Vários blogues (um, dois, três) chamaram a atenção para as declarações à TV de Carolina Patrocínio, a rapariga que o PS escolheu para mandatária da juventude e que tem apresentado algumas das incontáveis sessões de informação/propaganda que nos pretendem descerrar os olhos para o cerebrino desempenho de Sócrates, Lino e companhia. Num estilo, digamos, ditirambicamente auto-centrado, a rapariga provou ter a cabeça tão oca quanto as cerejas que só come depois da empregada lhes retirar o caroço (podem ver o vídeo aqui). Devo dizer que me parece uma escolha perfeitamente adequada para este PS e, especialmente, para este Secretário-Geral do PS. Relembremos a carreira de Sócrates: assinou projectos alheios, obteve licenciaturas por fax, fez carreira profissional num partido político, escolheu de forma pouco clara parceiros do governo que acabou por dirigir, defendeu teorias liberais numa semana e intervencionistas na seguinte, atacou ferozmente os adversários políticos por lhe colocarem questões difíceis no Parlamento e os jornalistas por não ignorarem notícias de escândalos em que o nome dele surgia envolvido, permitiu pressões sobre os magistrados que investigavam esses escândalos, inventou relatórios da OCDE, apoiou gente que perseguiu quem teve o descaramento de contar piadas acerca dele, contratou crianças para figurarem num dos já referidos shows esquecendo-se de pôr no final o aviso de que tínhamos acabado de assistir a uma obra de ficção, e revelou sempre, mas sempre o maior cuidado com as aparências (de tal modo que baixou o IVA para os ginásios e nunca esqueceu a corridinha panfletária por entre guarda-costas e operadores de câmara esbaforidos em todas as viagens oficiais que fez). Talvez com receio de que isto pudesse passar uma imagem de futilidade (mas terão os fúteis noção da sua futilidade?), tentou contrabalançar anunciando umas quantas reformas e várias obras públicas monumentais. Não teve grande sucesso porque (fiquemos por dois exemplos) tinha as coisas tão bem preparadas que nem os melhores professores entenderam o sistema de avaliação dos professores, e ao primeiro estudo feito com uma imagem de satélite e uma máquina de calcular se provou que a irredutível decisão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa tinha que ser corrigida. Depois confessou ter descurado a cultura, pestanejou três vezes com ar compungido, recuperou para afirmar estar muito satisfeito consigo próprio, referiu-se a “Caines” e toda a gente desatou a rir. Desconfio que, investigando um pouco, chegar-se-ia à conclusão de que alguém também lhe descaroça as cerejas. Pormenor irrelevante, aliás.
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