como sobreviver submerso.

Quarta-feira, 8 de Julho de 2009
Dois parágrafos e uma linha

Avisaram-me que escrevo demasiados posts demasiado longos. Explicaram-me que não devo ultrapassar os dois parágrafos – e não muito compridos. Acima disso, as pessoas assustam-se com a quantidade de letras e nem sequer começam a ler, o que, obviamente, elimina qualquer possibilidade de se interessarem pelo brilhantismo do conteúdo (não estou certo de que a pessoa que me alertou tenha usado o termo “brilhantismo” mas julgo que o sentido era mais ou menos esse). Disseram-me até que, se tiver mesmo que escrever posts longos, os divida em dois ou três e publique de seguida, com um numerozito a seguir ao título indicando a ordem de leitura. Repliquei que escrevo o que me apetece, da forma que me apetece, e que se ninguém mais quiser ler, paciência. Que partir os posts aos bocados me parecia uma cedência à vacuidade actual; uma solução própria do nosso governo, especialista em fatiar projectos numa infinidade de anúncios. Enfim – aqueles argumentos típicos do pseudo-artista defendendo a sua integridade. Ninguém disse ao Tolstoi para condensar o “Guerra e Paz” em apenas duzentas páginas de texto em tamanho 12 e tretas do género.

 
Mas fiquei a pensar no assunto. É possível que haja alguma verdade no que me disseram. Se assim for, o defeito será meu ou de quem lê blogues? E será que isso interessa? A verdade é que só posso mudar o que escrevo, não as preferências dos leitores. Provavelmente o editor do Tolstoi também se assustou com o tamanho da obra e muito mais gente a teria lido se pudesse segurá-la mais de cinco minutos sem sentir dores musculares. E, durante um par de anos, a estratégia de comunicação do governo até funcionou. Estou indeciso. Na realidade, o que me parece é que ninguém lê o que escrevo, independentemente do tamanho dos posts. Mas não custa fazer uma experiência.
 

Parágrafo três: alguém aqui chegou?


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publicado por José António Abreu às 13:41
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