como sobreviver submerso.

Segunda-feira, 20 de Julho de 2009
Linha de metro

Na sequência deste post, tenho para já a dizer que a linha do metropolitano que leva ao Estádio Olímpico de Berlim, onde o concerto se realizou no passado sábado, é a U2. Povos com esta capacidade de antevisão e planeamento têm que ser respeitados.



publicado por José António Abreu às 13:43
link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 21 de Maio de 2009
Cenas no metro de Paris.

O metro de Paris pode ser dos mais completos do mundo (aparentemente, nenhum edifício da cidade se encontra a mais de 500 metros de uma estação) mas não é agradável. E, em mais de vinte anos (período em que não visitei Paris), não evoluiu. Muitas carruagens estão degradadas. A maioria das estações é feia e poucas têm acesso por escadas rolantes. O metro de Lisboa é melhor. O do Porto é muito melhor mas não é um verdadeiro metro (isto pode custar-me caro). Numa estação de Paris, em momento de acalmia no fluxo de passageiros, uma ratazana passeava calmamente sob uma cadeira de plástico. Um parente do Ratatouille?

 
Os músicos que entram nas carruagens do metro usam instrumentos para todos os gostos: violas, acordeões, saxofones. Muitos tocam-nos bastante bem. Mas o único que vi – e ouvi – tocando violino devia ser alertado para o facto de se tratar de um dos instrumentos mais difíceis de tocar bem. Apesar de toda a sua boa vontade e talvez em parte por causa dos solavancos, o que o homem extraía do instrumento era de molde a fazer ranger os dentes. E também soava como tal.
 
Pela amostra do metro mas também pela de muitas ruas, os Parisienses são hoje negros ou de ascendência árabe. As mulheres brancas continuam a ter feições delicadas, com narizes finos, aduncos na parte central e ligeiramente arrebitados na ponta. Ou então sou eu a extrapolar mais que o conveniente.
 
Quando existem escadas rolantes, as pessoas encostam-se à direita para permitir a passagem de quem tem pressa. Frequente em várias cidades mundiais, ainda raro em Portugal.
 
Sentada de frente para mim e de costas para o sentido da deslocação, uma rapariga lê “Anjos e Demónios”, de Dan Brown, com os auriculares do iPod enfiados nos ouvidos. Multitasking, penso. As mulheres são excelentes na gestão de tarefas múltiplas. Mas logo a seguir sinto vontade de lhe pedir que dispense o iPod e leia antes um livro que mereça atenção exclusiva. Ou vice-versa.
 

Entraram na estação de Bir-Hakeim e saíram duas estações depois. Um casal e um miúdo. A mulher arrastava uma bicicleta infantil. A origem portuguesa era óbvia ainda antes de algum deles dizer uma palavra. A mulher, rechonchuda, com trinta e poucos anos, podia ter acabado de sair de uma aldeia de Trás-os-Montes. Da Trás-os-Montes dos anos sessenta. Quando falou, para o miúdo irrequieto e barulhento, a sensação foi reforçada. Tinha uma voz cantada, transmontana, estranha de ouvir em plena cidade-luz. Pensei em meter conversa. Mas, como muitas vezes nestas situações, fiquei na dúvida: há uma certa liberdade em falar uma língua que ninguém entende. Dizer “olá” pareceu-me quase uma intromissão. Um acto agressivo. Enquanto ponderava o assunto, o metro parou numa estação e eles saíram.

 

Em todo o lado, as pessoas nos transportes públicos e especialmente no metro onde não há sequer vista, adquirem uma melancolia peculiar. Como se a viagem fosse um momento de pausa em que tudo pode ser recontextualizado. Para o melhor e para o pior.



publicado por José António Abreu às 13:01
link do post | comentar | favorito

dentro do escafandro.
pesquisar
 
Janeiro 2019
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30
31


à tona

Linha de metro

Cenas no metro de Paris.

reservas de oxigénio
tags

actualidade

antónio costa

blogues

cães e gatos

cinema

crise

das formas e cores

desporto

diário semifictício

divagações

douro

economia

eleições

empresas

europa

ficção

fotografia

fotos

governo

grécia

homens

humor

imagens pelas ruas

literatura

livros

metafísica do ciberespaço

mulheres

música

música recente

notícias

paisagens bucólicas

política

porto

portugal

ps

sócrates

televisão

viagens

vida

vídeos

todas as tags

favoritos

(2) Personagens de Romanc...

O avençado mental

Uma cripta em Praga

Escada rolante, elevador,...

Bisontes

Furgoneta

Trovoadas

A minha paixão por uma se...

Amor e malas de senhora

O orgasmo lírico

condutas submersas
subscrever feeds