como sobreviver submerso.

Segunda-feira, 2 de Maio de 2011
Notas sobre o Estoril Open num ano em que nem lá pus os pés
O Estoril Open merecia um Court Central permanente, com cobertura amovível, capaz de proporcionar um nível de conforto mínimo aos espectadores não suficientemente afortunados para terem acesso aos camarotes e, mais importante ainda, que permitisse a realização de alguns encontros mesmo quando chove (o que ocorre pelo menos um par de dias por edição). João Lagos clama por ele há anos. Em 2008 conseguiu até que Federer se referisse ao assunto no discurso de vitória (se há coisa que os portugueses detestam é não terem condições à altura de estrelas estrangeiras). Apesar disso, e disto, desconfio que não o vai conseguir tão cedo. Mais: espero-o. Por muito que goste de ténis, há coisas mais importantes. Manter em pé os vários estádios inactivos que se construíram para o Euro 2004, por exemplo.
 
Na final deste ano, entre Juan Martin del Potro e Fernando Verdasco, torci pelo primeiro. A razão? É-me impossível torcer por alguém com um penteado como o do Verdasco.

 

Para quem tem 1,98m (um dos comentadores da RTP fazia questão de o designar por «a torre de Tandil» a cada cinco minutos) Del Potro move-se extraordinariamente bem. Depois de um ano parado por lesão, parece estar a aproximar-se da melhor forma. Óptimo. Só espero que não calhe no quarto do quadro do Federer em Roland Garros.

 

Acontece invariavelmente: a final é às três da tarde mas às quatro ainda entra gente (este ano algumas pessoas devem ter visto menos de um quarto de hora de jogo). Nos camarotes, então, o panorama aquando do início do encontro é sempre desolador, com mais de dois terços por ocupar. Suponho que será de bom-tom entrar tarde. Afinal, para muita gente com lugar de camarote mais importante do que apreciar o ténis é ser visto. De tal modo que nem há pejo em fazer os jogadores esperar enquanto calmamente se distribuem apertos de mão e beijinhos a caminho dos lugares. As nossas elites são o espelho do país: preocupadas acima de tudo com as aparências, cultivam um snobismo pacóvio e não mostram qualquer respeito por regras e horários. De cada vez que entro no Court Central do Jamor e constato a enorme área dedicada a camarotes (enfim, João Lagos terá de rentabilizar o evento) tenho vontade de me tornar ainda mais marxista do que já sou. Que é como quem diz, acrescentar o culto pelo Karl ao culto pelo Groucho.

 

A verdade é que, VIP ou plebeu, o público justificava um estudo sociológico. Apenas um exemplo, do ano passado: atrás de mim nas bancadas, apontando para dois sacos a abarrotar, impante de orgulho, dizia um homem para a pessoa do lado: «Tudo somado, levo umas cinquenta bolas, vinte chapéus e praí trinta t-shirts!» Suponho que se pode ver a questão como existindo quem saiba rentabilizar o preço do bilhete. Em tempo de crise, é capaz de não ser mal pensado.

Sacos de brindes. Iupiiiii.


publicado por José António Abreu às 23:20
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Domingo, 9 de Maio de 2010
Como fazer render 50 Euros

Compre um bilhete para o penúltimo dia do Estoril Open, esperando ver as duas meias finais masculinas e a final feminina. Chegue ao Jamor pouco depois do meio dia sob chuva persistente. Constate que nenhum encontro se iniciou e aguarde um par de horas. Não havendo alterações nas condições climatéricas, vá deixar a mala no hotel onde pernoitará e, cerca das quatro das tarde, sempre debaixo de chuva, opte por almoçar. Às cinco e qualquer coisa aperceba-se de que a chuva parou e encaminhe-se novamente para o Jamor. Fique bloqueado no trânsito da Segunda Circular, junto ao Estádio de... da... junto ao Colombo. Fuja logo que possa e siga em direcção a Alcântara. Chegue ao Jamor por volta das seis e corra até ao Court Central. Constate que Federer perdeu o primeiro set e encontra-se já a meio do segundo. Veja-o perder em cerca de meia hora. Junte-se à multidão que sai do Central em direcção ao Centralito, onde Frederico Gil disputa a outra meia final. Renda-se à evidência de que nem o irmão mais magro da Kate Moss, nu e untado em manteiga da cabeça aos pés, conseguiria entrar no court. Aperceba-se de que a final feminina também está a decorrer, num Court 1 com meia dúzia de gatos pingados (não literalmente, porque, relembre-se, parou de chover) a assistir. Sente-se e aprecie dois minutos de ténis, que é mais ou menos o tempo que demoram os cinco pontos que compõem o último jogo do encontro. Bata palmas à vencedora e à vencida e, verificando que continua a ser impossível entrar no Centralito, vá-se embora outra vez, dando o dia tenístico por concluído. Reze para que no Domingo (se também tiver bilhete para esse dia) consiga melhor rendimento dos 60 euros que lhe custou o ingresso.

 

(De momento não chove, mas...)

(Go, Gil.) 



publicado por José António Abreu às 10:24
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Domingo, 10 de Maio de 2009
Consciente e orgulhosamente atrasados.

Decorre a final do Estoril Open em ténis. Como de costume, imenso público chega atrasado - tanto público anónimo das bancadas como as putativas elites dos camarotes. Há uns tempos uma banda de pop/rock (já não me lembro qual) foi criticada por começar o concerto à hora marcada. Muitas pessoas ficam irritadas quando se aponta o seu atraso, como se, ao fazê-lo, se estivesse a ser mesquinho... Pode não parecer mas isto tem relação com o post anterior.



publicado por José António Abreu às 15:30
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Quarta-feira, 6 de Maio de 2009
Frederico Gil.

 

 

Foi pena. Gil não possui qualquer golpe especialmente bom (como ele próprio já reconheceu em entrevistas) mas tem garra. O problema é que a garra só lhe vale durante cerca de dois sets. No ano passado deu muito trabalho a Federer durante um set e meio (o suiço reconheceu-o nas declarações a seguir ao encontro). Este ano, em Miami, deu luta a Nadal durante um set e meio. No domingo passado, na final do Tunis Open, frente a Gaston Gaudio, cedeu no terceiro set. Hoje quebrou novamente no final do segundo. No terceiro já não dispôs de primeiro serviço. Sinal de fadiga.
 
Foi pena. Mesmo assim, o que Gil tem atingido e pode ainda atingir não é de desprezar. Já para não falar do facto de estar a possibilitar que algumas notícias de ténis furem o quase monopólio televisivo do futebol.
 

A foto é do ano passado. Este ano acompanho à distância.



publicado por José António Abreu às 17:33
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