Porque é um momento fantástico, ocorrido no Madison Square Garden em Outubro de 2009, e porque acabei de ler Apenas Miúdos, de Patti Smith (o preâmbulo pode ser lido aqui), a história dos anos nova iorquinos em que ela e Robert Mapplethorpe partilharam, entre outras coisas, o pouco dinheiro que iam arranjando (mais ela do que ele), quartos (incluindo dois no famoso Hotel Chelsea), comida (e fome), roupa, acessórios, música, amigos e sonhos. Os anos em que gravitaram em torno do círculo de Andy Warhol sem verdadeiramente nele entrar, em que conheceram e choraram a morte de Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison, em que ele tentou perceber se era homossexual, em que ambos tentaram descobrir o que podiam fazer na vida, sendo certo que apenas a arte era opção. Smith queria escrever mais do que cantar e acabou a cantar o que escrevia. Mapplethorpe dedicou-se à fotografia, tendo causado polémica com nus masculinos e incursões no mundo do sadomasoquismo (e um dos pontos mais interessantes do livro é constatar a inocência com que mergulhou nele). Morreu de SIDA em 1989. O livro resulta de uma promessa que Patti lhe fez e é muito bom.