«Não se provou um único crime contra mim», diz Isaltino de Morais depois do tribunal o ter condenado a sete anos de prisão por ter considerado provados quatro crimes cometidos por ele. Ainda assim, é muito capaz de ter razão. Pode-se sempre alegar que os crimes foram cometidos a favor dele e não contra.
«É óbvio que a política está de um lado e a justiça está do outro», disse ainda para justificar a sua permanência na corrida autárquica. Alguém se atreve a contestar tal declaração? Este homem é de uma perspicácia absolutamente ofuscante. Merece a liberdade mais absoluta e a reeleição fácil.
Uma pequena notícia no jornal i informava que Domingos Névoa, administrador da Bragaparques, apresentou uma queixa contra José Sá Fernandes por este, durante o processo por tentativa de corrupção no qual Névoa foi condenado, lhe ter chamado “bandido”. O vereador lisboeta foi constituído arguido e arrisca pena até dois anos e multa não inferior a 120 dias. Arrisca também, porque Névoa entende ter sofrido graves danos morais (nos dois dias seguintes à declaração de Sá Fernandes, nem foi trabalhar de tão perturbado que estava), ter que pagar uma indemnização de vinte e cinco mil euros. Se bem me lembro, Névoa foi condenado em cerca de cinco mil euros; se ganhar, não subsistem dúvidas: neste país, mesmo quando as coisas lhes correm mal, a corrupção é um negócio altamente lucrativo para os corruptores.
Cristiano Ronaldo deu uma longa entrevista ao jornal espanhol Marca e, como seria de esperar, os canais de televisão portugueses noticiaram abundantemente tão importante acontecimento. Foi realçado o facto de ele ser um rapaz de palavra, visto ter prometido à referida publicação, no ano passado, que teriam direito à primeira entrevista dele como jogador do Real Madrid, caso chegasse alguma vez a sê-lo. Ainda assim, o que me chamou a atenção – sacaninha como sou – foi a resposta, num daqueles questionários Proustianos que tão giros às vezes se revelam, que o livro preferido de Cristiano Ronaldo é a fotobiografia de Cristiano Ronaldo. Percebe-se: é um livro simpático, que se lê bem e tem um herói com que qualquer pessoa se identifica facilmente – mesmo uma super-estrela como Cristiano Ronaldo. Reparei também que, ao ser instado a escolher uma cidade, optou por Madrid, mas aí a gente percebe: a competição com Kaká não vai ser fácil e o tio Alberto João chatear-se-ia mais se ele respondesse “Lisboa”.
Elisa Ferreira garante que lutará contra todas as sondagens, sejam negativas ou sim, e que levará a sua candidatura à Câmara Municipal do Porto até ao fim: como se sabe, Estrasburgo. Diz ainda que os responsáveis do PS lhe dão "apoio suficiente". Supõe-se que já não a cumprimentam com dois beijos mas ainda lhe apertam a mão.
Nuno Cardoso aproveita condenação a três anos de prisão (com pena suspensa) por favor ao Boavista em 2001 para anunciar o regresso à política. É para aí a centésima quadragésima oitava vez que o faz. Das duas, uma: ou sente-se compelido a fazer nova tentativa sempre que lhe colocam um microfone à frente, na esperança vã de uma vaga de fundo dos descontentes com Rui Rio, ou considera que agora tem mesmo mais hipóteses de regressar à ribalta da política, com uma condenação a melhorar-lhe o currículo.
(Já agora, ele diz ir recorrer da sentença mas admite que pode ter escrito e assinado o despacho em causa. Parece que bastava porem-lhe um papel à frente, ditarem-lhe um texto e pedirem-lhe para assinar que ele o fazia sem hesitações. Tem lógica: um presidente da Câmara não pode perder tempo a procurar que as palavras façam sentido na sua cabeça antes de passar à acção, como facilmente se constata assistindo a algumas conferências de imprensa de colegas de Nuno Cardoso ainda no activo ou a ele próprio anunciando, impante, o regresso à política.)
Resposta de um empresário da construção civil cuja empresa trabalha bastante para uma Câmara Municipal, a uma proposta de fornecimento de um serviço que implicava deixar de fora uma determinada entidade intermediária:
«Lamento. É mais barata mas ficava-nos mais cara.»
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