como sobreviver submerso.

Sexta-feira, 23 de Outubro de 2015
Resistindo ao desejo de gastar seis euros
Em pé junto ao expositor da Fnac, leio do princípio ao fim a excelente entrevista de Francisco José Viegas a Pedro Mexia incluída no último número da revista Ler. Noto que a revista traz uma segunda entrevista, ao israelita David Grossman, bem como artigos sobre Camilo Castelo Branco (falecido há 125 anos, merecia muito mais atenção do que aquela que recebe), Susan Sontag (alguém que me irrita e fascina em igual medida) e literatura síria (que desconheço em absoluto). Sinto uma enorme vontade de a comprar. Não o faço. Mas ainda reparo que a tiragem já desceu até aos 7 mil exemplares.


publicado por José António Abreu às 21:05
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Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2013
Como desperdiçar clientes em tempos de crise

Folheio a Ler numa tabacaria. Há mais de ano e meio que não a compro. Passo os olhos por dois artigos, um sobre Joyce Carol Oates, o outro, de Rogério Casanova, sobre O Bom Soldado Svejk. Em condições normais, qualquer deles seria suficiente para eu gastar cinco euros. Reparo no editorial. João Pombeiro despede-se. Escreve: Por decisão da administração do Grupo Bertrand Círculo (do qual faz parte a Fundação Círculo de Leitores), decisão que respeito integralmente, deixo hoje a direção da LER. Vou às últimas páginas verificar a tiragem da revista. 10000 exemplares. Há um ano e meio era de 12000. Resultado da crise? É possível. Tenho pena? Não. Certas dificuldades são merecidas. Como noutros casos (imprensa escrita, maioria das editoras de livros), a adopção do Acordo Ortográfico terá originado poucos ou nenhuns efeitos positivos (quem é que passou a comprar a Ler porque nela se aboliram as consoantes mudas?) mas vários efeitos negativos. Um (posso garanti-lo), cem, talvez dois mil efeitos negativos. Em época de crise, provocar clientes é capaz de não ser grande ideia. Fica, a partir deste meu cantinho de irrelevância, uma mensagem para o futuro diretor da Ler ou para a «administração do Grupo Bertrand Círculo»: revertam a decisão e a revista ganhará de imediato mais um leitor. Talvez cem, quiçá dois mil.



publicado por José António Abreu às 19:01
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Terça-feira, 5 de Julho de 2011
Grão a grão...

No último editorial que escreveu enquanto director da Ler, Francisco José Viegas anuncia para Setembro a implementação do acordo ortográfico na revista. É pena. Mas estamos em crise. E se, por falta de opção, pode vir a existir um momento em que eu comece a comprar livros, jornais e revistas escritos segundo o acordo, esse momento não será em Setembro de 2011. Para mim e por enquanto, a decisão da Ler representa uma poupança de cinco euros por mês.



publicado por José António Abreu às 20:37
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Sexta-feira, 8 de Maio de 2009
As vantagens literárias do autismo masculino.

A Ana de Amsterdam, que gosto de ler regularmente, fez ontem um ataque – com mais desencanto que raiva – à revista Ler. Frase inicial: “Cheguei ontem a uma conclusão: a Ler é uma revista feita por homens, sobre homens e para homens”. A Origem das Espécies tem estado em hibernação (presume-se que por o inspector Jaime Ramos se encontrar prestes a deslindar mais um assassinato) mas espero que o Francisco José Viegas leia o artigo. Eu estou a escrever isto apenas porque não descobri forma de colocar um comentário no blogue da Ana.

 
Ana tem razão acerca da predominância dos homens na revista. Quase todos os colunistas são homens e a maioria dos escritores analisados também. Comecemos pelo segundo ponto e sejamos francos: o mundo literário foi – e, como outros, ainda é – muito masculino. O passado mostra-nos muito mais grandes escritores homens que mulheres. Porque a elas não era fácil escrever e editar? Com certeza. Mas essa não me parece a principal razão para a predominância masculina nas letras, pelo menos nos tempos mais recentes. A verdade é que os homens – se existisse um sinal de “perigo: generalização” vê-lo-iam agora aqui – são mais maníacos que as mulheres. Muito mais dedicados a análises exaustivas e a comportamentos obsessivos. Não é certamente por acaso que existem mais coleccionadores do sexo masculino que do sexo feminino. Ou mais autistas homens que mulheres. Ou mais serial killers masculinos. A boa literatura dá-se bem com estas características. Actualmente, são editados imensos livros escritos por mulheres. Muitos são excelentes. Mas mais ainda são literatura descartável. Light, como se costuma chamar-lhe. Claro que também há imensos homens a editar literatura descartável. Ainda assim, talvez o balanço (ainda) seja um pouco diferente. E talvez uma revista como a Ler não tenha como escapar a este facto. Deixem-me ser provocador: se alterar muito o balanço, se procurar demasiado deixar de ser “para homens”, transformar-se-á na Os Meus Livros.
 
Quanto ao facto da maioria dos colaboradores da revista serem homens, aí sim, julgo que é muito possível que os critérios de amizade e apreço pessoal (de FJV e dos outros responsáveis pela revista) tenham desempenhado um papel preponderante. Eles que se defendam.
 

Alerta final: tudo o que ficou acima é apenas uma hipótese que espero não se transforme no meu momento “reitor de Harvard”.



publicado por José António Abreu às 12:54
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