como sobreviver submerso.

Quarta-feira, 21 de Setembro de 2011
Como assegurar bonitas fotografias de férias
Solução fácil, com resultados garantidos mesmo em condições climatéricas adversas, permite dispensar a deslocação aos locais retratados e ainda assim poder afirmar-se que «fui eu que tirei». Uma sugestão: é conveniente retirar os postais do expositor antes de os fotografar porque o arame talvez denuncie o estratagema.


publicado por José António Abreu às 12:50
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Domingo, 28 de Agosto de 2011
O maravilhoso relato e as belas fotografias das férias

Regressa-se de férias e fala-se do tempo que se apanhou (nunca tão mau que tenha arruinado a experiência), dos locais que se visitaram (quase todos pelo menos muito giros), da temperatura da água da praia onde se ficou assim fantasticamente bronzeado (mas só se fala do bronzeado depois de alguém o mencionar primeiro). Evita-se abordar os maus momentos (de chatice, desilusão, irritação, cansaço) que, aliás, são empurrados para um canto escuro do cérebro onde, com sorte, apenas se voltará nas férias do ano seguinte, ao enfrentar momentos de chatice, desilusão, irritação e cansaço exactamente iguais. Trazem-se centenas ou milhares de fotografias que se mostram a familiares, amigos e colegas de trabalho. Noventa e cinco por cento (vêem, sou capaz de ser magnânimo) são más (tortas, desfocadas, tremidas, cheias de ruído digital, mostrando um primeiro plano vazio e um segundo plano desinteressante); pior, há uma média de trinta e oito fotografias por local, sendo que na maioria dos casos duas seriam suficientes (com frequência, uma; por vezes, nenhuma). Trata-se de um massacre que as vítimas (mas vítimas que tendem a pôr-se a jeito) suportam com um sorriso cada vez mais dorido. Ainda assim, toda a gente mantém as aparências.

 

No que me diz respeito, evito fazer longas descrições das minhas férias e quase não mostro fotografias. Explico que nem pensar em apresentá-las assim, por seleccionar. Seria demasiado penoso para quem as visse, acrescento. Não resulta. Ninguém parece ouvir-me. Ninguém percebe a mensagem implícita e toda a gente continua a mostrar-me cada uma das centenas de fotos que tirou nas férias e a repreender-me por não mostrar as minhas. Serei a única pessoa não-masoquista no raio do planeta? Decididamente, regressar de férias sucks. Mesmo quando são os outros a fazê-lo.

Catedral de Siena. Espectacular, é o que vos digo.
Tenho mais vinte e duas, só do interior.
Já sei: vou publicá-las ao ritmo de uma por dia, ok?
 

Adenda: Se alguma daquelas pessoas que costumam mostrar-me centenas de fotografias de férias estiver a ler isto, é favor ter em conta que não estou a falar dela mas das outras pessoas que costumam mostrar-me centenas de fotografias de férias. (A sério: as tuas são super-giras.)


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publicado por José António Abreu às 23:26
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Quinta-feira, 25 de Agosto de 2011
Vendem-se t-shirts

Perfeitas para poupar saliva a quem regressa de férias. De cor branca ou preta, disponíveis em todos os tamanhos de adulto, com uma das seguintes frases estampada na parte frontal:

Versão 1: «O tempo esteve excelente e a água um espanto!»

Versão 2: «Ainda apanhámos um bocadinho de chuva mas esteve quase sempre bom.»

Versão 3: «Oh, assim como assim, o importante é descansar.»

Preço: €15,00 cada. Desconto de 10% na compra das três versões (aproveite: as que não usar este ano, usa nos próximos).



publicado por José António Abreu às 13:33
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Quinta-feira, 2 de Setembro de 2010
Viagens superficiais
«Não gosto de repetir sítios», dizia, em tom de voz inquestionável e onde se podia mesmo detectar uma pontinha de horror. Falava de férias. Como se viajar fosse um processo de coleccionar carimbos e voltar aos mesmos lugares desse menos pontos do que fazer-se fotografar em frente a uma nova catedral (construída quando, por decisão de quem, em nome de que fé, pormenores irrelevantes quando comparados com o facto de ser mais ou menos imponente do que as anteriores – e de nunca se ter estado em frente dela). Viajar como que desempenhando uma tarefa num jogo de regras rígidas. Viajar para poder dizer que já se esteve em não sei quantos lugares diferentes. Mesmo que só o nome do país mude (leiam este post de Manuel Jorge Marmelo). Mas talvez assim evitem a sensação de não estarem sequer a conseguir arranhar a superfície dos lugares visitados. Sinto-a sempre, quando viajo. Nesta como noutras coisas, não tentar, nem sequer pensar em tentar, deve efectivamente ser mais fácil. A superficialidade como defesa contra a sensação de incapacidade para ir além da superficialidade. Brilhante. Óbvio. Por que não contentar-me com isso?
    
   
   
(Para ir de encontro ao post de M. J. Marmelo escolhi fotos tiradas em Cabo Verde – as cinco primeiras na Cidade da Praia, a última no Tarrafal. Já agora, leiam As Sereias do Mindelo, também escrito por ele.)


publicado por José António Abreu às 00:03
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