como sobreviver submerso.
Terça-feira, 1 de Setembro de 2009
«O sonho é uma constante da vida»
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A publicação de “Buracos Negros”, de Lázaro Covadlo, pela Livros de Areia (cujo site aconselho, por ser bonito e por permitir a leitura de excertos das obras que publicam, como, por exemplo, este conto) levou-me a ler “Criaturas da Noite”, livro do mesmo Covadlo, comprado há cerca de dois anos (em estimativa rápida, ainda abaixo do meu atraso médio no que toca a leituras). Conta a história de um homem de quarenta anos, cheio de sonhos frustrados, especialista em dizer a coisa mais errada possível no momento mais inconveniente possível que, com a ajuda de uma pulga milenária que se lhe aloja no ouvido direito, vai subir na vida. Tudo o que a pulga, que já passou por ouvidos de morcegos e ratos mas também pelo de gente como a condessa Erzsébet Báthory (tenho tanta pena que o filme da Julie Delpy pareça ser fraquinho) exige em troca dos seus conselhos e dissertações filosóficas é o consumo regular de sangue do hospedeiro (quase nada, que ela é minúscula) e o consumo um pouco mais esporádico de diversos fluidos de outras pessoas (sendo que não aceita recusas com bonomia). Enquanto lia, eu preparava mentalmente uma pequena crítica para colocar aqui. Iria referir o humor, a imaginação, a crítica social, o nonsense. Mas depois cheguei à frase abaixo e decidi que nem vale a pena mencionar o livro, quanto mais esmiuçar o seu conteúdo.
No íntimo de todo o inabalável sonhador existe um atleta da masturbação, mesmo quando possa não a praticar durante algum tempo.