como sobreviver submerso.

Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009
Mamíferos
Às vezes apanho-me a ver aqueles programas televisivos especializados em entrevistas a «celebridades», festas pejadas de «celebridades», viagens, sessões fotográficas e saídas para compras com «celebridades». Vocês sabem: programas como o Fama Show ou a coisa ectoplásmica que dá pelo nome de Só Visto! (sim, confirmei que tem ponto de exclamação). Nessas alturas fico na dúvida se fui dominado pela minha costela pimba (todos a temos), pela minha costela voyeurística (idem), ou pela minha costela masoquista (que sempre pensei ser uma das superiores, mais pequeninas). Mas não me resta qualquer dúvida de que, como dizia Seth Meyers no episódio do Saturday Night Live que a Fox transmitiu no Sábado passado (e percebemos que a realidade está mesmo absurda quando o humor deixa de ser nonsense para passar a evidência), «Chegámos a um ponto em que 'celebridade' apenas significa 'mamífero'.»
 
(E vai-se a ver ainda há algures um escaravelho famoso.)


publicado por José António Abreu às 13:06
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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009
Isto é bom, não foi?

Os álbuns estão a ficar mais pequenos e os novos artistas são considerados génios quando produzem meia hora de boa música. Antes, mesmo nos tempos do vinil, um álbum tinha no mínimo perto de quarenta minutos. Agora, cerca de trinta, vá lá trinta e cinco, são mais que suficientes. Antes, a maioria das bandas tornava-se notada ao terceiro ou quarto álbum. (Verifiquem: Springsteen? Born to Run, terceiro álbum; U2? War, terceiro álbum; Depeche Mode? Some Great Reward, quarto álbum; Mettalica? Master of Puppets, terceiro álbum; Radiohead? OK Computer, terceiro álbum.) Agora, a coisa ou funciona à primeira ou já não se vai a lado nenhum. (É como se um autor que publicou apenas o seu primeiro conto longo fosse proposto para o prémio Nobel.) Na verdade, raramente se vai a algum lado de relevo porque não é habitual esses génios lançarem uma segunda meia hora capaz de manter o entusiasmo dos ouvintes – porque estes estão entusiasmados com uma nova banda, que acabou de lançar o seu mini-álbum e goza seus quinze minutos de fama, ou porque, se calhar, a primeira meia hora era apenas boa. E provavelmente igualzinha a algo lançado nos anos sessenta. Ou setenta. Ou oitenta. Ou uma mistura de coisas lançadas nas três décadas citadas (isso então leva os críticos ao orgasmo – e os discos às cinco estrelas).

 
Dá-me a sensação que os temas também estão a ficar mais curtos. Micachu, “o presente da pop”, tal como enunciado pelo suplemento Ípsilon do Público de 10 de Abril, lançou um primeiro álbum recheado com temas de um minuto e tal ou dois minutos e pouco. Na entrevista, reconhece ser um produto dos tempos actuais, com capacidade de retenção limitada. As cinco estrelas do último número do mesmo suplemento vão para o primeiro álbum dos The Pains of Being Pure at Heart. É bom. Soa a anos oitenta. Tem cerca de trinta e cinco minutos. Apenas três temas atingem os quatro minutos. Nenhum – uffff – passa dos cinco.


publicado por José António Abreu às 18:47
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