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Afirma que as redes sociais e a Internet estão a mudar o cérebro dos adolescentes. Porquê?
É uma questão muito complexa. É como perguntar se um carro é bom ou mau. Tudo depende da forma como se conduz.
Mas é muito crítica em relação ao uso das novas tecnologias informáticas.
Nunca disse que os computadores são maus para o cérebro. O que disse foi que o cérebro humano se adapta ao ambiente que o rodeia, por isso somos uma espécie tão bem sucedida. E nos últimos anos houve mudanças enormes no ambiente e nos estímulos que rodeiam a mente humana, sobretudo devido ao aparecimento da Internet e de outras tecnologias informáticas. A situação actual é semelhante às alterações climáticas. Eu chamo-lhes alterações mentais. Há quem diga que estamos condenados, outros defendem que a ciência pode ajudar a resolver o problema.
Como?
Essa mudança mental tem a ver com a forma como o cérebro processa a informação. Alguns pais dizem que os filhos terão acesso às novas ferramentas informáticas quer queiram quer não. Mas eu defendo que devemos controlar esta área.
De que forma?
O acesso a alguns sites e às redes sociais influencia muito a forma como as crianças e os adolescentes se relacionam uns com os outros, assistimos a uma perda de empatia nas novas gerações. Muitos jovens têm problemas de identidade e de relacionamento com os colegas. Os videojogos são altamente viciantes, podem gerar distúrbios de atenção e agressividade. Os motores de busca estão a alterar a forma como processamos a memória e armazenamos os conhecimentos.
Os estudos mais recentes mostram que há mesmo alterações físicas no cérebro, por causa do uso frequente da Internet, dos videojogos e das redes sociais...
Exacto. Os dados mostram que há zonas do cérebro com anormalidades devido ao uso excessivo de videojogos e tecnologias informáticas. Uma das alterações é a forma como se liberta dopamina [a molécula produzida no cérebro responsável pelas sensações de prazer]. Verificou-se que as crianças que jogam videojogos começam a ter padrões cerebrais idênticos aos jogadores viciados em casinos.
[...]
No seu estudo encontrou casos dramáticos de dependência da Internet?
Sim, há casos de crianças que passam o tempo fechadas no quarto a brincar com o computador.
E que consequências tem isso?
Desligam-se dos amigos e têm muita dificuldade em interpretar os sentimentos de outras pessoas, não conseguem descodificar a linguagem corporal e o tom de voz em situações normais. Não conseguem distinguir se uma pessoa está triste ou alegre porque estão desligadas da realidade. As relações sociais precisam de muito treino, cara a cara, e há uma nova geração que só comunica por computador.
Isso pode explicar a falta de compreensão, os incidentes violentos, os tiroteios, por exemplo?
Se eu disser "O meu pai morreu" e a resposta for "Isso não me interessa nada", seria algo que me perturbaria muito. Ora este tipo de respostas está a aumentar. Este Verão, um atleta olímpico britânico, Tom Daley, cujo pai tinha morrido pouco tempo antes das provas, recebeu mensagens horríveis quando ganhou a medalha de bronze e não a de ouro, como se esperava. Eram coisas do género: "O seu pai teria vergonha da sua prestação." Esse tipo de atitude era impensável há alguns anos. As pessoas estão a perder a empatia.
(Da entrevista de Luís Silvestre a Susan Greenfield, cientista britânica, especialista em fisiologia do cérebro, professora de farmacologia sináptica na Universidade de Oxford, na revista Sábado desta semana.)
Há um post no Delito de Opinião que apenas em parte encaixa neste blogue pacato onde pouca gente deixa comentários. Se desejarem lê-lo, dêem um salto até lá. Podem usar um dos seguintes links mas cuidado com os outros:
Primeira sugestão do Google a partir das letras «ho»: hotmail.
Primeira sugestão do Bing a partir das letras «ho»: how many exclamation points in portnoy’s complaint.
Estar no interior do país com uma ligação móvel à net que demora quinze segundos a carregar um ecrã branco é uma experiência que se deve saborear. A sério. Como quando o trânsito se arrasta sem parecer sair do sítio. Não são situações para ficar exasperado. São situações para esboçar um ligeiro sorriso e para visualizar a Carrie-Ann Moss (as senhoras podem visualizar o Keanu Reeves, se preferirem) suspensa no ar, braços e pernas flectidos, enquanto uma câmara rodopia à sua volta. Ou para nos imaginarmos no lugar da câmara sobrevoando as tais filas de trânsito parado. São momentos de transcendência. De ioga do quotidiano, sem necessidade de fazer o pino. E são também experiências físicas. Físicas no sentido de Newton e, especialmente, de Einstein. Se fosse tudo ainda um pouco mais lento (apenas mais um bocadinho), o tempo recuaria. Olho para o ecrã do computador onde há mais de dois minutos devia ter surgido a página de blogues do Sapo e sinto-me prestes a rejuvenescer.
De vez em quando, para saber informações sobre um país, vou ao site da CIA e consulto o World Factbook (Fbook para os amigos). Não é lá muito ilustrado mas está bem organizado e a montanha de dados que surge parece credível. Acho sempre interessante saber que a taxa de fertilidade de Kiribati é estimada este ano em 4,04 e que a taxa de desemprego no Turquemenistão se presumia rondar 60% no ano de 2004, o que coloca os nossos queridos governantes sob uma nova luz. (Já a histeria dos militantes do Bloco de Esquerda local deve ter sido ouvida em Buxoro, no vizinho Uzbequistão). No entanto, considerando os famigerados e frequentes enganos da CIA, fico sempre na dúvida. Não haverá erros no posicionamento das vírgulas (que, sendo a CIA americana, são pontos)? Não serão 40,4 filhos por mulher ou 6% de taxa de desemprego? Os mapas estarão certos? Não será afinal o Turquemenistão uma região da Turquia? E há ainda duas outras questões que me preocupam. Mesmo aceitando as informações como verdadeiras, a CIA deixa perguntas sem resposta. Por exemplo: por que diabo tantos países centro-asiáticos têm nome acabado em “istão”? E ainda, será que eles não investigam imediatamente qualquer pessoa que aceda ao site? Nesse caso, devem agora estar a tentar descobrir onde fica Portugal e qual a diferença entre Vila Nova de Gaia e o Porto. A primeira questão pode ser respondida acedendo ao CIA World Factbook – espero que se lembrem – mas a segunda vai dar-lhes mais trabalho. Rezemos para que um satélite mal focado não confunda os barcos-rabelo com navios de guerra e as cubas de vinho do Porto com depósitos de armas químicas.
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