Michelle perdeu há pouco na segunda ronda de Wimbledon com Francesca Schiavone em dois tie-breaks. A qualidade do seu jogo flutuou ao longo do encontro mas a garra esteve sempre lá. Após o primeiro encontro, o americano Steve Tignor escreveu um artigo interessante sobre ela e sobre outra jovem promessa, a britânica Laura Robson, no site Tennis.com. Excerto final, com Tignor à conversa com Nick Bolletieri, o dono da Academia responsável pela formação de Michelle e de várias jogadoras de topo nas últimas décadas, como Monica Seles e Maria Sharapova:
"So I guess you're high on de Brito?" I asked.
Michelle Brito foi eliminada na terceira ronda de Roland Garros. O encontro foi interessante. Michelle é muito nova. É também imatura mas tem garra. Como outros "produtos" da academia Bolletieri tem um jogo pouco imaginativo: pancadas de chapa, tão fortes quanto possível, direccionadas às linhas. Como Sharapova (a mais famosa aluna da academia) guincha imenso ao bater na bola. E isto foi um problema em Paris. Diga-se já que as queixas da adversária de hoje, Aravane Rezai, a jogar em casa, pareceram mais um estratagema pré-preparado, aproveitando alguma polémica anterior, que verdadeiro incómodo. Ou melhor: se havia incómodo, este era por estar a sentir tantas dificuldades durante o primeiro set. Tanto assim que, no segundo, mais à vontade, os berros de Michelle já não pareceram incomodá-la. Na edição de Wimbledon de (creio) 2007, Elena Dementieva foi eliminada por Maria Sharapova. Após o encontro perguntaram-lhe se os gritos de Sharapova não a haviam incomodado. Dementieva respondeu que, de facto, às vezes eram algo exagerados mas que não diria nada quando estava a perder (porque não eram os gritos que faziam com que estivesse a perder e porque daria a ideia de não conseguir encaixar a superioridade da adversária). Alguém devia ler as declarações de Dementieva a Rezai. Por outro lado, teria Rezai protestado tanto se do outro lado da rede tivesse Sharapova ou Serena Williams? Claro que não. O facto de Michelle ser nova, ainda mal conhecida, e ter talvez uma atitude pouco humilde (dependendo do ponto de vista, como na Sharapova de 2004, também se pode apelidar de garra), facilitaram-lhe a vida. O público no estádio e alguns comentadores (na TV e na net) parecem não ter gostado do cumprimento frio que Michelle deu a Rezai no final do encontro. Se apreciam actos hipócritas, critiquem à vontade. Mas depois do que Rezai fez ao longo do primeiro set, seria pura hipocrisia estender-lhe a mão com um sorriso.
Mais importante é o futuro. Michelle não tem um tipo de jogo que eu aprecie. Precisa de crescer (física e mentalmente). Mas vai entrar no Top 100 aos dezasseis anos (feitos em Janeiro). Chegou à terceira ronda de Roland Garros com um estilo de jogo que parece mais adequado a pisos rápidos. Tem garra. Não vale a pena embandeirar já em arco (como tantas vezes se faz em Portugal) mas é o tenista (masculino ou feminino) com maiores probabilidades de vir a atingir os lugares de topo nos rankings do ténis. Dê-se-lhe tempo. E se não vier a conseguir tanto quanto se espera, evitem-se as crucificações e os "eu sempre disse que ela era um bluff". Ao contrário de muitos de nós, a miúda tenta.
(As fotos são do Estoril Open do ano passado.)
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