The Pirate Party wants to fundamentally reform copyright law, get rid of the patent system, and ensure that citizens' rights to privacy are respected. With this agenda, and only this, we are making a bid for representation in the European and Swedish parliaments.
Com as linhas gerais apresentadas acima, o partido pirata sueco conseguiu 7,13% dos votos nas eleições europeias de domingo passado e elegeu um deputado. Por cá, li comentários de várias pessoas (por exemplo, no site da revista Blitz), garantindo que, existisse um partido similar em Portugal, votariam nele. Bom, talvez venham a ter oportunidade de o fazer, uma vez que parece que existe ou está em vias de existir. Isso não impede que, no meio de uma crise global (ou mesmo fora dela), achar que o motivo certo para conceder o voto a um determinado partido é este defender a total eliminação de patentes e a quase total eliminação dos direitos de autor, seja uma incrível demonstração de falta de contacto com a realidade. Os “piratas” não defendem um sistema político ou social específico, não têm uma visão da economia, não propõem soluções para os problemas dos sistemas de saúde, educação ou justiça, não se preocupam com a sustentabilidade da segurança social. Como eles próprios admitem (releiam a citação), o programa é apenas reformar os direitos de autor (abolindo-os ou, nos casos de utilização comercial, limitando-os a cinco anos), eliminar o sistema de patentes (propõem que o estado financie a investigação farmacêutica) e garantir o direito à privacidade (hurra!). Isto foi suficiente para que 225 915 suecos lhes dessem o voto. Por mais que tente evitá-lo, a palavra “idiotas” não pára de rodopiar dentro da minha cabeça.
«Tenho as minhas forças e tenho as minhas fraquezas. Sei que há coisas que faço bem e coisas que não faço tão bem. Aprendi que devemos estar sempre a aprender.»
Gordon Brown, primeiro-ministro britânico.
«Eu quero garantir aos portugueses que estes resultados em nada diminuem a determinação do PS para estar à altura das suas responsabilidades na governação do nosso país.» «Esta noite noite dá-nos apenas mais vontade, mais ânimo, e mais energia, para encararmos com determinação, as tarefas, que o partido socialista, tem pela frente.»
José Sócrates, primeiro-ministro português.
Nota: as vírgulas na segunda frase de Sócrates não são engano. Pede-se, aliás, que a frase seja lida fazendo pausas em cada uma delas.
No post anterior adiantei uma explicação para os resultados das eleições europeias terem dado vantagem aos partidos de direita, mesmo em países onde se encontram no poder. Lendo o que se tem escrito na net, tudo indica que é uma explicação demasiado optimista, se não totalmente ingénua.
De facto, a verdade parece ser que os partidos de direita ganharam por questões de nacionalismo, racismo e xenofobia. (Já quando a esquerda ganha, é por todas as razões certas.) Para além do atestado de menoridade que se passa aos eleitores, esta visão perpetua um mito que, por esta altura, devia ser apenas estudado em cursos de história política. Em termos que até um miúdo de três anos entenderia: esquerda - bom; direita - mau.
É verdade que alguns partidos europeus de direita têm defendido políticas mais restritivas em matéria de imigração e que Sarkozy tem feito campanha contra a integração da Turquia na UE. Até ver, nada disso é ilegítimo, como não o foi a oposição tonitruante da esquerda, assustada com o canalizador polaco, à directiva Bolkestein. Deixando de lado Berlusconi, que é um caso muito especial, alguém defende que a UMP de Sarkozy, a CDU de Merkel ou o partido conservador de Cameron são partidos de extrema-direita? E mesmo o PP espanhol, onde podem subsistir alguns tiques do Franquismo, já governou durante vários sem que tivesse ocorrido uma catástrofe política ou social (não fosse o atentado em Atocha, talvez ainda estivesse no poder).
Preocupante é sim o crescimento dos partidos de extrema-direita (por cá, o PND já conseguiu treze mil votos e na Holanda, um país com eleitores presumivelmente esclarecidos, a extrema-direita chegou aos 17%) e de extrema-esquerda (em Portugal, o PC e o Bloco atingiram mais de 21% e gozam da complacência geral). Esta fuga para os extremos é preocupante pelo que em si representa (ler post anterior) e porque os partidos moderados, de direita e de esquerda, podem tender a extremar posições (assumindo políticas securitárias à direita e políticas económicas e sociais suicidas à esquerda), numa tentativa de não deixar fugir votos para os extremos. Cabe-nos a todos, independentemente de nos considerarmos de direita ou de esquerda (e, felizmente, poucas pessoas são hoje ideologicamente "puras"), exigir que isso não aconteça. Mas convém não misturar tudo no mesmo saco.
As eleições de ontem parecem apresentar resultados razoavelmente consistentes a nível europeu: reforço dos partidos nos extremos do espectro político, tanto à direita como à esquerda, e mais forte penalização de partidos suportando governos de esquerda que de direita. O que justifica isto no meio de uma crise financeira, económica e social?
Resta saber se os partidos de direita têm efectivamente respostas à altura e se as conseguem aplicar no clima actual, com uma esquerda vociferante, uma extrema-direita a erguer a cabeça e uma comunicação social maioritariamente adversa. Se não forem capazes de o fazer, ou se as soluções falharem, depressa perderão muitos destes votos. Talvez para os extremos.
Parece que nem a presença de Sócrates na campanha ajudou Vital.
Parece que a estrategiazinha descarada de Vital e Sócrates para ligar o PSD ao BPN fez ricochete.
Parece que, segundo Sócrates, estes resultados nada têm a ver com as legislativas. Parece que, em 2004, o PS tinha outra opinião.
Parece que realmente os comícios não são necessários.
Parece que o CDS continua a existir, contra todas as empresas de sondagens.
Parece que o PSD ganhou, contra todas as empresas de sondagens.
Parece que as empresas de sondagens consultam mais pessoas de esquerda que de direita; se calhar há mais gente de esquerda com telefone fixo.
Parece que a CDU está a ter dificuldades em engolir um aumento de votos.
Parece que o BE já se acha perto de ganhar à geral.
Parece que Paulo Portas está tão emocionado por os eleitores lhe terem dado mais quatro meses de vida suspensa como o Federer estava esta tarde depois de ganhar Roland Garros.
Parece que a crise internacional não é igualmente má para todos os governos.
Parece que, apesar das sondagens terem provado não valer grande coisa, é essencial apresentar uma referente às legislativas ainda durante a noite das europeias.
Parece que estas noites estão a acabar cada vez mais cedo.
Pelos elevados valores da abstenção nas eleições europeias (e também nas outras). Espero que possamos passar a culpar apenas quem efectivamente tem culpa: os políticos que desmotivam qualquer votante e os eleitores que acham mais importantes eleições para a presidência do clube de futebol da sua preferência que eleições para o parlamento europeu.
1.
Dia de reflexão antes das eleições europeias. A primeira reacção de qualquer mortal normal é estranhar a ideia. Mas, reflectindo, talvez se descortine alguma lógica. Nos tempos actuais, fala-se muito mas pensa-se pouco. E, tal como se preocupa em criar legislação para que nos seja mais difícil fumar ou comer pão com muito sal, o estado entende que, pelo menos nestes dias, devemos pensar. Por enquanto, é uma indicação. Um dia que nos oferecem para que o façamos. Mas, da mesma forma que se pondera tornar o voto obrigatório, não é de excluir que, no fututo, pensar possa vir a ser uma obrigação legal.
2.
Fartei-me de procurar no site da Comissão Nacional de Eleições e nos das empresas de sondagens mas não encontrei quaisquer dados sobre a percentagem de pessoas que efectivamente reflecte neste dia. É pena. Alguém devia encomendar um estudo. Que, aliás, se poderia estender a outras épocas. Um barómetro mensal, por exemplo.
3.
Diz-se que a praia pode afastar muitos eleitores das urnas, reforçando a abstenção. Por aqui, o tempo está apenas razoável. Ainda assim, pergunto-me quantos eleitores a preferirão - ou aos centros comerciais - ao dever cívico de reflectir.
Deve ser exasperante para uma mente tão brilhante ter que evitar responder a uma questão para a qual tem a resposta magnificamente estruturada debaixo da alvura da frondosa cabeleira. Lixado, pá.
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