como sobreviver submerso.
Domingo, 12 de Agosto de 2012
De volta à rotina ou welcome back, Rui Santos
E agora, durante quatro anos, dezenas de modalidades desportivas ficam novamente remetidas à obscuridade. Sendo que se alguma coisa os Jogos Olímpicos demonstram é que, em termos de espectacularidade, o futebol está longe de justificar a hegemonia de que goza na maior parte do planeta. Como os norte-americanos costumam referir, trata-se de uma modalidade em que nada acontece durante a maior parte do tempo e é também das poucas onde se pode verdadeiramente jogar para o empate – com frequência, a zero.
Quinta-feira, 2 de Agosto de 2012
A(s) beleza(s) dos Jogos Olímpicos
Uma mulher enviou-me por correio electrónico uma foto com nadadores olímpicos australianos:
Encolhi os ombros (afinal, estão apenas um bocadinho mais em forma do que eu) e respondi com uma dose dupla de voleibolistas norte-americanas:
Aguardo nova cartada mas considero-me a ganhar por 7-4 (com vantagem em caso de empate final, uma vez que os nadadores mantêm alguma roupa vestida). Não quero ser demasiado optimista (é preciso respeitar o adversário, as hipóteses são de 50% para cada lado, o jogo só acaba quando o árbitro apita, etc.) mas estou confiante: tenho vários trunfos na manga, incluindo a outra e, na vertente feminina, quase obscena variante do voleibol: o de praia. Entretanto pus-me a pensar que brincadeiras destas são como fazer parte de uma equipa mas preferir o estilo de jogo da equipa rival. No fundo, está-se a dizer: não, não, vocês é que são melhores. Pus-me a pensar nisso e também que, lá em Londres, alguém devia apresentar os nadadores australianos às voleibolistas norte-americanas. É que, apesar dos corpos tonificados, talvez por não conseguirem tirar o Lochte e o Phelps da cabeça, eles parecem tão tristonhos. Poderiam é necessitar de reforços: são só quatro, coitaditos, e não conseguindo deixar de pensar no Lochte e no Phelps...
(As fotos das voleibolistas são da
ESPN. A dos nadadores não faço ideia.)
Segunda-feira, 30 de Julho de 2012
Alerta de tsunami
Telma Monteiro
perdeu, esboroando-se assim uma das raras hipóteses de atletas portugueses (e não de Portugal) chegarem a uma medalha nestes Jogos Olímpicos. Aguarda-se enxurrada de críticas por parte de gente que nunca esteve em posição de conseguir o que quer que fosse por nem sequer alguma vez se ter aplicado a fundo a tentar consegui-lo.
Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2010
Finais felizes
É adequado porque os norte-americanos, no seu ingénuo optimismo, são loucos por finais felizes. Quantos filmes não estragaram com a inclusão forçada de um? Mas as histórias de sucesso improvável, no desporto e noutras áreas, não acontecem com e não encantam apenas americanos. Todos os espectadores de ténis já ouviram dezenas de vezes a história de como Maria Sharapova viajou da Sibéria para o estrelato e o que isso representou em esforço e risco para os pais dela. Costumam ser embelezadas, estas histórias. Ainda assim, valem a pena. Quem tem por hábito assistir às provas de esqui alpino também sabe que Bode Miller cresceu numa cabana perdida em Franconia, New Hampshire, onde era forçado a usar skis até para ir à casa de banho. Que ganhou duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos de 2002, em Salt Lake City, e que depois perdeu uma delas e que depois perdeu uma delas mas não por doping ou outras questões ligadas ao desporto; perdeu-a como se perdem as chaves de casa ou o telemóvel. Já está a par do seu espírito rebelde e frequentemente rebarbativo, do seu desprezo pelo lado comercial do desporto e de como detesta dar entrevistas. Sabe que, chegando como favorito aos Jogos Olímpicos de Turim, falhou em todas as provas. Acompanhou os seus últimos anos, que pareceram de declínio. Não tinha certamente grandes esperanças de que ele viesse a ser uma das principais figuras dos Jogos de Vancouver, apesar de se dizer que ele foi para Vancouver com a intenção de ganhar a medalha de ouro que sempre lhe escapou. Depois de conquistar uma de prata e outra de bronze (o que já era mais do que alguém, e talvez mesmo ele, verdadeiramente esperava), venceu, contra todas as expectativas, o ouro na prova de Super Combinado. Depois de uma descida razoável, fez um slalom absolutamente inebriante, sempre no limiar da queda. Miller não é como Lindsey Vonn ou, no ténis, Roger Federer. O que ele faz não parece fácil. Pelo contrário, dá muitas vezes a sensação de estar prestes a cair, desafiando todas as regras, incluindo as da gravidade. Na sua autobiografia, Bode: Go Fast, Be Good, Have Fun, há uma frase que diz tudo: o objectivo dele ao iniciar a carreira não era ganhar muitas provas nem muito dinheiro mas «fazer ski tão depressa quanto o universo natural permitisse». Na realidade, há dois anos, na descida de Kitzbühel, mostrando-nos que talvez vivamos mesmo dentro da Matrix, pareceu ir além disso e dobrar as leis do universo à sua vontade. É muito possível que coloque um ponto final na carreira a seguir aos jogos. Se o fizer, termina-a com o indispensável final feliz.
Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 2010
Vonnderbar
Esta rapariga, de nome Lindsey Vonn, vencedora de cinco dos seis
downhills realizados este ano na Taça do Mundo de esqui alpino e
medalha de ouro há poucos minutos no
downhill dos Jogos Olímpicos de Vancouver (ou Vonncouver, como alguns dizem), também me faz pensar nas
circunferências do meu professor de matemática. E, para um tipo desavergonhadamente heterossexual e pouco politicamente correcto como eu, apresenta claras
vantagens sobre o Federer (de quem, numa demonstração de bom gosto, ela é fã).
(A foto foi retirada do link incluído no texto.)