O ex-ministro Manuel Pinho foi ainda ontem à SIC Notícias dizer que está arrependido do gesto que fez durante o debate do estado da Nação. Acredito que esteja, mais pelas consequências que sofreu que por tê-lo feito (Pinho tratou imediatamente de acrescentar que foi provocado, como se isso transferisse a culpa para Bernardino Soares, o apreciador da democracia Norte-Coreana). Tendo que sofrer as consequências, estou até convencido que ele também está arrependido de não ter feito um gesto ainda mais forte (sim, aquele em que se estende um único dedo e se recolhem os restantes). Seja como for, na entrevista Pinho declarou, com ar de vítima do “sistema”, que não entende a política actual, por esta nada ter a ver com o país real, onde vivem as pessoas "normais". Veja-se bem que ainda recentemente estivera num distrito “fortemente PSD: Leiria” e fora muito bem recebido pelos empresários locais, com quem tinha sido possível discutir apoios e outras formas de auxílio. Esta gente não tem mesmo noção da realidade. Alguém esperaria que, num país em que tudo depende do Estado, os empresários de Leiria – simpatizantes do PSD ou não –, recebessem mal quem lhes levava dinheiro? Com – permitam-me citar uma frase do último livro de Vasco Pulido Valente – “o atávico oportunismo da miséria portuguesa”? Meu caro ex-ministro, para eles o senhor era nada mais que um porquinho mealheiro. Ou, neste caso, um tourinho mealheiro.
Pela primeira vez um debate sobre o Estado da Nação serviu verdadeiramente para a nação perceber alguma coisa sobre o seu estado ou, pelo menos, sobre o estado dos seus representantes. O acto de Manuel Pinho é apenas o corolário dos repetidos actos de autismo e de arrogância deste governo, cheio de pessoas medíocres que se multiplicam pelos diversos níveis do Estado, chefiado por um político inculto e mais que medíocre, apenas preocupado com a forma como as coisas parecem e não como elas são (as histórias da sua licenciatura e dos seus projectos, para além das repetidas encenações do governo, mostram-no à saciedade) e incapaz de aceitar a crítica. Os consultores de Obama devem estar a perguntar onde diabo vieram parar.
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