Como se constata pelo frenesi mediático dos últimos dias, a verdadeira religião em Portugal é o futebol. Uma religião que admite discussões apaixonadas e um par de profetas que poucos imaginariam poderem submeter-se a uma mesma lógica. Repare-se nos seus nomes: Cristiano e Mourinho. Dizem-me que já existiram momentos de tensão entre ambos mas, ainda que seja verdade, constituem um extraordinário exemplo para Vaticano e Meca. O deus da bola (€) une-os, o povo idolatra-os de igual modo e nem comentários críticos de aspirantes esforçados mas não iluminados lhes abalam o estatuto.
São profetas dos dias de hoje, que praguejam e insultam mas também mostram generosidade. Que estão à vontade nos humildes locais onde nasceram ou entrando nos recantos mais in de Paris. É por isso compreensível que os canais televisivos tenham repetidamente aberto os noticiários com longas reportagens sobre a transferência de Cristiano para o Real Madrid e os seus divertimentos californianos, relegando notícias como os tumultos no Irão (onde?) para segundo plano. Entre os dois, Cristiano e Mourinho representam tudo o que os portugueses anseiam ser. Aliás, melhor mesmo que existirem os dois, era eles se f…undirem. O ente resultante da fusão brilharia com uma luz própria tão forte que ninguém poderia olhá-lo de frente e seria merecedor imediato de uma nova versão d’Os Lusíadas. Talvez até da Bíblia.
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