Ele escreve com frequência que dorme pouco, o que provoca uma mistura viscosa de pena e inveja no long sleeper que sou. Reacção similar, aliás, à que tenho ao ver o prazer que extrai dos calhamaços dietilamido-lisérgicos de Thomas Pynchon. As horas impróprias para qualquer ser vivo com hélices de ADN razoavelmente humanas estar defronte de um computador a que coloca os cada vez mais raros posts provam que efectivamente dorme menos que o professor Marcelo (deve ser bom ter-se um nome que dispensa apelidos) e fazem-me pensar no filme Into the Night, de John Landis, no qual um insone Jeff Goldblum vagueava por uma Los Angeles nocturna e modorrenta, arrastando atrás de si uma muito nova e fresca Michelle Pfeiffer que era perseguida por um grupo de – repare-se bem nisto – iranianos (o eixo do mal não é de agora) chateados por ela ter roubado umas jóias quaisquer. O filme, que (informação para outros sofredores de insónia) se encontra integralmente disponível no Youtube, fatiado em doze porções, está tão longe de ser uma obra-prima como a Carolina Patrocínio de conseguir ler o Gravity's Rainbow num fim-de-semana não prolongado sem ajuda da empregada mas ficou-me na memória porque aquela personagem do Goldblum me pareceu muito mais estranha e assustadora que a mosca do filme do Cronenberg a que ele deu corpo no ano seguinte, e porque Michelle Pfeiffer ainda não tinha estatuto para evitar aparecer nua. E aqui está finalmente um pensamento para me ajudar a manter acordado ou, pelo menos, a adormecer com um sorriso nos lábios.
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