Os últimos cartazes do CDS têm recebido críticas ferozes. Porquê? Porque há certas verdades que não se exprimem, pelos vistos. Entenda-se: eu também preferiria que nenhum partido sentisse necessidade de chamar a atenção para estes assuntos. E, de um ponto de vista eleitoral, não sei se os cartazes beneficiam o CDS. Mas as questões colocadas são relevantes. Tomemos como exemplo a pergunta “É justo dar rendimento mínimo a quem não quer trabalhar?”. Como é que cada um de nós responde à pergunta? Dir-me-ão que o populismo está precisamente na pergunta empurrar para a resposta “não” quando a resposta exige matizes (quais?). Ou que é injusto ou presunçoso afirmar que há quem não queira trabalhar (mas não preferíamos quase todos não ter que o fazer?). Dir-me-ão ainda que a pergunta traz à superfície as emoções mais primárias das pessoas (a ser verdade, por que será?).
Por que não pode discutir-se estes assuntos? Devia poder-se. Sem que fossem automaticamente disparadas acusações de insensibilidade social ou populismo ou outros termos carregados de tanto ou tão pouco significado quanto as motivações por trás do seu uso. E deviam discutir-se também formas alternativas de encarar a questão (como, por exemplo, esta). Que dificilmente a esquerda implementará. Porque a esquerda se encontra paralisada entre a visão do bom selvagem e o horror a qualquer indício de populismo direitista (obviamente, o populismo esquerdista é diferente, tanto que raramente se lhe chama populismo). Mas talvez não seja apenas o pudor do politicamente correcto que refreia a vontade de reforma por parte da esquerda. Talvez também seja a velha ambição de fazer tudo depender do Estado. Na verdade, a esquerda só ficará satisfeita quando aos setecentos mil funcionários públicos, ao meio milhão de desempregados, aos quase quatrocentos mil beneficiários do rendimento social de inserção e aos dois milhões e oitocentos mil pensionistas juntar os restantes portugueses na dependência total do Estado. Entre a fúria controladora do PS e os desejos de nacionalizações do Bloco e do PC, já estivemos mais longe.
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