como sobreviver submerso.

Quinta-feira, 30 de Julho de 2015
«Coligação apresenta pouco programa e muito medo»
Houve uma época em que eu comprava e lia o Público. Fazia-o pelas notícias, pelas críticas a livros, discos, filmes, peças de teatro e exposições, pelas colunas de opinião. Hoje, não o compro e raramente o leio, mesmo online. Julgo que continua a ter críticas a livros, discos, filmes, peças de teatro e exposições. Tenho a certeza de que continua a ter colunas de opinião. Parece-me é que quase já não tem notícias.


publicado por José António Abreu às 16:05
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Quinta-feira, 6 de Junho de 2013
Filosofia da velocidade
Há exactamente uma semana, o jornal Chicago Sun-Times, que teve entre os seus colaboradores o recentemente falecido crítico de cinema Roger Ebert, anunciou o despedimento de todos os fotógrafos do quadro, alegadamente por pretender dedicar mais atenção ao vídeo e, por conseguinte, ao online. Passará a recorrer a freelancers e propõe-se dar formação aos repórteres no uso do iPhone. É incrível como os jornais ainda não perceberam que serão incapazes de sobreviver reduzindo a qualidade do produto que oferecem. Um jornal, em papel ou na net, tem de fazer a diferença em relação aos blogues, ao Facebook, ao Twitter, pela fidedignidade da informação, pela profundidade das análises, pelo carácter profissional dos textos e das imagens. Não tem que cobrir tudo mas tem que cobrir bem. Não pode resignar-se a ser um banco de sound bites (para isso há os blogues) nem de vídeos (para isso há a televisão, com melhores meios e pessoal infinitamente mais bem preparado). Tem que apontar a um público exigente, ainda que isso signifique um enorme risco a curto prazo. Mais: tem que ajudar a formar esse público exigente, aumentando o número de consumidores potenciais. Quase todos os jornais têm feito o oposto. E, no entanto, há exemplos de publicações que obtiveram bons resultados sem sacrificar a qualidade: em 2010, as vendas do The Economist estavam a subir; em 2012, as vendas da The New Yorker também. Quando o lixo se encontra por todo o lado, existe mercado para a qualidade.
 
Há meia dúzia de anos, por alturas do lançamento do seu livro The World From My Front Porch, o fotógrafo Larry Towell (espreitem os álbuns que vale a pena) afirmava:
I just don't shoot digital. I won't. I like film. Photographers today have to compete. If a picture is six hours old, it's too old to use. If you look at the coverage of the tsunami you can go on to any of the websites and there's a catalogue there of 400 photographs all taken in the past 30 minutes for you to look through. And none of them will stay with you. They're just news pictures. They're not even good news pictures.

They're nothing -- they don't have any meaning. There's no time put in them, no thinking that's put into them and when there's no time and no thinking put into still photography or into photojournalism what does that say?

I think that's damaging, and I think it also it destroys the notion that photography is reflective, that it's about history, that it's about self-contemplation. And it's all being replaced by a sort of philosophy of speed which is only of fleeting significance. I think the news is killing journalism.

Desconheço se entretanto Towell se converteu ao digital e a sua opinião constituirá um exagero (ainda hoje certas fotografias permanecem na memória) mas ele estará tão mais perto de ter razão quanto mais jornais e revistas imitarem o Chicago Sun-Times. E descobrirem que não valeu a pena.

 

(Foto de Larry Towell, da série sobre os menonitas.)



publicado por José António Abreu às 11:48
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Sexta-feira, 20 de Maio de 2011
De como o excesso de futebol e o défice de outros desportos nos meios de comunicação é culpa das mulheres
As dúvidas e opiniões que Patrícia Reis (que tem um livro novo) expressa neste texto são partilhadas por muita gente. Porque dispõe o futebol de tamanha exposição mediática? Porque não obtêm outros desportos mais do que alguns segundos nos noticiários e isto apenas nas raras ocasiões em que, contra expectativas e razoabilidade, um português consegue alcançar um resultado de topo? Porque esquecemos os atletas que mais medalhas trazem para Portugal – os para-olímpicos?

 

Eu concordo que não devia ser assim. Desde logo, faz-me espécie prestar-se atenção apenas ao futebol masculino mas aceito que esta possa ser uma questão eminentemente pessoal – por razões ergonómicas, tendo a preferir a versão feminina da maioria dos desportos (e depois há uns casos em que me é indiferente). Mais importante, tal como a Patrícia acho exasperante que se dedique tanto tempo a apenas um desporto – qualquer que ele seja. Mas julgo perceber porque é que isso acontece.

 

Quem vê desporto na televisão e compra jornais desportivos? Quem até, provavelmente, compra a maioria dos restantes jornais? Os homens. As mulheres não ligam a desporto. Pelo menos o bastante para se sentarem à frente de um televisor ou comprarem um jornal. (Generalizo, obviamente.) De quando em quando, as mulheres podem pensar, com um carinho inteiramente sincero, que os campeonatos para-olímpicos são uma coisa bonita, podem espreitar uma prova de ginástica ou de patinagem artística, mas ver mesmo desporto – não vêem. Preferem a Oprah, séries, filmes, telenovelas, o What Not to Wear e o Rachel Zoe Project. Se as mulheres gostassem tanto de patinagem artística como gostam de roupa, maquilhagem e decoração, a SIC Mulher apresentaria patinagem artística duas vezes por dia, existiriam revistas e jornais só acerca de patinagem artística e rapidamente os canais generalistas de televisão teriam programas de debate em que se analisaria a qualidade dos triplos Axel realizados nas provas do fim-de-semana anterior. Hélas, as mulheres não gostam assim tanto de patinagem artística nem de qualquer outro desporto. Isso faz com que sejam os homens a definir que desportos se vêem na televisão e sobre que desportos se lê nos jornais. Ora os homens são seres simples, de gostos limitados e com tendência para a conformidade (continuo a generalizar). A partir do momento em que as mulheres lhes deixam o campo livre pode dizer-se adeus aos para-olímpicos na televisão. E até à patinagem artística. Para a sensibilidade masculina (nem sempre é oxímoro), as provas para-olímpicas são um mau espectáculo televisivo e a patinagem artística não é muito melhor. E como é o gosto pelo futebol que é inculcado nos homens desde criança e o futebol é que dá para discutir durante a pausa para o café por ser o que vêem todos os outros homens (menos uns tipos esquisitos como eu), vê-se futebol. As televisões (como as rádios e os jornais) não podem então fazer outra coisa senão ir atrás do consumidor-tipo (que, neste caso, é um consumidor-gajo) e, numa espécie de pescadinha de rabo na boca, começam a passar apenas futebol.

 

Este é o pecado original. Depois existem factores agravantes. A passagem de alguns desportos para canais de assinatura retirou-lhes notoriedade. Por exemplo, há dez ou quinze anos via-se bastante automobilismo (especialmente Fórmula 1) na televisão de sinal aberto. Agora, esta raramente aborda o tema. Por outro lado, a fauna que gravita em torno do futebol, dos dirigentes aos adeptos passando pelos árbitros e comentadores, nem sempre representa as fatias mais sensatas da população, o que facilita o nascimento de «polémicas» ou «casos». As regras também não ajudam (ninguém fica duas semanas a discutir se uma bola do Federer foi dentro ou fora do court porque isso é imediatamente verificado). O factor de tribo que se gera ao aderir a um clube (e, mais ainda, a uma claque) e a necessidade de arranjar formas de escape numa sociedade que reprime cada vez mais a exteriorização dos instintos (ver esta excelente entrevista feita por Paulo Moura a J. G. Ballard em 2005, já mencionada aqui) tornam os actos de violência mais prováveis. A conjugação disto tudo é um cocktail explosivo que os meios de comunicação agradecem e cujos efeitos amplificam, num encantador efeito bola de neve. Outros desportos podem apresentar alguns destes elementos (também há fanáticos da Ferrari, por exemplo) mas, na falta dos restantes, o efeito bola de neve é inexistente ou muito menor (não andam à batatada com os adeptos da McLaren.)

 

De qualquer modo, nenhum destes factores invalida a tese, pelo que a conclusão é inevitável: a culpa de se prestar pouca atenção a desportos que não o futebol nos meios de comunicação (e, por conseguinte, na sociedade) é essencialmente das mulheres. E, pronto, um bocadinho – mas só um bocadinho – dos homens.



publicado por José António Abreu às 00:37
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Segunda-feira, 1 de Março de 2010
A lógica MST
Miguel Sousa Tavares acaba de dizer na SIC que o Sol se pôs a jeito para que o BCP lhe cortasse o crédito, ao aceitá-lo como sócio. Impressionante, este Sousa Tavares. Primeiro, suponho que um jornal deva nascer apenas com dinheiro caído do céu, de forma a não poder sofrer quaisquer pressões. Depois, o comportamento normal de um accionista é  em todo o mundo se sabe  tentar prejudicar o negócio onde meteu dinheiro.


publicado por José António Abreu às 21:14
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Terça-feira, 3 de Novembro de 2009
O carreiro
Sou leitor regular (não diário mas quase) do jornal Público. Há um par de anos, quando o excelso, impoluto e visionário licenciado em engenharia que nos lidera começou a atacá-lo (verbalmente e excluindo-o das campanhas publicitárias de organismos estatais), passei a comprá-lo ainda mais amiúde: quando o poder é arrogante, mais necessárias se tornam as vozes dos que não se deixaram comprar ou ofuscar. Nos últimos meses, o Público terá cometido erros. Ter-se-á deixado usar pelos interesses (e pela falta de jeito para intrigas) do PSD e do Presidente da República. É possível que sim. Mas prefiro, de longe, um jornal que comete erros mas investiga e noticia os inúmeros casos dúbios (e «dúbio» é um eufemismo tão grande que até tenho vergonha do o escrever) da política portuguesa do que outro, que finge ser sério e isento quando mais não é do que uma versão circunspecta do Acção Socialista.
 
A saída de José Manuel Fernandes era inevitável. Nada em Portugal subsiste sem o beneplácito do Estado. Trata-se quase de um milagre – agradeça-se ao feitio «antes quebrar que torcer» da família Azevedo – que o Público tenha aguentado durante tanto tempo. Como no caso da TVI, isso acabou. No primeiro editorial da nova direcção perpassa algum nojo pelo passado recente. Anuncia-se uma nova etapa. Menciona-se o fundador Vicente Jorge Silva (ainda por cima para referir as críticas que ele – um ex-deputado socialista – fez recentemente ao jornal) mas evitam-se referências a José Manuel Fernandes. Não surpreende: afastamo-nos tão rapidamente quanto podemos dos que caíram em desgraça. No mundo animal, o instinto de sobrevivência tende a prevalecer sobre todos os outros. Discordei muitas vezes de José Manuel Fernandes. Considero que cometeu erros grosseiros. Mas escrevia o que pensava. Hoje, não sei (ainda?) o que é o Público. O pormenor dos editoriais passarem a não ser assinados é menor mas significativo. Escrevia alguém algures que na maioria dos países não é habitual os editoriais serem assinados. Outra pessoa ironizava com a coincidência de muitos dos que se insurgem contra o facto lerem a The Economist, onde também não são. A verdade é que a The Economist tem uma linha editorial clara. Toma posição em todas as questões importantes. Como é de resto tradição no mundo anglo-saxónico. (Mas não só: alguém tem dúvidas quanto ao alinhamento do El País ou do El Mundo?) Em Portugal, nação de pessoas cinzentas, comprometidas e cobardes, nenhum meio de comunicação se atreve a fazê-lo (excepto – quão ridículo se pode ser? – quando a política em debate é a norte-americana). A «neutralidade» (um conceito absurdo e maligno) é um mantra na comunicação social, o «respeitinho» a regra que ninguém se atreve a questionar. Com a previsível entrada do Público no carreiro dos órgãos de comunicação bem-comportados (outro eufemismo), este «ninguém» está cada vez mais pequeno.


publicado por José António Abreu às 20:16
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Sábado, 19 de Setembro de 2009
As coincidências

Pode arranjar-se uma montanha de justificações aparentemente inatacáveis, enunciadas em voz ressoando a ultraje ou escritas em estilo de homilia, mas as coincidências assustam. Não é preciso dizer mais do que isto. Ou talvez apenas que, a seguir, será o Sol. Porque só resta ele.



publicado por José António Abreu às 09:51
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Quinta-feira, 9 de Julho de 2009
Como estragar um post cheio de sensibilidade sobre um filme para mulheres e um par de sapatos

Os jornais Metro e Meia Hora de hoje trazem em destaque na primeira página um novo filme – “A Proposta” – protagonizado pela simpática mas cinefilamente descartável Sandra Bullock (gosto de ti na mesma, miúda). Podia discutir-se a relevância jornalística do assunto mas, como qualquer pessoa com um neurónio em razoável estado de funcionamento já percebeu que as primeiras páginas dos jornais gratuitos nada têm a ver com critérios jornalísticos, não vale a pena ir por aí. O Pacheco Pereira que o faça no seu novo programa. A mim prendeu-me o olhar a enorme foto na primeira página do Metro que mostra uma Sandra Bullock de joelhos no passeio perante um homem ligeiramente curvado. Para as sensibilidades feministas não ficarem já eriçadas, esclareça-se que Bullock tem afixada na face visível (a esquerda; e, como nunca me apercebi que a simpática texana fosse aparentada com o Two-face das histórias do Batman, a direita deve apresentar as mesmas condições), uma expressão que indica ter plena consciência da figura que faz mas, ainda assim, estar divertida. Uma expressão a modos que “ó pra mim a fazer de rapariga tolamente apaixonada”. Sem ter lido uma linha sobre o filme, aposto que é uma obra-prima da dimensão de um While You Were Sleeping, também com Bullock, ou de um Serendipity, com essoutra adorável rapariga, estrela de tantas obras-primas quanto os prémios Nobel que Lobo Antunes já ganhou (mas ambos merecem muito mais), Kate Beckinsale. (É verdade que Serendipity tem o John Cusack, o que transforma automaticamente qualquer filme numa obra-prima ou, se incluir também a Joan Cusack – como o Grosse Point Blank –, numa obra-irmã). Ainda assim, como o(a) leitor(a) – sim, acorde, estou a falar consigo – certamente já percebeu, tudo isto serve apenas de introdução para o verdadeiro assunto deste post. E esse assunto (reúnam as senhoras, por favor) é sapatos. Na foto, Sandra calça um par de sapatos pretos de salto muito, mas muito alto. (Nesta época de preocupações com a saúde tem uma certa piada que as mulheres se estejam nas tintas para a saúde da sua – delas – coluna vertebral mas, como homem, nada tenho contra um belo par de pernas encavalitado num par de sapatos de salto muito, mas muito alto.) Como Sandra está de joelhos, os saltos ficam espetados no ar num ângulo de aproximadamente trinta graus com a horizontal (lá por estar a falar de sapatos não vou deixar de ser homem), criando duas armas brancas (que, no caso, são pretas) que deviam estar na lista das armas proibidas. Mais importante, as belas biqueiras pretas envernizadas roçam no pavimento, sendo impossível que tenham terminado a cena incólumes. Ora, num filme direccionado ao público feminino (e a homens sensíveis como eu), este parece-me um erro de proporções bíblicas. Espero bem que, no genérico final, surja a indicação de que nenhum sapato foi maltratado durante a rodagem do filme e que, nas entrevistas ao Mário Augusto, a realizadora (Anne Fletcher, que nada me diz) explique que Sandra estava descalça e que os sapatos foram acrescentados digitalmente depois de rodada a cena. E, agora que a imagino fazendo a cena sem sapatos, não resisto também a imaginar que toda a roupa foi acrescentada à posteriori (até porque entretanto descobri isto, onde Sandra refere cenas de nudez e explica a forma correcta de fazer um filme), o que permitiria poupar imenso em guarda-roupa e abre um novo leque de interpretações para uma cena de um filme chamado “A Proposta” onde uma mulher atraente se encontra de joelhos defronte de um homem em pé, com uma expressão (pelo menos na face visível) de menina transgressora. As feministas e os sapatos que se lixem.



publicado por José António Abreu às 18:42
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Sexta-feira, 26 de Junho de 2009
Pi

Compro regularmente o Público (o jornal, que não tenho dinheiro nem possuo canais de televisão para me abalançar a comprar o outro). Aprecio os colunistas mesmo quando me deixam a ranger os dentes de irritação e considero-o um dos poucos órgãos de comunicação social com carácter suficiente para resistir às pressões do nosso querido Primeiro-Ministro e de sus diligentes muchachos. (O Sol também mas tem o “outro” engenheiro, a TVI também mas tem a Manuela.) A edição de sexta-feira é, de longe, o meu semanário preferido (mas era-o ainda mais quando o Inimigo Público saía nesse dia). Nas últimas semanas tenho também comprado o i. Alguns colunistas não são brilhantes, o espaço dedicado à cultura é exíguo (por favor, aprendam com o já confessado erro do governo), o posicionamento ideológico é um pouco cinzento (talvez rosa – vá lá, rosa claro – fosse mais correcto) mas as tentativas para explicar e desenvolver os assuntos, a fuga (com uma ou outra escorregadela) a temas ocos, a revista dos Sábados e até o lay-out, o tamanho, o papel (muito melhor que o do Público), e os agrafes me agradam.

 

Ainda assim, reparei hoje que se calhar tudo o que ficou acima é irrelevante. Por razões que me escapam, parece que sou compelido a comprar jornais com uma única letra no cabeçalho.

 

 



publicado por José António Abreu às 12:53
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