como sobreviver submerso.

Sábado, 14 de Maio de 2016
Quando as coisas são bem feitas e não há um Tribunal protegendo a igualdade dos que são mais iguais do que os outros
Irlanda soma e segue. Moody’s elogia governo e sobe “rating” para A.

 

A agência Moody’s chegou a atribuir um rating de lixo à Irlanda, no auge da crise da dívida, mas a notação foi melhorada à medida que a dívida foi sendo reduzida — algo para que foi crucial o país ter estado a crescer a uma taxa de 7% no final do ano passado. No final do ano passado, o rácio de dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) já tinha caído para menos de 100% (94%).

(...)

Na opinião da Moody’s, o risco de uma inversão da consolidação orçamental verificada nos últimos anos é baixo. "O acordo político recente entre os dois maiores partidos no parlamento e a recente eleição de um governo minoritário liderado pelo Fine Gael [de Enda Kenny], que evidenciou um registo forte de gestão orçamental nos últimos anos, dá-nos conforto de que o défice orçamental vai continuar a ser reduzido nos próximos anos".



publicado por José António Abreu às 12:43
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Quinta-feira, 26 de Novembro de 2015
Treze gráficos

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Atente-se no gráfico sobre o investimento: até 2003, em Portugal investiu-se sempre mais do que na Irlanda - com muito piores resultados. Não interessa: há quem continue a ver o Estado como o principal dinamizador da economia. Repare-se também no gráfico sobre a despesa pública: após o disparo causado pelo salvamento dos bancos, a Irlanda centrou a correcção nos cortes de despesa e regressou a níveis inferiores a 40% do PIB. Portugal não atinge esse patamar desde a década de 1980; não atinge sequer um nível em torno dos 42% ou 43% - que já seria incrivelmente libertador para a economia - desde a de 1990. Não importa: há quem continue a defender que um Estado pesado não trava o desenvolvimento de uma economia débil. Veja-se o curioso gráfico acerca dos trabalhadores sindicalizados: com um modelo menos apoiado no sector público, a Irlanda consegue apresentar uma percentagem mais elevada. De somenos: o papel dos sindicatos é defender leis laborais rígidas e a manutenção de empresas deficitárias na esfera pública. Analise-se a taxa de mortalidade infantil (um dos justificados orgulhos de Portugal, que afinal a Troika não destruiu): parece que também pode ser garantida por um sistema de saúde em que o Estado chegou a despender anualmente menos 1,5% do PIB (conforme o gráfico sobre os gastos públicos com saúde). Que importa? Os números não dizem tudo; a saúde tem a ver com «pessoas». Mas, a propósito de pessoas, estude-se o gráfico sobre o coeficiente de Gini: com menos dinheiro público, a Irlanda criou uma sociedade mais igualitária (nota adicional: ao contrário do que afirmam muitas vozes, em Portugal não houve aumento da desigualdade com a chegada da Troika mas uma ligeira redução). Vergonhoso, fazer tal referência: o papel do Estado é apoiar quem precisa, sem olhar a custos. Notem-se ainda o saldo das contas públicas, o PIB per capita (indicador de produtividade e justificação de factores tão irrelevantes como o nível salarial), a taxa de desemprego, o nível da poupança (depauperado em Portugal e na Grécia pelo crédito barato e por estímulos públicos errados), o valor dos salários. Irrelevante, uma e outra vez: o modelo de desenvolvimento seguido em Portugal e na Grécia está correcto. Os problemas advêm do euro, da «austeridade» e da Alemanha.
 

Uma e outra vez, recusamos as evidências e cometemos os mesmos erros. Guterres sabia o que era necessário fazer mas desistiu antes de começar. Durão foi eleito prometendo fazê-lo mas fugiu quando isso se revelou difícil. Sócrates garantiu tudo e o seu oposto e só fez o oposto. Apenas Passos avançou realmente no sentido correcto. Timidamente. Com erros, constrangimentos (incluindo os gerados por facções dentro do PSD e CDS), adiamentos (fatais, num país de tamanha inércia). Enfrentando bloqueios constitucionais e níveis recordes de demagogia (por parte do PS, que levara o país à beira do abismo, mas também de inúmeras vozes com direito a tempo de antena). Obteve resultados ténues (tudo isto demora, exige paciência e capacidade de perseverança) mas encorajadores. Nos próximos meses, Costa e Centeno, agrilhoados às fantasias utópico-revolucionárias de Jerónimo, Catarina e Arménio, inverterão o ciclo. O sector público será novamente privilegiado à custa do privado. O investimento e o emprego (este muito em particular se a CGTP conseguir juntar o reforço da contratação colectiva e a limitação dos recibos verdes ao já programado aumento do salário mínimo) ressentir-se-ão. É verdade que, no imediato, haverá mais dinheiro disponível e tudo parecerá correr melhor. Depois, os problemas regressarão - mais graves, esgotada a acção do BCE e o capital de simpatia conseguido junto dos parceiros europeus, com os investidores cada vez menos predispostos a apostar num país que muda de ideias a cada governo e uma economia mundial que dificilmente escapará a uma crise (basta a FED subir as taxas de juro e os BRICs ressentir-se-ão).

 

Em Portugal - como na Grécia, como na maioria dos países da América Latina, como até em Itália e em França -, continua a acreditar-se que a riqueza é gerada através da despesa pública, da governação por decreto, da perseguição ao lucro. Acontece desta forma porque os cidadãos temem a mudança e porque dá jeito aos políticos que assim seja: um Estado leve, com menos a distribuir (empregos, contratos, obras, apoios), não liberta apenas a economia; liberta também os eleitores.

 

Treze gráficos. E podiam ser mais. Mas para quê? Em Portugal, poucos os querem ver, menos ainda os desejam perceber.



publicado por José António Abreu às 13:44
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Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2013
O que seria de nós sem o TC?
Sem protecção constitucional da despesa pública, a Irlanda viu a economia crescer 1,5% no terceiro trimestre. Portugal terá provavelmente mais um aumento de impostos.

 

(O qual – e se isto diz imenso sobre o país que somos, diz ainda mais sobre o país que nunca fomos nem nunca seremos – causará incomparavelmente menos polémica do que quaisquer cortes, para além de zero suspeitas de inconstitucionalidade.)



publicado por José António Abreu às 10:31
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