como sobreviver submerso.

Terça-feira, 15 de Setembro de 2009
Quando a realidade se mete no caminho de um bom post

 

Ele fez de propósito para me lixar. Não tenho dúvidas a esse respeito. Lá de Flushing Meadows, em Nova Iorque, Federer decidiu trocar as voltas ao fã nº 47011814 (ainda não tenho o cartão definitivo mas fiz um provisório no Powerpoint, com a fotografia dele em fundo, a minha no canto superior direito e o símbolo RF no superior esquerdo, que, depois disto, vou rasgar em pedacinhos com menos de dois milímetros de lado).
 
Sentei-me para ver a final masculina do Open dos Estados Unidos com o post todo alinhavadinho na cabeça. Iria começar por mencionar a fantástica vitória de Kim Clijsters no quadro feminino, um ano e tal depois de ter sido mãe, no que tem sido um regresso à competição absolutamente fenomenal. Depois referiria a vitória de Federer e o facto de ele ter sido pai há um mês e meio. Pegaria na coincidência para ponderar se, por efeitos biológicos (que seriam sempre mais relevantes no caso dela, claro, a menos que assistir ao parto tenha consequências fisiológicas duradouras), psicológicos (o sorriso de uma criança, etc.), ou apenas porque mudar fraldas e passar noites em claro podem constituir afinal excelentes exercícios para melhorar a coordenação motora e a endurance, respectivamente, os desportistas não deveriam pensar muito seriamente em começar a fazer filhos em vez de andarem por aí a desperdiçar sémen em quartos de hotel. Chamaria ainda a atenção dos desportistas portugueses para o facto de que gerar crianças ajuda no combate ao envelhecimento da população nacional e, em breve (cruzes, canhoto), poderá dar direito a um subsídio estatal de duzentos euros que lhes permitiria comprar uma raquete ou um par de chuteiras ao rebento quando ele fizesse dezoito anos.
 
Estava tudo tão bem delineado na minha cabeça. O filho da mãe percebeu e resolveu lixar-me. Só assim se compreende que quase tenha deixado de jogar depois de ser sublime durante um set e meio (fez questão de me mostrar que era capaz de ganhar, só para que doesse mais) e que tenha perdido dois tie breaks no mesmo encontro (ele, que possui um serviço fenomenal). O único ponto positivo é que, tendo o encontro sido nos Estados Unidos, talvez eu tenha hipóteses de, processando-o, ganhar uns milhões de dólares. Alguém sabe o número de telefone da Crane, Poole and Schmidt?
 
(Fotografia de Federer tirada no Estoril Open de 2008; fotografia de Kim Clijsters tirada nos WTA Championships de 2006.)


publicado por José António Abreu às 08:34
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Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009
Mamã Clijsters

A minha jogadora de ténis preferida, por razões que talvez eu um dia explique, é Elena Dementieva. Mas estou a ver o encontro de Svetlana Kuznetsova com a regressada Kim Clijsters e não consigo deixar de lembrar que foi Clijsters quem mais gostei de ver jogar nos WTA Championships de 2006, em Madrid (a foto foi tirada lá). Perdeu numa excelente meia-final em três sets com Amélie Mauresmo mas foi um prazer ver-lhe a garra, a concentração, a vontade de não desperdiçar tempo (é das jogadoras que menos demora entre serviços). Lembro-me que, na fase de grupos, venceu em cerca de 45 minutos um encontro com a mesma Kuznetsova que defronta hoje. (Após o qual estive prestes a apanhar a bola autografada que bateu na direcção dos belgas que estavam junto a mim, mas faltou-me um bocadinho assim  ainda me raspou nos dedos e o ressalto não me favoreceu). Retirou-se meses depois, casou, foi mãe há um ano e pouco e decidiu agora regressar (como eu já referira aqui), não se sabe se para ficar muito, se pouco tempo (tem apenas 26 anos).

 

O encontro está no terceiro set, depois de Clijsters ganhar o primeiro e Kuznetsova o segundo. Nunca seria fácil, claro. Kuznetsova venceu Roland Garros este ano e está numa das melhores formas de sempre. Clijsters está a jogar o primeiro torneio após decidir regressar. Mas a combatividade continua lá e a forma física também (parece mesmo ter emagrecido). E, agora que é mamã, até se sente à vontade para dizer a um par de miúdos nas bancadas "be seated, ok? Thank you" naquele tom que qualquer criança sabe significar "eu estou bem disposta mas daqui a pouco as coisas mudam e vocês ficam sem televisão, computador e consola de jogos até amanhã".

 

Triplo match point. Ganhou. É um prazer tê-la de volta.

 

(Naturalmente, os miúdos sentaram-se.)



publicado por José António Abreu às 21:12
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