No debate de ontem entre José Sócrates e Francisco Louçã discutiu-se novamente política. Aleluia. O fim dos benefícios fiscais, defendido pelo Bloco de Esquerda, faz toda a lógica dentro do sistema político-social defendido pelo Bloco. Se o Estado fornecer tudo ‘gratuitamente’ e não aceitar o papel de concorrência e complementaridade que a iniciativa privada pode desempenhar, os benefícios fiscais são desnecessários. É uma visão soviética da realidade. Um sistema em que não há alternativa a um Estado pesado e programático que lentamente (e estou a ser simpático) resvala para a complacência, para a injustiça e para a insustentabilidade. Um sistema em que os cidadãos não têm margem para iniciativa e se acomodam à mediocridade. Sócrates teve o mérito de puxar a ponta do fio que mostra como os rapazes e as raparigas do Bloco, apresentados tantas vezes como modernos e cheios de estilo, têm na realidade ideias antigas e ultrapassadas. Já ter ficado preso na questão do “ataque à classe média” que representaria o fim dos benefícios e não desmontar essa ideia de sociedade é um indício da tendência que Sócrates tem para se agarrar ao soundbyte (ninguém o faz melhor que ele) e da crença (não só dele) de que, na nossa sociedade, discutir convenientemente os assuntos aborrece os eleitores.
Já agora, outro momento esclarecedor ocorreu quando Judite de Sousa, em desespero, guinchou: «Mas afinal quem é que está aqui a mentir?» Quando aquela que é reputada como uma das melhores jornalistas televisivas portuguesas (na verdade, não se sabe bem porquê) é incapaz de perceber a diferença entre mentira e visões distintas da sociedade, algo vai realmente muito mal.
pessoais
Amor e Morte em Pequenas Doses
blogues
O MacGuffin (Contra a Corrente)
blogues sobre livros
blogues sobre fotografia
blogues sobre música
blogues de repórteres
leituras
cinema
fotografia
música
jogos de vídeo
automóveis
desporto
gadgets