Apoiar é sinónimo de exigir.
Notas.
2. Ah, dirão alguns, Passos pode não ter exigido a vinda da Troika mas desejava-a. Creio que, dispondo da escolha, ele teria preferido governar sem tutelas mas, na verdade, não faço ideia. Sei é que, em 2011, eu desejava a vinda da Troika. Como desejarei uma intervenção tão rápida quanto possível da polícia se assistir a um crime ou do INEM perante um acidente grave.
3. Devia haver assuntos mais merecedores do principal título da primeira página de um jornal dito «de referência». Notícias, talvez.
Quem leu mais de meia dúzia de posts neste blogue já deve ter percebido que gosto de música. Gosto de música gravada e gosto de música ao vivo. No entanto, tenho um problema em concertos pop/rock. Sempre fui um rapaz pacato. Nunca me deu para andar aos saltos a berrar fosse o que fosse. Num tremendo indício de nerdismo, até costumava acompanhar a letra dos temas que ouvia pelo folheto do CD (é por isso que insisto até hoje que So Cruel é o melhor tema de Achtung Baby, dos U2). Esta característica impede-me de ser o gajo mais apreciado nos concertos. Pelo contrário: sou o gajo – ainda por cima de quarenta anos – que fica parado (abanando ligeiramente a cabeça ou, nos dias de desvario, o corpo) a ouvir a música, e que bate muitas palmas no final de cada tema. Estes gajos são irritantes. São-no para as bandas, que gostam de ver a assistência aos pulos porque só assim conseguem ter a certeza de que está tudo a correr bem (a insegurança dos artistas…), e para o resto do público, que se pergunta: «Mas o que é que este cromo veio fazer a um concerto dos Wraygunn?»
Devo confessar que não tenho uma explicação válida. Só me posso defender dizendo: se paguei o raio do bilhete (e não, não sou daqueles que arranjam bilhetes de borla) é porque quero assistir ao raio do concerto. Imóvel, aos pulos, ou a fazer o pino – isso é cá comigo. (Mas a fazer o pino não me atrai porque também não tenho o melhor dos equilíbrios e, além disso, a visão do palco deve ser fraca). Portanto, da próxima que vez que vós, jovenzinhas e jovenzinhos, virem um quarentão imóvel num concerto dos Clã, ou dos Linda Martini, ou dos Buraka Som Sistema (como é que alguém consegue não dançar num concerto dos Buraka? Não sei, mas eu consigo) nem percam tempo a pensar nele e pulem à vontade.
Compro regularmente o Público (o jornal, que não tenho dinheiro nem possuo canais de televisão para me abalançar a comprar o outro). Aprecio os colunistas mesmo quando me deixam a ranger os dentes de irritação e considero-o um dos poucos órgãos de comunicação social com carácter suficiente para resistir às pressões do nosso querido Primeiro-Ministro e de sus diligentes muchachos. (O Sol também mas tem o “outro” engenheiro, a TVI também mas tem a Manuela.) A edição de sexta-feira é, de longe, o meu semanário preferido (mas era-o ainda mais quando o Inimigo Público saía nesse dia). Nas últimas semanas tenho também comprado o i. Alguns colunistas não são brilhantes, o espaço dedicado à cultura é exíguo (por favor, aprendam com o já confessado erro do governo), o posicionamento ideológico é um pouco cinzento (talvez rosa – vá lá, rosa claro – fosse mais correcto) mas as tentativas para explicar e desenvolver os assuntos, a fuga (com uma ou outra escorregadela) a temas ocos, a revista dos Sábados e até o lay-out, o tamanho, o papel (muito melhor que o do Público), e os agrafes me agradam.
Ainda assim, reparei hoje que se calhar tudo o que ficou acima é irrelevante. Por razões que me escapam, parece que sou compelido a comprar jornais com uma única letra no cabeçalho.
Excelente, o novo blogue do Público com imagens dos fotógrafos do jornal. Muitas estão comentadas pelos autores, o que, para quem gosta do processo de construção da imagem (onde sorte, técnica e capacidade de antevisão se misturam), é um motivo extra para visitar o blogue.
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