como sobreviver submerso.
Quarta-feira, 10 de Abril de 2013
Reestruturação da dívida
Domingo, 5 de Fevereiro de 2012
Sporting
No fundo, vivendo de ilusões e derrotas consecutivas*, já era. Mas a situação de falência iminente demonstra sem margem para dúvidas que, ao contrário do que defendem os pretensos seis milhões de benfiquistas, o Sporting é o clube que melhor representa o país.
* Houve mais uma esta noite, contra o Gil Vicente, por 0-1. Não foi um grande golo mas é um grande galo. De Barcelos.
Segunda-feira, 21 de Novembro de 2011
Explicação para o bom momento do Sporting
Em tempos de crise temos uma vantagem competitiva. Estamos habituados. A crise é o nosso ambiente natural.
Segunda-feira, 24 de Agosto de 2009
Humphrey Bogart era do Sporting
Tenho evitado abordar o tema do futebol neste blogue. É possível que isso já sugira que sou sportinguista. Os adeptos do Sporting são muito diferentes dos adeptos do Benfica e do Porto, e não apenas por entre eles se encontrar um número extremamente elevado de banqueiros, como o Gato Fedorento notou há tempos. (Atendendo à reputação actual de tal gente, os restantes sportinguistas prefeririam car-jackers ou mesmo políticos de carreira, mas é só mais um entre tantos pontos a encarar com resignação.) O que torna um sportinguista num verdadeiro sportinguista é a atitude entre a confiança impetuosa e a dúvida persistente, entre a vontade de voar e a quase-certeza de que, se der o famoso passo em frente à beira do precipício, cairá a pique. É, se quiserem e para facilitar, uma abordagem intelectual e artística da vida e do jogo de futebol. Ouço já vozes em protesto avançando nomes de intelectuais confessadamente adeptos do Benfica ou do Porto, mas peço que não invadam por enquanto a caixa de comentários com bombas, petardos e very-lights; creio que, mesmo não sendo sportinguistas, irão conseguir perceber a diferença. (E admito também que uns quantos sportinguistas não o conseguirão; há sempre gente enganada na porta.)
Os sportinguistas encaram a vida com a delicadeza da derrota quase assegurada e a certeza de que os bons momentos são para saborear com um misto de alegria e incredulidade. Com a convicção de que tal só se consegue se esses momentos não se banalizarem. Se não ocorrerem com demasiada frequência. Vencesse o Sporting tantas vezes quanto o Porto o faz e qualquer verdadeiro sportinguista ficaria horrorizado ou, no mínimo, incomodado. Pensaria: o que se passa? Que sensação básica é esta que perde o sentido tão rapidamente? Porque uma coisa é assistir em êxtase à conquista improvável de um campeonato, outra banalizar esse instante ano após ano. O sabor forte da vitória só pode ser plenamente apreciado em contraponto ao paladar agridoce da derrota. E este é um pitéu que apenas os sportinguistas apreciam devidamente. (Nas últimas décadas os benfiquistas têm-no provado com frequência mas invariavelmente, e por muito intelectuais que pareçam – lá está –, cospem de imediato, por entre trejeitos de desagrado.) Estar quase vinte anos sem ganhar o campeonato, ficar em segundo quatro vezes seguidas, aprender a gostar de um estádio com azulejos e pintado de verde e amarelo, ver o jogador que acaba de marcar o golo do empate num jogo europeu ser expulso por um acto tão deliciosamente inesperado como o da mais burlesca personagem de Beckett, perder uma final da taça UEFA disputada no próprio estádio – ah, nem os últimos segundos de La Traviata, aqueles em que Violetta se levanta por instantes para dizer que se sente melhor, antes de tombar morta.
Deixem-se as celebrações aos portistas e as ilusões aos benfiquistas. Ou, se preferirem, os blockbusters de Hollywood aos portistas e as promessas governamentais aos benfiquistas. Os sportinguistas têm outras coisas. Têm a estranheza do Buster Keaton, o sacrifício da Tosca, as fotos do Steve McCurry, as páginas do Francisco José Viegas (sim, são sportinguistas), o sorriso da Mona Lisa, a angústia da Sagração da Primavera, os poemas do Pedro Mexia (sim, são sportinguistas), a eternidade do Butch Cassidy e do Sundance Kid, a glória amarga da carga da brigada ligeira, o desespero de Love Will Tear Us Apart, a melancolia do último dos moicanos, as reflexões do pensador de Rodin. Têm o final do Casablanca.
Têm a arte.
(Se bem que, ok, por vezes um pouco mais de engenho não fizesse mal.)