Morreu Vasco Granja. Para os miúdos (e miúdas, claro) com menos de, vá lá, trinta anos, o acontecimento deve significar pouco. Para os miúdos um pouco mais velhos, a notícia provoca um baque, como se se tratasse de um familiar afastado, que já não se via há muito mas que, nos nossos tempos de criança, aparecia com regularidade, sempre bem disposto, nunca se esquecendo de trazer guloseimas. Um tio benigno e excêntrico, mais ou menos ignorado pelo resto da família. Um adulto diferente, que parecia compreender-nos. Já nós nem sempre o compreendíamos. Ele falava durante um par de minutos sobre um filme de animação checoslovaco e nós não percebíamos patavina. E continuávamos a não perceber quando o filme era colocado no ar. Mas fazíamos um esforço tremendo, porque a falha devia ser nossa. E depois ele falava durante mais dois minutos sobre Chuck Jones ou Friz Freleng e nós ouvíamos já com um sorriso porque a seguir vinha o Bugs Bunny ou o Daffy Duck. Ou a pantera cor-de-rosa. Há anos que não vejo os filmes de animação da pantera cor-de-rosa...
Desconfio que os miúdos de hoje, fornecidos por uma dúzia de canais televisivos, pela Internet, por DVDs e salas de cinema, nunca chegarão a ter um Vasco Granja como amigo. De certa forma, ainda bem para eles. Mas nós, os que esperávamos ansiosamente pela sua chegada, curiosos de saber que prendas trazia, sabemos que eles estão a perder qualquer coisa.
Dois pequenos vídeos de homenagem.
Granja no "Herman Enciclopédia":
O coyote apanha o road runner (ou melhor, o bip-bip):
pessoais
Amor e Morte em Pequenas Doses
blogues
O MacGuffin (Contra a Corrente)
blogues sobre livros
blogues sobre fotografia
blogues sobre música
blogues de repórteres
leituras
cinema
fotografia
música
jogos de vídeo
automóveis
desporto
gadgets