They're nothing -- they don't have any meaning. There's no time put in them, no thinking that's put into them and when there's no time and no thinking put into still photography or into photojournalism what does that say?
I think that's damaging, and I think it also it destroys the notion that photography is reflective, that it's about history, that it's about self-contemplation. And it's all being replaced by a sort of philosophy of speed which is only of fleeting significance. I think the news is killing journalism.
Desconheço se entretanto Towell se converteu ao digital e a sua opinião constituirá um exagero (ainda hoje certas fotografias permanecem na memória) mas ele estará tão mais perto de ter razão quanto mais jornais e revistas imitarem o Chicago Sun-Times. E descobrirem que não valeu a pena.
(Foto de Larry Towell, da série sobre os menonitas.)
Quem vê desporto na televisão e compra jornais desportivos? Quem até, provavelmente, compra a maioria dos restantes jornais? Os homens. As mulheres não ligam a desporto. Pelo menos o bastante para se sentarem à frente de um televisor ou comprarem um jornal. (Generalizo, obviamente.) De quando em quando, as mulheres podem pensar, com um carinho inteiramente sincero, que os campeonatos para-olímpicos são uma coisa bonita, podem espreitar uma prova de ginástica ou de patinagem artística, mas ver mesmo desporto – não vêem. Preferem a Oprah, séries, filmes, telenovelas, o What Not to Wear e o Rachel Zoe Project. Se as mulheres gostassem tanto de patinagem artística como gostam de roupa, maquilhagem e decoração, a SIC Mulher apresentaria patinagem artística duas vezes por dia, existiriam revistas e jornais só acerca de patinagem artística e rapidamente os canais generalistas de televisão teriam programas de debate em que se analisaria a qualidade dos triplos Axel realizados nas provas do fim-de-semana anterior. Hélas, as mulheres não gostam assim tanto de patinagem artística nem de qualquer outro desporto. Isso faz com que sejam os homens a definir que desportos se vêem na televisão e sobre que desportos se lê nos jornais. Ora os homens são seres simples, de gostos limitados e com tendência para a conformidade (continuo a generalizar). A partir do momento em que as mulheres lhes deixam o campo livre pode dizer-se adeus aos para-olímpicos na televisão. E até à patinagem artística. Para a sensibilidade masculina (nem sempre é oxímoro), as provas para-olímpicas são um mau espectáculo televisivo e a patinagem artística não é muito melhor. E como é o gosto pelo futebol que é inculcado nos homens desde criança e o futebol é que dá para discutir durante a pausa para o café por ser o que vêem todos os outros homens (menos uns tipos esquisitos como eu), vê-se futebol. As televisões (como as rádios e os jornais) não podem então fazer outra coisa senão ir atrás do consumidor-tipo (que, neste caso, é um consumidor-gajo) e, numa espécie de pescadinha de rabo na boca, começam a passar apenas futebol.
De qualquer modo, nenhum destes factores invalida a tese, pelo que a conclusão é inevitável: a culpa de se prestar pouca atenção a desportos que não o futebol nos meios de comunicação (e, por conseguinte, na sociedade) é essencialmente das mulheres. E, pronto, um bocadinho – mas só um bocadinho – dos homens.
Pode arranjar-se uma montanha de justificações aparentemente inatacáveis, enunciadas em voz ressoando a ultraje ou escritas em estilo de homilia, mas as coincidências assustam. Não é preciso dizer mais do que isto. Ou talvez apenas que, a seguir, será o Sol. Porque só resta ele.
Os jornais Metro e Meia Hora de hoje trazem em destaque na primeira página um novo filme – “A Proposta” – protagonizado pela simpática mas cinefilamente descartável Sandra Bullock (gosto de ti na mesma, miúda). Podia discutir-se a relevância jornalística do assunto mas, como qualquer pessoa com um neurónio em razoável estado de funcionamento já percebeu que as primeiras páginas dos jornais gratuitos nada têm a ver com critérios jornalísticos, não vale a pena ir por aí. O Pacheco Pereira que o faça no seu novo programa. A mim prendeu-me o olhar a enorme foto na primeira página do Metro que mostra uma Sandra Bullock de joelhos no passeio perante um homem ligeiramente curvado. Para as sensibilidades feministas não ficarem já eriçadas, esclareça-se que Bullock tem afixada na face visível (a esquerda; e, como nunca me apercebi que a simpática texana fosse aparentada com o Two-face das histórias do Batman, a direita deve apresentar as mesmas condições), uma expressão que indica ter plena consciência da figura que faz mas, ainda assim, estar divertida. Uma expressão a modos que “ó pra mim a fazer de rapariga tolamente apaixonada”. Sem ter lido uma linha sobre o filme, aposto que é uma obra-prima da dimensão de um While You Were Sleeping, também com Bullock, ou de um Serendipity, com essoutra adorável rapariga, estrela de tantas obras-primas quanto os prémios Nobel que Lobo Antunes já ganhou (mas ambos merecem muito mais), Kate Beckinsale. (É verdade que Serendipity tem o John Cusack, o que transforma automaticamente qualquer filme numa obra-prima ou, se incluir também a Joan Cusack – como o Grosse Point Blank –, numa obra-irmã). Ainda assim, como o(a) leitor(a) – sim, acorde, estou a falar consigo – certamente já percebeu, tudo isto serve apenas de introdução para o verdadeiro assunto deste post. E esse assunto (reúnam as senhoras, por favor) é sapatos. Na foto, Sandra calça um par de sapatos pretos de salto muito, mas muito alto. (Nesta época de preocupações com a saúde tem uma certa piada que as mulheres se estejam nas tintas para a saúde da sua – delas – coluna vertebral mas, como homem, nada tenho contra um belo par de pernas encavalitado num par de sapatos de salto muito, mas muito alto.) Como Sandra está de joelhos, os saltos ficam espetados no ar num ângulo de aproximadamente trinta graus com a horizontal (lá por estar a falar de sapatos não vou deixar de ser homem), criando duas armas brancas (que, no caso, são pretas) que deviam estar na lista das armas proibidas. Mais importante, as belas biqueiras pretas envernizadas roçam no pavimento, sendo impossível que tenham terminado a cena incólumes. Ora, num filme direccionado ao público feminino (e a homens sensíveis como eu), este parece-me um erro de proporções bíblicas. Espero bem que, no genérico final, surja a indicação de que nenhum sapato foi maltratado durante a rodagem do filme e que, nas entrevistas ao Mário Augusto, a realizadora (Anne Fletcher, que nada me diz) explique que Sandra estava descalça e que os sapatos foram acrescentados digitalmente depois de rodada a cena. E, agora que a imagino fazendo a cena sem sapatos, não resisto também a imaginar que toda a roupa foi acrescentada à posteriori (até porque entretanto descobri isto, onde Sandra refere cenas de nudez e explica a forma correcta de fazer um filme), o que permitiria poupar imenso em guarda-roupa e abre um novo leque de interpretações para uma cena de um filme chamado “A Proposta” onde uma mulher atraente se encontra de joelhos defronte de um homem em pé, com uma expressão (pelo menos na face visível) de menina transgressora. As feministas e os sapatos que se lixem.
Compro regularmente o Público (o jornal, que não tenho dinheiro nem possuo canais de televisão para me abalançar a comprar o outro). Aprecio os colunistas mesmo quando me deixam a ranger os dentes de irritação e considero-o um dos poucos órgãos de comunicação social com carácter suficiente para resistir às pressões do nosso querido Primeiro-Ministro e de sus diligentes muchachos. (O Sol também mas tem o “outro” engenheiro, a TVI também mas tem a Manuela.) A edição de sexta-feira é, de longe, o meu semanário preferido (mas era-o ainda mais quando o Inimigo Público saía nesse dia). Nas últimas semanas tenho também comprado o i. Alguns colunistas não são brilhantes, o espaço dedicado à cultura é exíguo (por favor, aprendam com o já confessado erro do governo), o posicionamento ideológico é um pouco cinzento (talvez rosa – vá lá, rosa claro – fosse mais correcto) mas as tentativas para explicar e desenvolver os assuntos, a fuga (com uma ou outra escorregadela) a temas ocos, a revista dos Sábados e até o lay-out, o tamanho, o papel (muito melhor que o do Público), e os agrafes me agradam.
Ainda assim, reparei hoje que se calhar tudo o que ficou acima é irrelevante. Por razões que me escapam, parece que sou compelido a comprar jornais com uma única letra no cabeçalho.
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