como sobreviver submerso.
Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2017
Os Estados Unidos trumpistas também têm pontos positivos...
Segunda-feira, 15 de Novembro de 2010
Tendências de mercado ou «que se lixe a Eva, quero é a maçã»
Portugal deve ter sido o único país do mundo onde a
Playboy acabou por causa de uma polémica religiosa. Claro que depois da
capa com Ricardo Araújo Pereira tratava-se de uma questão de tempo. Mas nem religião nem RAF são as verdadeiras ameaças às revistas masculinas baseadas em fotografias de mulheres nuas. Há uma realidade mais grave que este tipo de publicações se recusa a perceber e que rapidamente condenará ao fracasso também a recém-saída Penthouse. Não, não me refiro à abundância de mulheres nuas na Internet. Isso é um detalhe. A triste verdade é que, como diria um especialista em
marketing, o mercado mudou. Hoje, os homens preferem folhear catálogos da Apple.
Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2009
Coelhinha
Descubra o cromossoma Y.
Estou decididamente a ficar velho. Descubro-me cada vez mais frequentemente a pensar que no meu tempo é que era. Não sei se sucedeu por causa da tendência actual para o politicamente correcto (exigência do Miguel Vale de Almeida?), se por falta de dinheiro para convencer meninas a despirem-se, mas ver Ricardo Araújo Pereira na capa da Playboy destrói qualquer esperança que um homem ainda pudesse ter numa organização minimamente lógica da sociedade. É a primeira vez na história da revista que um homem tem a capa só para ele. Eu, que nunca achei a edição portuguesa grande coisa, fico envergonhado por sermos nós (estamos frouxos) a destruir mais de meio século de assumido e descomplexado hedonismo heterossexual. Hugh Hefner estaria em choque se, felizmente, não estivesse já um pouco xexé. Ainda por cima, a foto ficaria melhor na revista do Expresso do que na Playboy. Onde estão as plumas, as luvas até ao cotovelo, os bikinis minúsculos? Olha-se para Ricardo Araújo Pereira e percebe-se, aliás, que está tão confuso como qualquer outro homem (ou até mulher) com um mínimo de respeito pelos ícones do século XX estaria. A pensar: Isto é embaraçoso, pá; a capa da Playboy é para meninas. Tem toda a razão, claro. E, agora que o precedente foi aberto, quem fará a capa de Janeiro? O Carlos Castro? Suponho que sempre é mais provável que aceite usar plumas.
P.S.: E onde está o coelho? A caça à cabeça do coelho nas capas da Playboy era um excelente passatempo a que um jovem com aspirações, digamos, erótico-culturais se podia dedicar depois de folhear a revista, até para recuperar da estupefacção – misturada com uma pitada de horror, reconheça-se – que o tamanho das glândulas mamárias das raparigas americanas lhe causava. Não me digam que é aquela miserável mancha no ombro de RAP? RIP, Playboy Portuguesa. E quanto mais depressa, melhor.
Quinta-feira, 9 de Abril de 2009
Contraponto semiológico ou a mulher do Jimmy Connors.
Saiu a Playboy portuguesa. Seria uma grande data se a revista valesse alguma coisa. (Isto escrito por quem guarda religiosamente, tanto quanto o termo é aplicável, em casa dos pais - imagine-se -, umas dezenas de números da edição americana do final dos anos oitenta. As raparigas tinham mamas demasiado grandes mas eu comprava-a por causa da entrevista, da ficção, e das anedotas, até porque, na altura, nem sequer percebia de fotografia.)
De qualquer das formas: saiu a edição portuguesa. E, polémicas com a ERC à parte (todas as publicações, especialmente noticiários televisivos, deviam estar em guerra aberta com tão útil e imparcial entidade), é fraquinha. Muito fraquinha. Ao contrário do que escreveu o caro Manuel Jorge Marmelo (hmmm, este apelido proporcionava uns trocadilhos do mais puro humor português, especialmente considerando que estamos a falar da Playboy), na análise semiótica que efectuou ao primeiro número, há poucos motivos para apreciar as fotos da nossas curvilíneas compatriotas (não por culpa delas ou dos seus mui agradáveis atributos, naturais ou, desconfio que em alguns casos, sintéticos). Estamos de acordo em considerar péssima a qualidade de impressão mas eu não consigo olhar as fotos sem pensar em Patti McGuire, a mulher do tenista Jimmy Connors (número 15 nesta lista, que tem outros motivos de interesse, até porque a Patti já tem cinquenta e tal anos). Porquê? Apesar de gostar bastante de ténnis, não é por isso. É que o estilo de fotografia da nossa (como quem diz) Playboy me lembra o estilo da edição Americana nos anos setenta (que devo ter visto em documentários porque não sou assim tão velho), década em que a Pattti apareceu na revista (foi playmate do ano de 1977; ver aqui para um desmoralizador artigo de como se passa de bunny a mommy). E isto não é um elogio. Os anos setenta estão longe de ser a minha década preferida no que respeita às artes (Joy Division à parte). As fotos são timoratas, banais, sofrivelmente iluminadas e, acima de tudo, tristonhas, pouco imaginativas e nada glamorosas. Uma pena porque, repito, as raparigas até têm potencial (energia potencial igual a massa vezes gravidade vezes altura, se bem me lembro das aulas de física).
Já mencionei que as fotos são timoratas? Bom, também não é o ponto principal...
Outra coisa, menos importante: a entrevista é ao Costinha? Isso é que merecia uma análise semiótica.