Ontem à noite, na SIC Notícias, Mariana Mortágua - estrela da «geringonça», ideóloga em formação - recusava comparações entre o proteccionismo do Bloco e o proteccionismo de Donald Trump. Explicava ela, com trejeitos de nojo, que Trump quer fechar fronteiras às pessoas enquanto o Bloco defende um mundo onde estas possam movimentar-se livremente. O proteccionismo do Bloco, a sua recusa da «globalização», aplica-se apenas à circulação de produtos e destina-se a proteger e a «dignificar» a produção local contra as «grandes multinacionais». Como de costume, a verve resulta ligeiramente encantatória - desde que não se reflicta muito sobre o assunto. Não parece ocorrer a Mortágua que várias das economias com maior crescimento nas últimas décadas, aquelas onde mais gente saiu da pobreza, dependem precisamente das exportações. Não parece ocorrer-lhe que fechar as fronteiras aos produtos originados nesses países (sejam de índole industrial, sejam de índole agrícola ou pecuária), representaria desemprego e regresso à pobreza. Não parece ocorrer-lhe que a pobreza reforçaria os fluxos de migração, nem que o excesso de imigração gera tensões sociais, custos para o erário público e fenómenos populistas como Trump, o Brexit ou Marine Le Pen. Ou então ela sabe-o perfeitamente - afinal, dizem-na inteligente - e, tal como os seus colegas do Bloco, é apenas muito mais revolucionária do que tenta parecer.
O governo e a sua maioria parlamentar todos os dias maldizem a UE, mas dependem totalmente da Comissão Europeia e do BCE, e nada fazem para diminuir essa dependência. É este o mecanismo da dependência em Portugal: quanto maior a dependência da população em relação ao Estado, maior a dependência do Estado em relação às instituições europeias.
(...)
Não é possível imaginar a liberdade política sem cidadãos independentes e uma sociedade civil forte. Mas o açambarcamento de recursos pelo Estado reduziu a independência da classe média a um ideal sem futuro. Só os juros e o petróleo baratos compensam, por enquanto, o assalto fiscal. Se acrescentarmos a isso o enfraquecimento das grandes instituições tradicionalmente autónomas (Forças Armadas, Universidade, Igreja), ou a descapitalização das empresas, a conclusão é óbvia: o único freio e contrapeso dos governos em Portugal já não está dentro do país, mas fora. Só a Comissão Europeia e o BCE, na medida em que condicionam o financiamento do Estado, limitam neste momento o poder governamental sobre uma sociedade cada vez mais envelhecida, empobrecida e dependente. E é por isso que tudo isto, tanto como um problema económico, é um problema político.
É por isto que o PCP acaba por ser o membro mais honesto da «geringonça»: não esconde a aversão à União Europeia e ao euro. Os comunistas sabem que a utilização da dependência como estratégia política funciona durante pouco tempo num sistema em que não se controla a impressão de dinheiro e no qual as crises de financiamento obrigam a cortes de rendimento que a inflação não disfarça, bem como à venda de empresas públicas a grupos privados (para mais, quase sempre estrangeiros, dado os nacionais irem ficando sem capacidade financeira). A União Europeia é pois um travão ao caminho para a sociedade integralmente subjugada aos interesses do Estado que os comunistas desejam, ignorando estoicamente nunca ter sido possível implementá-la em grande escala e com sucesso em lugar algum, e também que todas as tentativas realizadas levaram à pobreza e à opressão (mas os pobres são menos exigentes e mais fáceis de controlar por qualquer Estado).
Já o PS e a facção que controla o BE pretendem algo ligeiramente diferente: uma sociedade de dependentes, sim, mas com ilusões de cosmopolitismo que exigem um nível de vida razoável. (No PS muita gente sabe que o modelo do PCP é uma aberração e no Bloco, paradigma da esquerda 'intelectual' e caviar, predomina a retórica - e, sendo caridoso, o voluntarismo - sobre qualquer modelo real.) Para conseguir - ou, mais precisamente, para manter - esta sociedade de dependentes do Estado apenas moderadamente infelizes, socialistas e bloquistas dispõem-se a suportar actos de subserviência regulares perante os parceiros da União Europeia, aceitando reprimendas e jurando intenções de mudança que nunca concretizam na totalidade. (O BE tem aqui uma vantagem competitiva: estando - ao contrário do Syriza - fora do governo, até pode manter o discurso enquanto engole pequenos sapos.) Claro que ciclicamente a situação fica insustentável - o dinheiro acaba e é necessário tomar medidas duras em troca de mais. Mas é nestes momentos que os partidos de centro-direita (cuja existência o PCP tolera mal) revelam a sua utilidade. Num país de dependentes do Estado, serão sempre - e apenas - a brigada de limpeza. PS e BE sabem-no. Quanto ao PCP, neste tema muito menos hipócrita, espera a sua grande oportunidade - a saída de Portugal da União Europeia.
O governo e a sua maioria têm sido acusados de dar com uma mão e tirar com a outra, mas o que importa nessa ginástica não é quanto ganham as pessoas, mas que ganhem por vontade do poder político: o rendimento de cada cidadão não deve depender do seu esforço, mas da sua relação com o governo. O PS, PCP e BE nada têm contra quem ganha muito, desde que ganhe muito no Estado ou através do Estado. Banqueiros e empresários disponíveis para “parcerias” nunca terão dificuldades.
Há um momento na descida para a paralisia económica em que ao Estado já não basta cobrar impostos. A solução? Colocar empresas privadas a garantir o pagamento de benefícios sociais. Como a mentalidade da «verdadeira esquerda» (Bloco, PCP, actual PS) exclui o conceito de relação causa-efeito, fazê-lo não implica obrigar essas empresas a distribuir os custos da medida por todos os seus clientes ainda não suficientemente pobres para terem eles mesmos direito aos benefícios mas apenas diminuir-lhes o nível «obsceno» de lucros (é sabido: para a esquerda, uma empresa privada ou tem lucros obscenos ou gestão criminosa). Começa-se pela EDP, entidade fornecedora de um bem que muitos, consciente ou inconscientemente, acham que devia ser gratuito (ei, a electricidade é uma espécie de download, certo?) e que todos apreciam odiar. E abre-se caminho para ir mais longe. Para, sei lá, tornar obrigação do Continente, do Pingo Doce e do Lidl a distribuição mensal de cento e tal mil cabazes de compras; para tornar obrigação da Galp, da BP e da Repsol a oferta mensal do combustível correspondente a cento e tal mil depósitos; para tornar obrigação da McDonald's, da Pizza Hut e da H3 a entrega mensal de dez (ou talvez quinze) vezes cento e tal mil menus; para tornar obrigação da Fidelidade, da Tranquilidade e da Allianz a subscrição anual de cento e tal mil apólices de seguro; para tornar obrigação da MEO, da NOS e da Vodafone a disponibilização de cento e tal mil pacotes de telemóvel, televisão e internet (sem período de fidelização); para tornar obrigação da Zara, da Cortefiel e da H&M o fornecimento de cento e tal mil vales de trezentos euros em roupa e calçado (bastará por estação, que os beneficiários da medida não pertencem à esquerda-caviar); para tornar obrigação da Mota-Engil, da Teixeira Duarte e da Soares da Costa a construção e oferta de cento e tal mil habitações (mantenhamos os pés na terra e digamos em cinco anos). Ou, melhor ainda, por que não obrigar que todas as empresas privadas desviem cinco (e, mais tarde, dez) por cento da facturação para apoios que o Estado, gordo e deficitário (pudera), será cada vez mais incapaz de providenciar?
O maravilhoso país que emergirá de toda esta consciência social é, evidentemente, um país sem competitividade mas também sem empresas privadas. No fundo - e aqui se encontra afinal uma relação de causa-efeito bem delineada -, o sonho da esquerda.
«É uma decisão que envergonha o Tribunal Constitucional, os deputados que a exigiram, que degrada a nossa democracia. Eu repudio esta decisão e não me conformarei com ela.»
«Envenenada, mesquinha, inconsistente, vergonhosa - a decisão do Tribunal Constitucional sobre as pensões dos titulares políticos.»
São momentos sublimes e inesquecíveis. Obrigado, António Costa.
Embora - e de forma a prevenir futuros desenvolvimentos - talvez seja preferível optarem pela versão com as sete cabeças bem visíveis.
No debate desta noite, com Pedro Passos Coelho, Francisco Louçã atacou o PSD, ignorando quase sempre o PS. Não percebo porquê. O Bloco não disputa eleitorado com o PSD. Disputa-o (e disputa-o ferozmente) com o PS. Jerónimo de Sousa, que tem as mesmas preocupações, mostra um imenso cuidado em abranger PS e PSD na maioria das críticas que faz. De os tentar tornar quase iguais. Louçã escolheu atacar apenas o PSD. Sócrates agradece.
Se o Bloco tiver um mau resultado, a liderança de Louçã poderá ficar em risco. Mas, sem Louçã, o Bloco afundar-se-á ainda mais depressa. A menos, talvez, que Miguel Portas (teria uma certa piada, assistir a um frente-a-frente entre os dois irmãos) ou, eventualmente, Rui Tavares avancem para a liderança.
A queda deste governo é, para mim, uma prioridade. Mas isto não significa que pense que o PSD deva votar favoravelmente a moção de censura anunciada pelo Bloco de Esquerda. Toda a gente já percebeu, até porque o sorridente Pureza se apressou a avisar que a moção também tem por alvo o PSD, que o pessoal do Bloco não deseja verdadeiramente derrubar o governo. Pretendeu apenas antecipar-se ao PC e entalar o PSD. Precisamente o tipo de jogos calculistas e hipócritas que os bloquistas costumam criticar nos outros. Mas o PSD não deve hesitar por causa de um pormenor como este. Nem por considerações tácticas, como preferir evitar assumir a governação antes de Sócrates ser forçado a tomar todas as medidas impopulares e não apenas algumas. A razão é outra. Mal ou bem, o PSD deu uma última hipótese ao governo ao viabilizar a aprovação do orçamento. Instou-o a provar que, contra todos os indícios acumulados ao longo de 2010 (e, na verdade, dos anos anteriores), consegue resolver a situação. Ora é demasiado cedo para avaliar se o governo aproveitou a oportunidade: o país ainda não teve de recorrer a ajuda externa (apesar dos métodos para conseguir financiamento estarem a roçar o crime, de tão onerosos que são para as contas públicas) e ainda não estão disponíveis quaisquer números sobre a execução orçamental de 2011. Derrubar o governo agora seria arriscar a incompreensão de milhares de portugueses, devidamente alimentada por Sócrates. Para mais, a incerteza não durará. Dentro de dois ou três meses poderemos avaliar pelo menos um destes pontos, e provavelmente ambos: Abril e Maio são meses cruciais no que respeita às necessidades de financiamento e também por essa altura conhecer-se-ão os dados referentes à execução orçamental no primeiro trimestre. Se os resultados forem negativos (isto é, se entretanto o governo for incapaz de conseguir financiamento e tiver de recorrer a auxílio externo, ou se a execução orçamental for má), o PSD terá então todas os motivos para censurar o governo. E os portugueses para compreenderem a atitude. Se isto vier a acontecer, a moção do Bloco assumirá então todos os seus contornos: permitirá que Sócrates acuse o PSD de inconstância, de votar de uma forma em Março e de outra em Maio, de se entregar a manobras calculistas em vez de pensar nos «interesses do país» (para o qual, segundo ele, a estabilidade continuará a ser decisiva). Vozes no PS acusam com frequência Bloco e PC de não passarem de partidos contestatários, indisponíveis para apoiar as políticas do governo. Após esta moção, e pelo menos em relação ao Bloco, a acusação torna-se bastante injusta.
No União de Facto, Bernardo Pires de Lima escreveu após o debate televisivo entre José Sócrates e Paulo Portas que, num país normal, aquele teria sido o debate entre os líderes dos dois maiores partidos. É verdade. As diferenças ideológicas entre o PSD e o PS são ténues. Ao longo de décadas, os portugueses pareceram gostar disso e nem o CDS se atreveu a apresentar ideias muito diferentes (houve até uma altura em que o CDS se assumiu como o partido da "equidistância", um conceito absurdo quando se olha para o beco estreito que são as diferenças entre PSD e PS). Nestas eleições, os partidos fora do que Paulo Portas gosta de chamar “o centrão” usaram uma estratégia diferente. A crise financeira animou uma esquerda já antes bastante ideológica: o Bloco e o Partido Comunista não se coibiram de falar em nacionalizações e em taxar tudo e mais alguma coisa (não sei se inventámos a máquina do tempo e recuámos umas décadas, se a máquina do teletransporte e fazemos agora parte da América Latina). Mas também o CDS arriscou discutir assuntos como o papel do Estado em sectores como a educação e a saúde, as prioridades nas prestações sociais, a colocação de portagens nas SCUTs ou a política de impostos. Ao mesmo tempo, Bloco e CDS assumiram, na pose e no discurso, uma ambição cada vez maior. É verdade que, como Pacheco Pereira dizia há semanas num debate na RTP-N, todos os partidos querem os votos todos mas, num país conformista, anestesiado e avesso ao risco, costumava ter-se a sensação de que os dois maiores tinham mais de 70% dos eleitores presos num redil. No domingo passado descobriu-se que menos de 66% lá permanecem. Sendo improvável que o país caminhe da depressão para a felicidade antes que se verifique a necessidade de novas eleições, tenderão PSD e PS a reforçar componentes ideológicas (assumindo que o albergue espanhol em que se tornaram o permite), deslizando o primeiro para a direita e o segundo para a esquerda (como o PS fez nos últimos meses e em especial durante a campanha, num esforço desesperado e instrumental para esvaziar o BE), ou continuarão a procurar agradar a gregos e troianos, correndo o risco de verem os partidos mais pequenos aumentarem pelo voto dos que, por crescente desilusão, se forem deixando convencer da necessidade de políticas mais definidas? É claro que o crescimento do CDS e do BE vai também depender do que cada um fizer nos próximos tempos. E aqui a posição do BE é mais fácil. Não tem deputados para formar maioria com o PS e está livre para prosseguir o seu caminho de contestação e capitalização do descontentamento. Contudo, baseia-se numa ideologia que pode ser facilmente desmontada como irrealista e catastrófica para a economia (Portugal, talvez por estar tão longe dos países que ficaram do lado errado da "Cortina de Ferro", é o único país da Europa Ocidental onde quase 20% dos eleitores ainda acreditam no comunismo), e disputa votantes com um partido que sabe excepcionalmente bem fingir-se mais de esquerda ou mais de direita, consoante as conveniências. Já o CDS tem um delicado balanço pela frente. Por um lado, não deve adoptar a mesma estratégia destrutiva (muitos dos que votaram nele não o entenderiam); por outro, não pode de forma alguma transmitir a sensação de que está a ceder perante o PS (muito mais votantes se sentiriam traídos). Tem ainda que levar em conta o posicionamento do PSD depois da previsível mudança de liderança mas dificilmente o PSD se permitirá "assustar" os eleitores do centro virando demasiado à direita (o PSD está obrigado a um balanço ainda mais difícil e só a máquina partidária, a força autárquica, o "clubismo" de alguns eleitores e o voto "útil" lhe garantem resultados pelo menos honrosos). Para o CDS ter esperanças de continuar a crescer necessita de munir-se de muita paciência (não costumava ser o ponto forte de Paulo Portas), fazer uma oposição firme mas bem fundamentada e explicar todas as posições que tomar. E aguardar que, à medida que a situação do país se agravar (é duro ter de escrever isto mas não creio que, mesmo com o final da crise internacional e com os megalómanos projectos de obras públicas, a situação económica vá melhorar nos próximos tempos), mais e mais pessoas comecem a não aceitar respostas em meias tintas e, apesar de todas as fidelidades que o peso do Estado e da resignação consegue comprar, ponderem outros sentidos de voto que não no PS ou no PSD. A incapacidade que ambos têm revelado para reformar o Estado em vez de se servirem dele pode começar finalmente a custar-lhes caro. Em especial ao PSD, empenhado na sua ideologia esquizofrénica de tentar a quadratura do círculo (ou achavam que o título do programa do Pacheco Pereira tinha sido escolhido apenas por ser uma expressão bonita?).
The Library. Deb is seated, working. Dan cruises her and so on.
Danny: As a physical preference, or from political beliefs?
David Mamet, Sexual Perversity in Chicago
No debate de ontem entre José Sócrates e Francisco Louçã discutiu-se novamente política. Aleluia. O fim dos benefícios fiscais, defendido pelo Bloco de Esquerda, faz toda a lógica dentro do sistema político-social defendido pelo Bloco. Se o Estado fornecer tudo ‘gratuitamente’ e não aceitar o papel de concorrência e complementaridade que a iniciativa privada pode desempenhar, os benefícios fiscais são desnecessários. É uma visão soviética da realidade. Um sistema em que não há alternativa a um Estado pesado e programático que lentamente (e estou a ser simpático) resvala para a complacência, para a injustiça e para a insustentabilidade. Um sistema em que os cidadãos não têm margem para iniciativa e se acomodam à mediocridade. Sócrates teve o mérito de puxar a ponta do fio que mostra como os rapazes e as raparigas do Bloco, apresentados tantas vezes como modernos e cheios de estilo, têm na realidade ideias antigas e ultrapassadas. Já ter ficado preso na questão do “ataque à classe média” que representaria o fim dos benefícios e não desmontar essa ideia de sociedade é um indício da tendência que Sócrates tem para se agarrar ao soundbyte (ninguém o faz melhor que ele) e da crença (não só dele) de que, na nossa sociedade, discutir convenientemente os assuntos aborrece os eleitores.
Já agora, outro momento esclarecedor ocorreu quando Judite de Sousa, em desespero, guinchou: «Mas afinal quem é que está aqui a mentir?» Quando aquela que é reputada como uma das melhores jornalistas televisivas portuguesas (na verdade, não se sabe bem porquê) é incapaz de perceber a diferença entre mentira e visões distintas da sociedade, algo vai realmente muito mal.
Miguel Portas anda mesmo a decaír na minha consideração. Afirmou agora que as elites do PS e do PSD são como a Pepsi e a Coca-Cola: diferentes sem que se note. Isto é duplamente falso: a Coca-Cola é muito melhor que a Pepsi e isso nota-se até de olhos fechados (de olhos abertos e sem provar parecem efectivamente iguais); as elites do PS e do PSD são iguais, não diferentes, e isso nota-se perfeitamente.
Quem é que pode acreditar nestes políticos se nem sabem o básico?
Post Sciptum: não se aceitam comentários a elogiar a Pepsi. Não sou suficientemente democrático para isso. Elogiar o BE parecer-me-á estranho mas é permitido.
Não sou fã do Bloco de Esquerda. Considero que o moralismo asfixiante, a demagogia intensa (raramente classificada como tal pela comunicação social lusa), e os conceitos económicos potencialmente catastróficos (antes das eleições legislativas de 2005 dei-me ao trabalho de ler o programa eleitoral bloquista e fiquei aterrado) são razões mais que suficientes para não apreciar a dita agremiação. Mas tenho alguma consideração por Miguel Portas. Talvez por ser viajado, por parecer sereno e infinitamente mais ponderado que Louçã, ou apenas porque me deliciavam as suas longas caminhadas em direcção à câmara na série televisiva que apresentou. Todavia, esta campanha ameaça estilhaçar a boa imagem que tenho dele. A proposta de autorizar o voto a maiores de 16 anos é de tal forma típica de uma esquerda Rousseauniana que quase me extrai um sorriso. Mas há também uma componente de interesse (pouco, no Bloco como noutros partidos, é inocente): os senhores e as senhoras bloquistas (já é altura de deixarmos de tratar cinquentões como o Louçã como se fossem adolescentes, não?) sabem que a juventude os grama à brava. Afinal, defendem ideias simpáticas para quem quer, acima de tudo, sexo, drogas e rock 'n' roll. Baixar a idade de voto poderia render-lhes mais uns votos significativos. Como complemento para a proposta, desde já sugiro ao BE que exija distribuição gratuita de cremes contra o acne nas escolas secundárias.
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