como sobreviver submerso.

Quinta-feira, 16 de Abril de 2009
Daltónicos ao contrário e uma sugestão para aumentar a venda de livros.

Parece que não poucas pessoas desistem imediatamente de ver um filme se este for a preto e branco. Sentam-se todas satisfeitas para assistir a uma treta colorida qualquer (de preferência com tiros e perseguições) mas fazem «Eurghhh…» perante os primeiros frames do Casablanca (o que é injusto, porque o filme começa logo com a polícia a perseguir “os suspeitos do costume” pelas ruas da cidade). Estas pessoas – presumo – desconhecem um conjunto de filmes soberbos. Ou melhor, ouviram falar deles e viram umas quantas imagens aqui e ali, o que para elas é mais do que suficiente. Ou então viram umas versões coloridas, com um Bogart ou uma Baccall de pele sépia, que só lhes reforçam a convicção de que os filmes antigos são uma porcaria (e, quanto a este ponto, nem posso discordar porque os filmes assim ficam verdadeiramente uma merda). O meu receio – honestamente – é que a condição seja provocada por um qualquer problema de saúde. Podemos estar perante daltónicos invertidos (hmm, não sei se a expressão não poderá ter mais que uma leitura…), uma doença, tanto quanto sei, ainda não descoberta. O ministério da Saúde devia implementar um programa de rastreio para tirar dúvidas. Numa primeira fase, talvez bastassem uns espaços nos corredores dos principais centros comerciais.

 
Já agora: são provavelmente estas pessoas que também não lêem livros. Mas, neste caso, a solução encontrada para o cinema pode trazer excelentes resultados, com reduzidos efeitos negativos. Estamos perante uma arte muito menos visual que o cinema, pelo que sugiro às editoras que experimentem imprimir os livros em letras coloridas. Afinal, a pele do Bogart podia umas vezes estar mais bronzeada, outras menos, e a iluminação dos filmes antigos foi pensada para o preto e branco. Nenhum desses problemas existe com os livros. Alguns puristas (velhos do restelo) poderão resmungar ao ver o Guerra e Paz impresso em letras verdes, azuis, vermelhas, amarelas e rosa (imagino «perde-se a imersão» e patetices do género), mas é preciso acompanhar os tempos. E para os daltónicos tradicionais será absolutamente indiferente.
 

(Parece que a Fuji acaba de lançar no Japão o primeiro leitor electrónico de livros com ecrã a cores - ver aqui. Bingo. Sempre na vanguarda, os Japoneses…)



publicado por José António Abreu às 18:28
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