Groucho.

 

A verdade é que, VIP ou plebeu, o público justificava um estudo sociológico. Apenas um exemplo, do ano passado: atrás de mim nas bancadas, apontando para dois sacos a abarrotar, impante de orgulho, dizia um homem para a pessoa do lado: «Tudo somado, levo umas cinquenta bolas, vinte chapéus e praí trinta t-shirts!» Suponho que se pode ver a questão como existindo quem saiba rentabilizar o preço do bilhete. Em tempo de crise, é capaz de não ser mal pensado.

Sacos de brindes. Iupiiiii.


publicado por José António Abreu às 23:20
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Quinta-feira, 14 de Abril de 2011
Da garra ou parabéns, Gil
Num país amedrontado que só liga a futebol, este rapaz com capacidade de autocrítica suficiente para admitir ter mais garra do que talento merece ser destacado ao mostrar ambos em dose suficiente para atingir os quartos de final de um torneio Masters 1000 (feito nunca antes conseguido por um português). Agora, lá em Monte Carlo, só tem pela frente gente como Andy Murray (amanhã à tarde), Rafael Nadal e Roger Federer.
 
(A foto continua a ser do Estoril Open de 2008.)


publicado por José António Abreu às 23:19
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Quarta-feira, 13 de Abril de 2011
Carta aberta a Roger Federer

 

Caro Roger,

 

Sei que és um tipo inteligente, capaz de pensar pela própria cabeça. Sei que estás farto de receber conselhos de fãs, todos super hiper mega convencidos de terem a solução que te permitirá voltar a dominar o circuito mundial de ténis. Sei que provavelmente tudo o que vou escrever já te foi dito por várias pessoas ao longo dos anos, talvez até por alguns dos teus treinadores (e daí pode ser que não, porque as pessoas que estão próximas de nós e têm interesses em jogo nem sempre nos dizem toda a verdade). Seja como for, não resisto, até por saber que não falas português e que raramente alguém acede a este blogue a partir de um computador na Suiça.

 

Comecemos por um facto que podes achar desagradável mas que para muita gente, eu incluído, não o seria assim tanto: tens quase trinta anos. Fisicamente, pareces bem: continuas ágil, veloz, resistente. Mas tens quase trinta anos, mais meia dúzia do que o Rafa ou do que o Nole. É por isso natural que estejas a chegar às bolas difíceis umas centésimas de segundo mais tarde do que era costume. Muitas vezes, tu nem te apercebes. Nós, no court e na televisão, também não. Mas se calhar estás mesmo. E repara que, enquanto há quatro ou cinco anos te encontravas no pico da forma, o Rafa e o Nole ainda estavam a melhorar. O Juan Martin, então, devia andar de calções a brincar nas ruas de Tandil, na Argentina. Eles tornaram-se fisicamente mais fortes; tu, quando muito, mantiveste a forma. Quando te vejo dar madeiradas, disparar a bola contra o topo da rede ou fazê-la cair uns centímetros do lado errado das linhas, não consigo deixar de pensar que as tuas intenções continuam boas mas o teu corpo está um tudo-nada atrasado.

 

Sejamos honestos: há pouco que possas fazer quanto a isto. Nem todo o teu dinheiro te vai permitir rejuvenescer. Mas há pelo menos uma coisa que podias tentar: Roger, pá, muda de raquete. Eu sei que gostas da tua Wilson Six.One Tour – é a tua imagem de marca, um modelo clássico, com a sua frame estreita e angulosa e a sua cabeça de noventa polegadas quadradas, que evoca campeões de outras eras e que é, sem dúvida, uma excelente raquete. Mas o Rafa usa uma raquete de cem polegadas quadradas. O Nole usa uma raquete de noventa e cinco polegadas quadradas. O Juan Martin usa uma raquete de noventa e seis polegadas quadradas. Toda a gente usa raquetes maiores do que a tua. Eu sei, eu sei, não é do tamanho, é da forma como se usa. Tu dizes que estás habituado. Que tens mais controlo assim. Talvez seja verdade mas isso de pouco te vale se chegas atrasado (bastam fracções de segundo, Roger) e não consegues acertar na bola com o centro da encordoação. Antes de qualquer outro factor, o controlo parte desta premissa básica, Roger: é preciso acertar bem na bola. Repara como o número dos teus erros parece ter vindo a aumentar nos últimos anos (não, não tenho estatísticas mas podes sempre colocar alguém munido de esferográfica e bloco-notas a rever gravações de encontros durante uns dias e logo tiras as dúvidas). Falhas por pouco, por muito pouco – mas falhas. Uma raquete maior – uma Wilson Six.One 95, não precisas de mudar de marca, como é óbvio – talvez te permitisse manter mais bolas em jogo. Fazer mais winners. Ganhar confiança.

 

E isto traz-nos ao assunto mais delicado. Confiança. Tu dizes que não tens problemas psicológicos em enfrentar o Rafa. Está bem, Roger. Mas deixa-me contar-te o que vi há menos de duas semanas, na meia-final do torneio de Miami. Entraste cheio de garra e ele também. As primeiras trocas de bola deixaram-me a sorrir. Vamos ter fogo-de-artifício, pensei. Mas depois falhaste um par de vezes e a partir daí ele fez o que quis de ti. Tu sabias o que tinhas de fazer, tentaste fazê-lo – mas nada te saiu bem. Roger: quando defrontas o Rafa, ou as coisas te saem bem desde o início ou és assaltado por dúvidas. É verdade que com outros adversários também gostas de entrar a fundo, deixando imediatamente clara a tua superioridade. Mas com os outros, mesmo quando as coisas começam por te correr mal, consegues quase sempre dar a volta à situação. Com o Rafa, não. Porque, lá no fundo, sentes que não és melhor do que ele (mas és, Roger). E então perdes a concentração. Entras em parafuso. (É uma expressão portuguesa; pergunta aí a um dos teus empregados domésticos o que significa*). E ele sabe-o. Massacra-te a esquerda com aquele top spin absurdo, empurra-te para trás e faz-te falhar porque a certa altura tu percebes que tens de atacar ou perdes o ponto mas não estás em posição de disparar um winner, ainda por cima quando do outro lado está um filho da mãe tão rápido quanto o Nadal. Eu não sou psicólogo, Roger, e até desconfio deles, pelo que não me vou pôr a dar-te conselhos sobre o que deves ou não fazer para ultrapassares este problemita (na minha simplicidade, eu tiraria para aí três meses de férias num paraíso qualquer). Mas talvez também aqui uma raquete com uma cabeça maior pudesse ajudar. Permitir-te-ia reduzir as chances de, quando forçado a atacar em posição difícil, dares uma madeirada ou colocares a bola do lado errado das linhas apenas o suficiente para me fazeres entrar em parafuso a mim.

   

E é só isto, Roger. Por favor, acredita nas minhas intenções. Acredita no que te diz alguém que quer continuar a ver-te nos courts e a ganhar torneios ainda durante vários anos e que, embora possas pensar o contrário, sabe do que fala. É verdade que nunca joguei muito e que já não jogo há anos. Mas com uma raquete de 85, 90, 95, 100 ou 110 polegadas quadradas, Roger, poucas pessoas eram tão boas a dar madeiradas como eu.

 

Um abraço do teu fã,

jaa

 

P.S.: Tirei a foto lá de cima no Estoril Open de 2008, Roger. Eu era o tipo com o boné verde três lugares ao lado da exuberante senhora suiça.

 

 


* Ah, espera, esta semana estás em Monte Carlo, não é? Pergunta ao teu valet de chambre no hotel. Se ele não souber, há-de arranjar alguém que lhe explique.



publicado por José António Abreu às 13:03
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Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2011
Sintomas de carência

A noite da Segunda-Feira após a conclusão de um torneio do Grande Slam é sempre estranha. Fica um vazio no sítio onde durante duas semanas estiveram aquelas longas horas assistindo, refastelado no sofá, comando na mão para saltar as mudanças de lado, a encontros gravados no disco rígido da caixa da Clix. O próprio dia é diferente porque já ninguém faz questão de ameaçar dizer-me os resultados e posso voltar a frequentar sites noticiosos na Internet (há então problemas no Egipto, é?). Quedo-me sem saber o que fazer. Hmm, talvez possa voltar a escrever posts compridos. Ou... que coisas estranhas são estas? «Livros»?


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publicado por José António Abreu às 20:44
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Domingo, 30 de Janeiro de 2011
Voltem, Federer e Nadal, estão perdoados...
O mínimo que se pode dizer é que o Open da Austrália em ténis acabou com um par de finais femininas. Sendo que aquela onde jogaram efectivamente mulheres foi das duas a menos dependente das hormonas.


publicado por José António Abreu às 15:51
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2010
"You don't have to be perfect, but you have to try hard."

E agora, o que faz um ?



publicado por José António Abreu às 13:41
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Terça-feira, 21 de Setembro de 2010
Federer chorando a rir encostado a Nadal «sudando como una bestia» (ou como seria fixe estar na Suiça por alturas do Natal)
O anúncio é para promover uma boa causa e resulta muito melhor com o ataque de hilariedade. Mas mais importante é constatar como, talvez pela primeira vez na história do ténis (e não será muito mais frequente noutros desportos), os dois maiores jogadores de uma era, rivais absolutos no court, se respeitam e mantêm uma excelente relação fora dele.


publicado por José António Abreu às 17:01
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Terça-feira, 7 de Setembro de 2010
Mesmo sendo fã do Federer, continuo a gostar mais de mulheres
Decididamente, e como escrevi aqui, não percebo por que motivo tantos homens quase não ligam a desporto feminino.


publicado por José António Abreu às 19:27
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Quinta-feira, 24 de Junho de 2010
I-n-a-c-r-e-d-i-t-á-v-e-l
O encontro de ténis mais longo da história acabou há pouco (o link é para a BBC porque o acontecimento merece mais do que a meia dúzia de linhas que os sites portugueses lhe estão a dedicar). Foi disputado no torneio de Wimbledon, entre o americano John Isner e o francês Nicolas Mahut. Jogou-se durante três dias, ultrapassando as onze horas de duração. Terminou com o resultado de 70-68 no quinto set. Isner ganhou. Mahut perdeu. Poder-se-á – e, nos interstícios do futebol, provavelmente ir-se-á – falar da força de vontade, da concentração, da garra de ambos. Houve tudo isso, mas talvez se possa ir um pouco mais longe. O ténis é um desporto individual, onde cada jogador depende essencialmente de si mesmo. Dispõe do serviço para, jogo sim, jogo não, garantir que permanece no encontro. Se servir bem, o oponente pouco pode fazer, especialmente em relva – mesmo na relva actual de Wimbledon, mais lenta do que nos tempos de Borg, Connors, McEnroe, Becker e Edberg. Claro que não é fácil servir consistentemente bem. Os nervos, a pressão do marcador, o vento, os movimentos e os ruídos do público – tudo contribui para dificultar a precisão no serviço. Todavia, num quinto set, depois de passar os 10-10, ou os 15-15, depois de entrar no ritmo, depois de os nervos estarem há muito ultrapassados, depois do ambiente em torno do court estar mais do que assimilado, o serviço torna-se um acto mecânico e o resto do jogo também. Entra-se (não falo por experiência, mas de que outra forma seria possível o resultado de hoje?) num estado de quase alienação. Isner e Mahut perdiam pouquíssimos pontos nos seus jogos de serviço e já não mostravam emoções. Jogavam quase como se estivessem sozinhos. Como se fossem zombies, ou máquinas. É curioso verificar como por vezes os humanos se transcendem quando conseguem pôr de lado algo fundamental num ser humano: as emoções. E, assim sendo, devemos admirar acontecimentos destes? Mas, ainda que venha misturada com incredulidade, como evitar a admiração?

 

P.S.: Uma nota de agradecimento à SportTV que, apesar de ter três outros canais a transmitir futebol, decidiu interromper a transmissão do encontro (retomando-a já com ele terminado) para apresentar a conferência de imprensa de Carlos Queirós. Enfim: todos sabemos como os treinadores de futebol têm sempre coisas importantes e originais a dizer antes dos encontros. É por estas e por outras que me recuso a ser assinante regular.

 

P.S.2 (acrescentado em 25.06): o encontro descrito pelo próprio Isner e o papel das pizzas de Andy Roddick. 

 

(Foto daqui.)



publicado por José António Abreu às 18:04
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Domingo, 9 de Maio de 2010
Como fazer render 50 Euros

Compre um bilhete para o penúltimo dia do Estoril Open, esperando ver as duas meias finais masculinas e a final feminina. Chegue ao Jamor pouco depois do meio dia sob chuva persistente. Constate que nenhum encontro se iniciou e aguarde um par de horas. Não havendo alterações nas condições climatéricas, vá deixar a mala no hotel onde pernoitará e, cerca das quatro das tarde, sempre debaixo de chuva, opte por almoçar. Às cinco e qualquer coisa aperceba-se de que a chuva parou e encaminhe-se novamente para o Jamor. Fique bloqueado no trânsito da Segunda Circular, junto ao Estádio de... da... junto ao Colombo. Fuja logo que possa e siga em direcção a Alcântara. Chegue ao Jamor por volta das seis e corra até ao Court Central. Constate que Federer perdeu o primeiro set e encontra-se já a meio do segundo. Veja-o perder em cerca de meia hora. Junte-se à multidão que sai do Central em direcção ao Centralito, onde Frederico Gil disputa a outra meia final. Renda-se à evidência de que nem o irmão mais magro da Kate Moss, nu e untado em manteiga da cabeça aos pés, conseguiria entrar no court. Aperceba-se de que a final feminina também está a decorrer, num Court 1 com meia dúzia de gatos pingados (não literalmente, porque, relembre-se, parou de chover) a assistir. Sente-se e aprecie dois minutos de ténis, que é mais ou menos o tempo que demoram os cinco pontos que compõem o último jogo do encontro. Bata palmas à vencedora e à vencida e, verificando que continua a ser impossível entrar no Centralito, vá-se embora outra vez, dando o dia tenístico por concluído. Reze para que no Domingo (se também tiver bilhete para esse dia) consiga melhor rendimento dos 60 euros que lhe custou o ingresso.

 

(De momento não chove, mas...)

(Go, Gil.) 



publicado por José António Abreu às 10:24
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Sábado, 3 de Abril de 2010
Ténis can-can

Gosto de ténis, gosto de ver meninas a praticar desporto, e não me importo nada que elas usem vestuário provocante (ah, o voleibol de praia). Todavia, o vestido que Venus Williams está a usar esta semana no torneio de Miami causa-me problemas. Eu simpatizo com Venus, de tal forma que até possuo este livro (fotos + ténis + mulher esbelta + preço simpático na Amazon = como resistir?), e já estou avisado de que este ano ela resolveu ser provocante. Mas o vestido vermelho de Miami, mais até do que a roupa interior de Melbourne, dificulta o meu seguimento dos encontros. Põe-me a pensar em cabarets parisienses de finais do século XIX e em bordéis do Velho Oeste. Faz-me recear que ela comece a dançar can-can, executando simultaneamente malabarismo com as bolas. Leva-me a murmurar que devia estar a usá-lo com botins (daqueles com atacadores) e não com sapatilhas, comportamento muitíssimo perturbador porque – basta olhar para mim para o constatar – eu nunca perco tempo a ponderar o que fica bem com quê. Maldoso, cheguei a ter vontade de que ela fosse eliminada para eu me poder concentrar nas jogadas mas, indiferente aos problemas que me causa (o egoísmo das estrelas), Venus foi ganhando sempre e conseguiu atingir a final (daqui a minutos, no Eurosport, frente a Kim Clijsters). De forma que, mesmo contrariado (pensam que gosto de pensar em bordéis e em vestidos de can-can quando podia estar a reflectir no que escrever sobre o PEC ou o caso dos submarinos?), lá me vou forçar outra vez a observá-la.

 

(Mas torço por Clijsters e não tem nada a ver com o vestido.)

 

(Foto retirada daqui.)



publicado por José António Abreu às 17:13
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Domingo, 31 de Janeiro de 2010
Perfeição
Tive um professor de matemática que desenhava no quadro circunferências perfeitas sem auxílio do compasso. É bom que um professor consiga fazer algo de que os alunos são incapazes. Obriga-os, mesmo contrariados, a admirá-lo um pouco (saber mais do que eles não tem o mesmo efeito). Quanto às circunferências, sei que eram perfeitas porque um dia duvidei que o fossem em voz alta (creio já ter admitido dificuldades em deixar de dizer o que penso). Ele pegou no giz e, num movimento fulminante, desenhou uma no quadro. A seguir obrigou-me a ir buscar o compasso e a verificar, perante uma turma de miúdos expectantes e desejosos de poder gozar alguém (mas preferindo que esse alguém fosse eu, porque o poderiam fazer imediata e abertamente), a perfeição do seu trabalho. O giz na ponta do compasso limitou-se a seguir cobardemente o traço branco que já se encontrava no quadro. A filha da mãe da circunferência era mesmo perfeita. Os meus colegas riram-se (o professor também), mandaram bocas (o professor não, mas mostrou grande complacência para com a algazarra instalada) e gozaram comigo durante todo o resto do dia.
 
Usei várias vezes «perfeita» e «perfeição» ao longo do texto porque ainda é naquela circunferência – e em Aston Martins e em algumas mulheres – que penso quando imagino a perfeição. E mantenho até hoje sentimentos contraditórios em relação a pessoas que fazem coisas difíceis sem esforço aparente: admiro-as por o conseguirem mas apetece-me dar-lhes um pontapé no traseiro e ordenar-lhes que se limitem a ser humanas.
 
(A foto é do Estoril Open de 2008.)


publicado por José António Abreu às 16:05
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Terça-feira, 26 de Janeiro de 2010
Eu e o meu cérebro
Já estou na idade em que me dão brancas com frequência. Tento aceder a um ficheiro que tenho a certeza estar algures no meu (reconhecidamente desorganizado) cérebro e fico a sorrir com ar de cretino e a emitir durante uma infinidade de segundos o som que o meu pai fazia (não descarto a possibilidade de ser uma característica genética) quando eu lhe colocava perguntas sobre sexo. (Desconfio, porém, que ele sabia as respostas.) Reconheço finalmente que não me lembro, finjo que não era importante e disfarço tão bem quanto posso (ou seja, mal) a sensação de que toda a gente me deve estar a achar um idiota presunçoso. (Não é exagero: a sensação baseia-se no facto de já duas ou três pessoas me terem chamado idiota presunçoso, uma acusação que me teria destroçado se eu não fosse efectivamente um idiota presunçoso.)
 
Este declínio da minha memória preocupa-me. Artigos de revistas e de sites médicos, já para não mencionar o médico da Oprah, aconselham a exercitar o cérebro. Passo então a vida tentando lembrar-me de coisas de que já me esqueci. Não é tão fácil como parece porque uma pessoa precisa de se lembrar de que conhece a informação mas também de que não se lembra dela. Ou então acontece algo parecido com isto:
Eu: «Como que chamava o cão do Tintin?»
O meu cérebro: «Milou» e, desdenhoso, acrescenta: «Achas que não me lembrava de uma coisa tão fácil, grande parvalhão?»
O meu cérebro é claramente um aluno mal comportado e eu hesito entre apaparicá-lo e ser duro com ele. Quando tenho uma branca, devo sussurrar-lhe «Vá lá, tu sabes isto», ou berrar-lhe «Polpa informe e nojenta, como é possível que não saibas algo tão óbvio?» Nenhum dos métodos parece conduzir a grandes resultados: ignora-me com sobranceria no primeiro caso, fecha-se agressivamente no segundo. Não o controlo. Pelo contrário, tenho com frequência a sensação de que é ele a controlar-me. Pensa no que quer (sim, já sei que os calções que a Venus Williams está a usar no Open da Austrália, por serem de cor similar à da pele dela, fazem com que pareça estar nua por baixo da saia… E daí? Passa à frente, não é preciso estar sempre a pensar nisso), acusa-me do que bem entende (gordo, moi?), causa-me efeitos fisiológicos inconvenientes (err, corar, por exemplo), tudo com a maior das impunidades. E, por muita piada que tenha achado à cena da trepanação no Hannibal (perturbo-o quando o forço a pensar nela), não sou capaz de o retirar e deixar em casa, como tanta gente parece conseguir fazer. O melhor que consigo é que, por vezes, ele se cale quando estou mesmo cansado. Percebo então como deve ser bom conseguir viver sem cérebro. Especialmente num país como este.
 
(Fotografia filho da mãe, conseguiu forçar-me a colocá-la no post – retirada daqui.)


publicado por José António Abreu às 08:37
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Terça-feira, 15 de Setembro de 2009
Quando a realidade se mete no caminho de um bom post

 

Ele fez de propósito para me lixar. Não tenho dúvidas a esse respeito. Lá de Flushing Meadows, em Nova Iorque, Federer decidiu trocar as voltas ao fã nº 47011814 (ainda não tenho o cartão definitivo mas fiz um provisório no Powerpoint, com a fotografia dele em fundo, a minha no canto superior direito e o símbolo RF no superior esquerdo, que, depois disto, vou rasgar em pedacinhos com menos de dois milímetros de lado).
 
Sentei-me para ver a final masculina do Open dos Estados Unidos com o post todo alinhavadinho na cabeça. Iria começar por mencionar a fantástica vitória de Kim Clijsters no quadro feminino, um ano e tal depois de ter sido mãe, no que tem sido um regresso à competição absolutamente fenomenal. Depois referiria a vitória de Federer e o facto de ele ter sido pai há um mês e meio. Pegaria na coincidência para ponderar se, por efeitos biológicos (que seriam sempre mais relevantes no caso dela, claro, a menos que assistir ao parto tenha consequências fisiológicas duradouras), psicológicos (o sorriso de uma criança, etc.), ou apenas porque mudar fraldas e passar noites em claro podem constituir afinal excelentes exercícios para melhorar a coordenação motora e a endurance, respectivamente, os desportistas não deveriam pensar muito seriamente em começar a fazer filhos em vez de andarem por aí a desperdiçar sémen em quartos de hotel. Chamaria ainda a atenção dos desportistas portugueses para o facto de que gerar crianças ajuda no combate ao envelhecimento da população nacional e, em breve (cruzes, canhoto), poderá dar direito a um subsídio estatal de duzentos euros que lhes permitiria comprar uma raquete ou um par de chuteiras ao rebento quando ele fizesse dezoito anos.
 
Estava tudo tão bem delineado na minha cabeça. O filho da mãe percebeu e resolveu lixar-me. Só assim se compreende que quase tenha deixado de jogar depois de ser sublime durante um set e meio (fez questão de me mostrar que era capaz de ganhar, só para que doesse mais) e que tenha perdido dois tie breaks no mesmo encontro (ele, que possui um serviço fenomenal). O único ponto positivo é que, tendo o encontro sido nos Estados Unidos, talvez eu tenha hipóteses de, processando-o, ganhar uns milhões de dólares. Alguém sabe o número de telefone da Crane, Poole and Schmidt?
 
(Fotografia de Federer tirada no Estoril Open de 2008; fotografia de Kim Clijsters tirada nos WTA Championships de 2006.)


publicado por José António Abreu às 08:34
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Sexta-feira, 4 de Setembro de 2009
Até no ténis sou sportinguista

Ontem, um dia depois de eu ter publicado isto, Elena Dementieva foi afastada do open do Estados Unidos por uma adolescente norte-americana chamada Melanie Oudin. Pelo menos não parecem existir indícios de intervenção do PS no assunto.



publicado por José António Abreu às 12:55
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Quarta-feira, 2 de Setembro de 2009
De como nasce um fã

Por alguma razão que a minha memória não registou, 2004 foi um ano em que voltei a prestar atenção a uma data de coisas. Já aqui dei conta do renascimento do meu interesse pela fotografia. Mas 2004 foi também o ano em que voltei a acompanhar com regularidade o que se passa no mundo do ténis.

 

No início de Setembro desse ano achei-me por acaso a assistir a uma meia-final do open dos Estados Unidos entre a russa Elena Dementieva e a americana Jennifer Capriati. O estilo de jogo de Dementieva manteve-me fascinado a olhar para o ecrã. Não por ser leve e cirúrgico como o de Roger Federer, ou potente e agressivo como o de Serena Williams, ou equilibrado e imaginativo como (era) o de Martina Hingins. O de Dementieva não tinha nada disso. Deixem-me descrever rapidamente a maioria dos pontos nessa meia-final. Comecemos com Dementieva a servir: primeiro serviço fraco contra a rede ou meio metro fora do quadrado de serviço; segundo serviço fraquíssimo que, quando acertava no quadrado de serviço (Dementieva foi durante anos a «rainha das duplas faltas»), levava a bola a bater (devagar) no court e a saltar (pouco) para o lado, num efeito que deixava Capriati incrédula e desamparada; se respondia em dificuldade (por ter de lançar-se para diante para conseguir responder), Dementieva tomava conta do ponto e massacrava-a; se, apesar de tudo, Capriati conseguia uma resposta forte, Dementieva passava o tempo a correr de um lado ao outro do court, devolvendo todas as bolas até Capriati se irritar e cometer um erro. Agora os pontos em que Dementieva respondia ao serviço: boa resposta (claramente, uma das melhores pancadas da russa); se Capriati ficava desequilibrada, Dementieva massacrava-a; se Capriati, não obstante a qualidade da resposta, conseguia pegar no ponto (o que sucedia na maioria das vezes), Dementieva passava o tempo a correr de um lado ao outro do court, devolvendo todas as bolas até Capriati se irritar e cometer um erro. Dementieva venceu o encontro no tie break do terceiro set e raras vezes vi uma jogadora tão – ia escrever «irritada» mas é mais «descoroçoada» – como Capriati após perder essa meia-final. Dementieva avançou para a final e, como já sucedera na de Roland Garros desse mesmo ano (que não vi), jogou de forma tão nervosa e insegura que foi trucidada pela adversária, uma compatriota a sair da adolescência, tímida e de aparelho nos dentes, chamada Svetlana Kuznetsova (em Roland Garros fora-o por Anastasia Myskina, uma compatriota mais ou menos da mesma idade que ela, esbelta e irascível).

 

Essa meia-final tornou-me um fã de Elena Dementieva. O jogo dela era tão incongruente e tinha tantos pontos fracos que era praticamente um milagre ela conseguir manter-se entre as melhores tenistas do mundo. Mas conseguia. Raramente ganhava às cinco ou seis melhores do ranking mas – e esse é o ponto que mais admiração me provoca ainda hoje – nunca desistia. Lutava sempre até ao fim, gritando (dizem que ocasionalmente expressões russas que não convém traduzir) ou sorrindo de desespero quando as coisas lhe corriam mal, falando com a mãe sentada nas bancadas (tentando mostrar-se impassível mas sempre tão claramente em pânico), pedindo uma bola e batendo-a para o lado oposto do court após uma pancada sem nexo (como se assim pudesse corrigir o erro e fazer com que tudo ficasse bem outra vez), seguindo a bola com o indicador esquerdo espetado no ar na preparação dos smashes (raros, porque ela não subia à rede com frequência), limpando o suor da testa com o indicador direito e correndo quilómetros e quilómetros de um lado ao outro do court em cada encontro. Em Novembro de 2006 fui vê-la a Madrid, aos WTA Championships (campeonato de final de época onde competem as oito melhores do ano e a que ela acedera com dificuldade). Como seria de esperar, perdeu os três encontros da fase de grupos. Em 2007 esteve algum tempo fora do circuito por causa de uma lesão (fractura de esforço em nada menos que três costelas ao mesmo tempo) e em 2008, depois de anos a ser avisada de que devia arranjar um treinador que lhe melhorasse o serviço (de longe, o seu ponto mais fraco), lá se decidiu a fazer alguma coisa a esse respeito. Hoje ainda não tem um grande serviço, ainda treme como varas verdes quando tem que servir para fechar um encontro, mas parece finalmente perto do seu verdadeiro potencial. Há cerca de um ano, para surpresa de muitos, ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Este ano perdeu nas meias finais do open da Austrália num encontro equilibrado com Kuznetsova (outra vez ela) e nas meias finais de Wimbledon num encontro extraordinário em que dispôs de match points frente a Serena Williams (que ganharia o torneio) mas que acabou por perder por oito a seis no terceiro set. Perto. Muito perto. Mas, como dizia a personagem interpretada por Rene Russo (o que é feito dela?) no Arma Mortífera 2 (fica sempre bem citar grandes obras literárias ou cinematográficas), «perto é uma loja de lingerie sem montra».

 

O primeiro encontro de Dementieva no open dos Estados Unidos deste ano aconteceu ontem. Ganhou facilmente. Continuo a ver nela uma determinação nova. Como se tivesse decidido ocupar finalmente o lugar que lhe estava reservado há muito entre as favoritas. Não sei se essa determinação vai resistir aos momentos em que tiver de servir para fechar encontros contra uma das irmãs Williams, contra Safina, contra Jankovic ou contra várias outras. Para ser franco, não estou à espera de que vença o torneio. Mas seria bonito. Acima de tudo, seria uma lição de força de vontade e perseverança. E as histórias baseadas em força de vontade e perseverança são tão mais luminosas quando têm um final feliz.

 

(A foto foi tirada em 2006, nos WTA Championships.)



publicado por José António Abreu às 18:32
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Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009
Mamã Clijsters

A minha jogadora de ténis preferida, por razões que talvez eu um dia explique, é Elena Dementieva. Mas estou a ver o encontro de Svetlana Kuznetsova com a regressada Kim Clijsters e não consigo deixar de lembrar que foi Clijsters quem mais gostei de ver jogar nos WTA Championships de 2006, em Madrid (a foto foi tirada lá). Perdeu numa excelente meia-final em três sets com Amélie Mauresmo mas foi um prazer ver-lhe a garra, a concentração, a vontade de não desperdiçar tempo (é das jogadoras que menos demora entre serviços). Lembro-me que, na fase de grupos, venceu em cerca de 45 minutos um encontro com a mesma Kuznetsova que defronta hoje. (Após o qual estive prestes a apanhar a bola autografada que bateu na direcção dos belgas que estavam junto a mim, mas faltou-me um bocadinho assim  ainda me raspou nos dedos e o ressalto não me favoreceu). Retirou-se meses depois, casou, foi mãe há um ano e pouco e decidiu agora regressar (como eu já referira aqui), não se sabe se para ficar muito, se pouco tempo (tem apenas 26 anos).

 

O encontro está no terceiro set, depois de Clijsters ganhar o primeiro e Kuznetsova o segundo. Nunca seria fácil, claro. Kuznetsova venceu Roland Garros este ano e está numa das melhores formas de sempre. Clijsters está a jogar o primeiro torneio após decidir regressar. Mas a combatividade continua lá e a forma física também (parece mesmo ter emagrecido). E, agora que é mamã, até se sente à vontade para dizer a um par de miúdos nas bancadas "be seated, ok? Thank you" naquele tom que qualquer criança sabe significar "eu estou bem disposta mas daqui a pouco as coisas mudam e vocês ficam sem televisão, computador e consola de jogos até amanhã".

 

Triplo match point. Ganhou. É um prazer tê-la de volta.

 

(Naturalmente, os miúdos sentaram-se.)



publicado por José António Abreu às 21:12
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Terça-feira, 30 de Junho de 2009
Sport TV: comentador de ténis precisa-se

A Sport TV 2 está a transmitir o quarto de final do torneio de Wimbledon entre Elena Dementieva e Francesca Schiavone. O comentador trata a italiana por "Chávióne". No Eurosport há um que não consegue dizer "Kuznetsova". Irritam-me pessoas que passam por especialistas em determinados desportos, são pagas para fazer comentários na TV e nem sequer se dão ao trabalho de aprender a pronunciar o nome dos atletas. Um bom comentador (também os há e, tirando o referido atrás, os do Eurosport nem são maus) tem que transmitir confiança ao espectador. Este deve sentir estar realmente a ouvir um especialista. Deve sentir que pode acreditar no que ele vai dizendo.

 

Também não entendo como canais de televisão mantêm gente assim. Ainda por cima, canais pagos que se consideram premium. Ou se calhar até entendo. As amizades (para não lhes chamar cunhas), a tendência para a manutenção do status quo, a pouca importância que por cá se dá à competência... enfim, as razões de muitas outras situações similares. Ou não encontrámos já todos pretensos especialistas nos temas mais diversos que, raspando um pouco, se percebia não os dominarem?

 

Enfim, basta de diatribe. E dêem-me licença. Tenho que enviar um mail para a Sport TV.



publicado por José António Abreu às 18:32
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Quarta-feira, 24 de Junho de 2009
Michelle Larcher de Brito vista de fora

Michelle perdeu há pouco na segunda ronda de Wimbledon com Francesca Schiavone em dois tie-breaks. A qualidade do seu jogo flutuou ao longo do encontro mas a garra esteve sempre lá. Após o primeiro encontro, o americano Steve Tignor escreveu um artigo interessante sobre ela e sobre outra jovem promessa, a britânica Laura Robson, no site Tennis.com. Excerto final, com Tignor à conversa com Nick Bolletieri, o dono da Academia responsável pela formação de Michelle e de várias jogadoras de topo nas últimas décadas, como Monica Seles e Maria Sharapova:

"So I guess you're high on de Brito?" I asked.

"Michelle?" He started to chuckle. "You better believe it, my boy."


publicado por José António Abreu às 21:52
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Segunda-feira, 22 de Junho de 2009
Serena, Neuza...

Neuza Silva enfrenta Serena Williams esta tarde na primeira ronda de Wimbledon. O Público dá a informação mas achei os comentários mais interessantes. Um par de exemplos:

 

O jogo da gaija eh que horas? As 2? Vou assistir na brinca, para ver a surra que a gaija vai levar. Se calhar nem consegue rebater qualquer bola! Bom ja sei eh que as 2 e meia tenho que ligar para a mina, para preencher a agenda...

 

Duplo 6-0 nas lonas. Toca a voltar pra casa. Espero que ja tenhas o voo e o taxi marcado para 30 minutos apos o inicio do jogo, ja que nao demorara muito mais...

 

Há a já habitual questão do português, massacrado com assumido deleite, mas há também a não menos frequente posição de menosprezar quem, à partida, tem reduzidas chances de ganhar. Por cá, ou se está no topo ou se é merecedor do mais duro e soez desprezo. É evidente que as hipóteses de Neuza são poucas (ainda assim, as probabilidades de vencer ou, pelo menos, de dar luta a Serena são maiores numa primeira ronda que numa fase mais adiantada do torneio) mas a rapariga irá fazer o que lhe compete (do verbo "competir"): lutar. Eu, que apenas a vi ao vivo uma vez, sei que o fará. Neuza tem garra e dará toda a luta que puder. Provavelmente não chegará para vencer, talvez até não chegue para um resultado equilibrado, mas, ainda assim, merece respeito e incentivo. O respeito e o incentivo que, aparentemente, muitos portugueses só concedem a mega-estrelas como Ronaldo. Isto diz imenso sobre a nossa falta de auto-estima. Bajular quem já está no topo (e reconheça-se o mérito dos que o atingem porque nenhum português lá chega sem antes ouvir uma montanha de críticas dos seus compatriotas) é demasiado fácil. E atacar quem dá o melhor de si, extremamente mesquinho...

 

                                                    Estoril Open 2008



publicado por José António Abreu às 08:45
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Domingo, 7 de Junho de 2009
Federer

No futebol é mais fácil. É, aliás, fácil demais. O frenesi mediático e a histeria dos adeptos garante a muitos futebolistas a condição de heróis muito antes de terem conseguido algo de verdadeiramente excepcional. Noutros desportos, com escrutínio menos público mas mais exigente, as coisas são diferentes. É também mais difícil para um desportista que não jogue futebol transcender o universo dos que apreciam o desporto que pratica e tornar-se um ícone global. Roger Federer conseguiu-o há anos. Mas, para muitos apreciadores de ténis, faltava-lhe vencer Roland Garros. Já não falta.
 
A forma como Federer jogou nesta quinzena foi fantástica, mesmo – ou especialmente – quando não jogou bem. Em nenhum momento isso terá sido tão evidente como na sexta-feira, na meia-final contra Juan Martin Del Potro. Del Potro (um futuro campeão) foi mais forte durante cerca de três sets. Ganhou o primeiro e o terceiro, perdeu o segundo no tie break. Ao longo destes três sets Federer pareceu quase subjugado, falhando muito e, mesmo quando não falhava, com um jogo inócuo para o argentino. Mas foi fazendo algo que se revelou crucial: obrigou Del Potro a correr. Fê-lo correr de um lado para o outro e, acima de tudo, fê-lo correr para a frente e para trás, com bolas longas, bolas curtas e drop shots. No quarto set Del Potro começou a ceder. Começou a ser mais lento, a colocar menos primeiros serviços, a falhar mais. E Federer venceu. Hoje, na final, não deu hipóteses a Robin Soderling, que actuara em estado de graça frente a Nadal, Ferrer ou Gonzalez. Tremeu um pouco no final do encontro mas dominou sempre. Em grande medida, isso sucedeu porque o estilo de jogo de Soderling “encaixa” melhor no seu que o de outros jogadores. E também porque os factores psicológicos que intervêm quando defronta Nadal – mesmo que Federer os negue – não tinham razão de ser. Mas não foi apenas isso. Numa prova de inteligência, Federer ajustou alguns pormenores do seu jogo. Passou a usar mais o drop shot (já o fizera há três semanas em Madrid, onde venceu Nadal na final). Procurou os seus próprios pontos fortes e não se deixar cair no estilo de jogo do adversário (ele que chegou a ser conhecido por gostar de derrotar os adversários jogando no estilo deles). E, acima de tudo, nos momentos em que as coisas não lhe corriam bem, foi inteligente – e suficientemente humilde – para aguentar estoicamente, cansar o adversário e desferir o ataque no momento certo (fê-lo contra Del Potro mas, dias antes, havia-o feito contra Tommy Haas). Todos os grandes desportistas têm que possuir boas capacidades técnicas. As lendas vão um pouco mais longe porque sabem que por vezes é aí que conseguem a diferença, em especial quando já não estão no máximo da forma física.
 

Teria sido interessante vê-lo defrontar Nadal. Creio que poderia ter ganho. Mas, nunca fiando (os tais factores psicológicos...), foi melhor assim. Porque esta vitória é uma coroação merecida e é também fundamental para garantir grandes espectáculos nos próximos tempos.

 

(Como de costume, a foto é do Estoril Open do ano passado.)



publicado por José António Abreu às 18:11
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Sexta-feira, 29 de Maio de 2009
Michelle Brito e a eliminação em Roland Garros.

Michelle Brito foi eliminada na terceira ronda de Roland Garros. O encontro foi interessante. Michelle é muito nova. É também imatura mas tem garra. Como outros "produtos" da academia Bolletieri tem um jogo pouco imaginativo: pancadas de chapa, tão fortes quanto possível, direccionadas às linhas. Como Sharapova (a mais famosa aluna da academia) guincha imenso ao bater na bola. E isto foi um problema em Paris. Diga-se já que as queixas da adversária de hoje, Aravane Rezai, a jogar em casa, pareceram mais um estratagema pré-preparado, aproveitando alguma polémica anterior, que verdadeiro incómodo. Ou melhor: se havia incómodo, este era por estar a sentir tantas dificuldades durante o primeiro set. Tanto assim que, no segundo, mais à vontade, os berros de Michelle já não pareceram incomodá-la. Na edição de Wimbledon de (creio) 2007, Elena Dementieva foi eliminada por Maria Sharapova. Após o encontro perguntaram-lhe se os gritos de Sharapova não a haviam incomodado. Dementieva respondeu que, de facto, às vezes eram algo exagerados mas que não diria nada quando estava a perder (porque não eram os gritos que faziam com que estivesse a perder e porque daria a ideia de não conseguir encaixar a superioridade da adversária). Alguém devia ler as declarações de Dementieva a Rezai. Por outro lado, teria Rezai protestado tanto se do outro lado da rede tivesse Sharapova ou Serena Williams? Claro que não. O facto de Michelle ser nova, ainda mal conhecida, e ter talvez uma atitude pouco humilde (dependendo do ponto de vista, como na Sharapova de 2004, também se pode apelidar de garra), facilitaram-lhe a vida. O público no estádio e alguns comentadores (na TV e na net) parecem não ter gostado do cumprimento frio que Michelle deu a Rezai no final do encontro. Se apreciam actos hipócritas, critiquem à vontade. Mas depois do que Rezai fez ao longo do primeiro set, seria pura hipocrisia estender-lhe a mão com um sorriso.

 

Mais importante é o futuro. Michelle não tem um tipo de jogo que eu aprecie. Precisa de crescer (física e mentalmente). Mas vai entrar no Top 100 aos dezasseis anos (feitos em Janeiro). Chegou à terceira ronda de Roland Garros com um estilo de jogo que parece mais adequado a pisos rápidos. Tem garra. Não vale a pena embandeirar já em arco (como tantas vezes se faz em Portugal) mas é o tenista (masculino ou feminino) com maiores probabilidades de vir a atingir os lugares de topo nos rankings do ténis. Dê-se-lhe tempo. E se não vier a conseguir tanto quanto se espera, evitem-se as crucificações e os "eu sempre disse que ela era um bluff". Ao contrário de muitos de nós, a miúda tenta.

 

 

(As fotos são do Estoril Open do ano passado.)



publicado por José António Abreu às 15:46
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Domingo, 10 de Maio de 2009
Consciente e orgulhosamente atrasados.

Decorre a final do Estoril Open em ténis. Como de costume, imenso público chega atrasado - tanto público anónimo das bancadas como as putativas elites dos camarotes. Há uns tempos uma banda de pop/rock (já não me lembro qual) foi criticada por começar o concerto à hora marcada. Muitas pessoas ficam irritadas quando se aponta o seu atraso, como se, ao fazê-lo, se estivesse a ser mesquinho... Pode não parecer mas isto tem relação com o post anterior.



publicado por José António Abreu às 15:30
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Quinta-feira, 7 de Maio de 2009
Confiança e saltos altos.

 

 

Em semana de Estoril Open, um Federer diferente.



publicado por José António Abreu às 13:08
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Quarta-feira, 6 de Maio de 2009
Frederico Gil.

 

 

Foi pena. Gil não possui qualquer golpe especialmente bom (como ele próprio já reconheceu em entrevistas) mas tem garra. O problema é que a garra só lhe vale durante cerca de dois sets. No ano passado deu muito trabalho a Federer durante um set e meio (o suiço reconheceu-o nas declarações a seguir ao encontro). Este ano, em Miami, deu luta a Nadal durante um set e meio. No domingo passado, na final do Tunis Open, frente a Gaston Gaudio, cedeu no terceiro set. Hoje quebrou novamente no final do segundo. No terceiro já não dispôs de primeiro serviço. Sinal de fadiga.
 
Foi pena. Mesmo assim, o que Gil tem atingido e pode ainda atingir não é de desprezar. Já para não falar do facto de estar a possibilitar que algumas notícias de ténis furem o quase monopólio televisivo do futebol.
 

A foto é do ano passado. Este ano acompanho à distância.



publicado por José António Abreu às 17:33
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Sábado, 25 de Abril de 2009
Porque não gostam os homens de ver pernas de mulher?

Há muitíssimo mais homens que mulheres a ver desporto. Por isso, são os homens que definem as audiências. Os portugueses, como muitos europeus, são loucos por futebol. Mas só quando são gajos a correr atrás da bola. Ninguém liga ao futebol feminino. O basquete, o andebol, o vólei, o hóquei e todas as restantes modalidades ditas amadoras recebem pouca atenção – mas pior se forem mulheres a jogar. Nem sei se algumas destas modalidades têm campeonatos femininos. A avaliar pela inexistência de notícias nas televisões, provavelmente não. Pelos vistos não há público interessado em ver raparigas fazendo afundanços ou deslizando sobre patins com tacos na mão. No automobilismo e noutros desportos em que a competição é mista entende-se que, por razões de força física, não apareçam muitas mulheres (mas há Danica Patrick) e torna-se difícil saber se os homens continuariam a assistir a corridas de Fórmula 1 se o pelotão tivesse mais mulheres que homens. Os desportos tipicamente americanos são domínio masculino mais uma vez. (Devo confessar que imaginar as mulheres que praticariam futebol americano me assusta). No ténis, na natação, no atletismo e nos desportos de Inverno a situação é mais equilibrada. Mesmo assim, as mulheres tendem a atrair menos espectadores.

 
Eu gosto de mulheres. Prefiro ver maminhas a balançar que pernas peludas a correr. Acho piada quando as voleibolistas deslizam pelo chão, braço estendido, corpo arqueado, tentando meter a mão entre a bola e o pavimento. Gosto mais de ver a Sharapova aos saltinhos que o Nadal a tirar os calções do traseiro. Sei que estou em minoria. De vez em quando, ao ver os adeptos do futebol à beira do orgasmo por causa de gajos chamados Hulk e Nani, apanho-me a questionar a minha masculinidade. Mas não há volta a dar. Chamem-me parvo, se quiserem, mas sou assim.
 
              


publicado por José António Abreu às 12:44
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