como sobreviver submerso.

Terça-feira, 2 de Novembro de 2010
"You don't have to be perfect, but you have to try hard."

E agora, o que faz um ?



publicado por José António Abreu às 13:41
link do post | comentar | ver comentários (3) | favorito

Sexta-feira, 4 de Setembro de 2009
Até no ténis sou sportinguista

Ontem, um dia depois de eu ter publicado isto, Elena Dementieva foi afastada do open do Estados Unidos por uma adolescente norte-americana chamada Melanie Oudin. Pelo menos não parecem existir indícios de intervenção do PS no assunto.



publicado por José António Abreu às 12:55
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Quarta-feira, 2 de Setembro de 2009
De como nasce um fã

Por alguma razão que a minha memória não registou, 2004 foi um ano em que voltei a prestar atenção a uma data de coisas. Já aqui dei conta do renascimento do meu interesse pela fotografia. Mas 2004 foi também o ano em que voltei a acompanhar com regularidade o que se passa no mundo do ténis.

 

No início de Setembro desse ano achei-me por acaso a assistir a uma meia-final do open dos Estados Unidos entre a russa Elena Dementieva e a americana Jennifer Capriati. O estilo de jogo de Dementieva manteve-me fascinado a olhar para o ecrã. Não por ser leve e cirúrgico como o de Roger Federer, ou potente e agressivo como o de Serena Williams, ou equilibrado e imaginativo como (era) o de Martina Hingins. O de Dementieva não tinha nada disso. Deixem-me descrever rapidamente a maioria dos pontos nessa meia-final. Comecemos com Dementieva a servir: primeiro serviço fraco contra a rede ou meio metro fora do quadrado de serviço; segundo serviço fraquíssimo que, quando acertava no quadrado de serviço (Dementieva foi durante anos a «rainha das duplas faltas»), levava a bola a bater (devagar) no court e a saltar (pouco) para o lado, num efeito que deixava Capriati incrédula e desamparada; se respondia em dificuldade (por ter de lançar-se para diante para conseguir responder), Dementieva tomava conta do ponto e massacrava-a; se, apesar de tudo, Capriati conseguia uma resposta forte, Dementieva passava o tempo a correr de um lado ao outro do court, devolvendo todas as bolas até Capriati se irritar e cometer um erro. Agora os pontos em que Dementieva respondia ao serviço: boa resposta (claramente, uma das melhores pancadas da russa); se Capriati ficava desequilibrada, Dementieva massacrava-a; se Capriati, não obstante a qualidade da resposta, conseguia pegar no ponto (o que sucedia na maioria das vezes), Dementieva passava o tempo a correr de um lado ao outro do court, devolvendo todas as bolas até Capriati se irritar e cometer um erro. Dementieva venceu o encontro no tie break do terceiro set e raras vezes vi uma jogadora tão – ia escrever «irritada» mas é mais «descoroçoada» – como Capriati após perder essa meia-final. Dementieva avançou para a final e, como já sucedera na de Roland Garros desse mesmo ano (que não vi), jogou de forma tão nervosa e insegura que foi trucidada pela adversária, uma compatriota a sair da adolescência, tímida e de aparelho nos dentes, chamada Svetlana Kuznetsova (em Roland Garros fora-o por Anastasia Myskina, uma compatriota mais ou menos da mesma idade que ela, esbelta e irascível).

 

Essa meia-final tornou-me um fã de Elena Dementieva. O jogo dela era tão incongruente e tinha tantos pontos fracos que era praticamente um milagre ela conseguir manter-se entre as melhores tenistas do mundo. Mas conseguia. Raramente ganhava às cinco ou seis melhores do ranking mas – e esse é o ponto que mais admiração me provoca ainda hoje – nunca desistia. Lutava sempre até ao fim, gritando (dizem que ocasionalmente expressões russas que não convém traduzir) ou sorrindo de desespero quando as coisas lhe corriam mal, falando com a mãe sentada nas bancadas (tentando mostrar-se impassível mas sempre tão claramente em pânico), pedindo uma bola e batendo-a para o lado oposto do court após uma pancada sem nexo (como se assim pudesse corrigir o erro e fazer com que tudo ficasse bem outra vez), seguindo a bola com o indicador esquerdo espetado no ar na preparação dos smashes (raros, porque ela não subia à rede com frequência), limpando o suor da testa com o indicador direito e correndo quilómetros e quilómetros de um lado ao outro do court em cada encontro. Em Novembro de 2006 fui vê-la a Madrid, aos WTA Championships (campeonato de final de época onde competem as oito melhores do ano e a que ela acedera com dificuldade). Como seria de esperar, perdeu os três encontros da fase de grupos. Em 2007 esteve algum tempo fora do circuito por causa de uma lesão (fractura de esforço em nada menos que três costelas ao mesmo tempo) e em 2008, depois de anos a ser avisada de que devia arranjar um treinador que lhe melhorasse o serviço (de longe, o seu ponto mais fraco), lá se decidiu a fazer alguma coisa a esse respeito. Hoje ainda não tem um grande serviço, ainda treme como varas verdes quando tem que servir para fechar um encontro, mas parece finalmente perto do seu verdadeiro potencial. Há cerca de um ano, para surpresa de muitos, ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Este ano perdeu nas meias finais do open da Austrália num encontro equilibrado com Kuznetsova (outra vez ela) e nas meias finais de Wimbledon num encontro extraordinário em que dispôs de match points frente a Serena Williams (que ganharia o torneio) mas que acabou por perder por oito a seis no terceiro set. Perto. Muito perto. Mas, como dizia a personagem interpretada por Rene Russo (o que é feito dela?) no Arma Mortífera 2 (fica sempre bem citar grandes obras literárias ou cinematográficas), «perto é uma loja de lingerie sem montra».

 

O primeiro encontro de Dementieva no open dos Estados Unidos deste ano aconteceu ontem. Ganhou facilmente. Continuo a ver nela uma determinação nova. Como se tivesse decidido ocupar finalmente o lugar que lhe estava reservado há muito entre as favoritas. Não sei se essa determinação vai resistir aos momentos em que tiver de servir para fechar encontros contra uma das irmãs Williams, contra Safina, contra Jankovic ou contra várias outras. Para ser franco, não estou à espera de que vença o torneio. Mas seria bonito. Acima de tudo, seria uma lição de força de vontade e perseverança. E as histórias baseadas em força de vontade e perseverança são tão mais luminosas quando têm um final feliz.

 

(A foto foi tirada em 2006, nos WTA Championships.)



publicado por José António Abreu às 18:32
link do post | comentar | favorito

dentro do escafandro.
pesquisar
 
Janeiro 2019
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30
31


à tona

"You don't have to be per...

Até no ténis sou sporting...

De como nasce um fã

reservas de oxigénio
tags

actualidade

antónio costa

blogues

cães e gatos

cinema

crise

das formas e cores

desporto

diário semifictício

divagações

douro

economia

eleições

empresas

europa

ficção

fotografia

fotos

governo

grécia

homens

humor

imagens pelas ruas

literatura

livros

metafísica do ciberespaço

mulheres

música

música recente

notícias

paisagens bucólicas

política

porto

portugal

ps

sócrates

televisão

viagens

vida

vídeos

todas as tags

favoritos

(2) Personagens de Romanc...

O avençado mental

Uma cripta em Praga

Escada rolante, elevador,...

Bisontes

Furgoneta

Trovoadas

A minha paixão por uma se...

Amor e malas de senhora

O orgasmo lírico

condutas submersas
subscrever feeds