como sobreviver submerso.

Quinta-feira, 13 de Setembro de 2012
Um ponto em que concordo com BE e PC
Que os bancos aceitassem avaliações optimistas para poderem conceder montantes superiores de crédito à habitação deveria ser problema deles. Que PSD e CDS tenham recuado na legislação que permitiria saldar a dívida com a entrega do imóvel é uma injustiça e um erro político – os tempos não estão para favores aos banqueiros.


publicado por José António Abreu às 13:44
link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2012
Continuidade
Como outras grandes empresas, os bancos nacionais gastaram nos últimos anos dezenas ou centenas de milhares de euros a delinear «planos de continuidade do negócio». É irónico como tiveram o cuidado de prever a possibilidade de incêndios, terramotos, ataques à bomba ou através de vírus informáticos mas nenhum conseguiu antever os riscos inerentes ao próprio negócio (por exemplo, os relacionados com o excesso de crédito concedido ou com a falta de qualidade dos títulos adquiridos). Mas, enfim, a nossa especialidade sempre foi pensar no acessório. Agora que os prejuízos chegaram, só posso recomendar aos banqueiros nacionais, esses expoentes da economia e da gestão, que lhes apreciem devidamente o sabor – poderão achá-lo um tudo-nada ácido mas experiências novas, ainda para mais em idades já avançaditas, são sempre de valorizar. E, para bem de todos (deles e nosso), esperemos que não tenham de engolir muito pior.


publicado por José António Abreu às 18:28
link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011
Sem risco
“Não sei onde estão os accionistas privados para fazer face a estas perdas potenciais através de capital. É o fim do principio do ‘risk free’ da dívida soberana. Vai significar a desarticulação do sistema financeiro”

 

De entre os banqueiros nacionais, Ulrich é o que menos urticária me provoca, por ter começado a emitir alertas quando os colegas ainda elogiavam Sócrates e a política de obras públicas. Mas uma declaração destas não pode ficar sem comentário. "Risk free"? Que raio de banqueiros são estes que acham ter direito a produtos sem risco? Nunca nada é "risk free" (já agora, o inglês dispensava-se). "Risk free" para os bancos significa a pagar pelos contribuintes.



publicado por José António Abreu às 12:55
link do post | comentar | favorito

Terça-feira, 9 de Novembro de 2010
BES e BE: a mesma luta
Contra as agências de rating. Um dia ainda veremos Ricardo Salgado e Francisco Louçã trocando abraços.


publicado por José António Abreu às 08:41
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Sexta-feira, 15 de Outubro de 2010
Tríade
Pacheco Pereira afirmou no programa Quadratura do Círculo desta semana que Pedro Passos Coelho não devia ter acedido a receber os banqueiros. Concordo. É verdade que, a acreditar no jornal Sol (segundo o qual três bancos podem ir «ao fundo»), eles estão desesperados e não podiam correr o risco de Passos Coelho passar ao lado da gravidade da situação. Mas Passos Coelho é líder do maior partido da oposição, possível futuro Primeiro-Ministro e não devia arriscar-se a que as suas decisões fiquem desde já ligadas aos mesmos banqueiros que, precisamente por interesses próprios de curto prazo, colaboraram na definição do percurso que nos trouxe à situação actual.

   

Vamos por passos (no pun intended): em teoria, se as medidas implementadas por um qualquer governo incentivam os agentes económicos a adoptar políticas que acabam por se revelar inadequadas e mesmo perigosas, a responsabilidade deve ser exigida apenas a esse governo, uma vez que as empresas tendem a seguir os estímulos que lhes maximizam o lucro imediato e não vale a pena perder tempo a esperar o contrário. (É em grande medida devido a esta cupidez – inteiramente humana, note-se, excepto para os muitos teóricos Rousseaunianos que por aí andam – que é indispensável a existência de entidades reguladoras fortes, credíveis e independentes, com a missão de garantir o funcionamento adequado do sistema no presente e salvaguardar o futuro.) Passando a um nível mais concreto: se um governo tem uma política que privilegia as obras públicas e os sectores não transaccionáveis da economia, é natural que os bancos se dediquem a financiar preferencialmente a construção dessas obras ou os projectos ligados a esses sectores, uma vez que o risco é menor – no primeiro caso, directa ou indirectamente empresta-se ao Estado e este, como constatamos hoje, tem formas coercivas de arranjar dinheiro; no segundo, as garantias de sustentabilidade dos projectos são maiores. O governo português teve uma política deste tipo e os bancos portugueses agiram precisamente desta forma. O problema é que em Portugal se formou uma tríade entre quem decide (o governo), quem financia (os bancos) e quem constrói e gere (as empresas de construção civil e de gestão de infraestruturas) que não permite assacar responsabilidades apenas ao governo. As construtoras e as empresas gestoras (concessionárias de autoestradas, de pontes, de hospitais, etc.) querem as obras públicas porque vivem delas; os partidos querem financiamento e postos bem remunerados para os seus acólitos; os bancos adoram projectos de farto lucro e módico risco; as construtoras devem milhões de euros aos bancos que, para garantirem o retorno do dinheiro, precisam de assegurar a sua viabilidade; os governos estão cheios de pessoal vindo dos bancos; as empresas construtoras têm participações accionistas nas empresas gestoras e nos bancos, que por sua vez têm participações accionistas naquelas. Em resultado desta rede de interesses cruzados, há muito que os projectos de investimento são decididos mais em função dos interesses de curto prazo das partes (normalmente coincidentes) do que do interesse nacional, por muitas palavras bonitas que José Sócrates, António Mota ou Ricardo Salgado profiram em entrevistas e colóquios. Para agravar a situação, o sistema de justiça nacional foi paulatina e talvez propositadamente destruído e as entidades reguladoras também não funcionam, no todo ou em parte por terem sido tomadas de assalto por gente tão independente dos universos político e financeiro como um viciado em heroína o é do seu dealer (aposto que nunca antes alguém tinha comparado Constâncio a um viciado em heroína e Santos Ferreira a um dealer). É por isto que ver os banqueiros armarem-se em pessoas isentas e credíveis me causa urticária (Ulrich, um pouco menos, porque foi o único com coragem suficiente para ir lançando alguns alertas). É também por isto que considero inconcebível que, mais ou menos às claras e sob o guarda-chuva do «interesse nacional», tentem desde já começar a manobrar as decisões do PSD – o que, para mal dos nossos pecados, não deverá ser difícil, estando os dois principais partidos portugueses tradicionalmente ansiosos por serem manobrados. Desconheço se a repartição de responsabilidade entre governo, empresas e banqueiros é um terço para cada parte, se é cinquenta por cento para o governo, trinta para as empresas e vinte para os bancos, se é noventa-dez-dez ou se é qualquer outra. Mas sei que os banqueiros não estão isentos de responsabilidade. E que, por isso, deviam manter-se discretos. Por muitas razões que tenham para estar preocupados. E todos nós também.


publicado por José António Abreu às 23:13
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Sábado, 9 de Janeiro de 2010
Um banqueiro que pensa e fala
Sócrates reagiu como se esperava ao estudo do BPI sobre as perspectivas de evolução da economia portuguesa. Atacou. Há muito que Sócrates está na fase em que nenhum argumento contra as suas posições é válido ou, sequer, digno de análise. No editorial do i, André Macedo chama-lhe «o dono da bola». A imagem é boa e a referência ao mundo do futebol particularmente apropriada: está cheio de gente que também não aceita críticas. Quanto a Ulrich, é o único banqueiro capaz de assumir publicamente ter discordâncias com o governo. Os outros? Os outros estão demasiado ocupados a lamber as botas a Sócrates e, numa incrível demonstração de miopia, a calcular os lucros que terão com os projectos de financiamento das obras públicas.


publicado por José António Abreu às 00:17
link do post | comentar | ver comentários (4) | favorito

dentro do escafandro.
pesquisar
 
Janeiro 2019
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30
31


à tona

Um ponto em que concordo ...

Continuidade

Sem risco

BES e BE: a mesma luta

Tríade

Um banqueiro que pensa e ...

2 comentários
reservas de oxigénio
tags

actualidade

antónio costa

blogues

cães e gatos

cinema

crise

das formas e cores

desporto

diário semifictício

divagações

douro

economia

eleições

empresas

europa

ficção

fotografia

fotos

governo

grécia

homens

humor

imagens pelas ruas

literatura

livros

metafísica do ciberespaço

mulheres

música

música recente

notícias

paisagens bucólicas

política

porto

portugal

ps

sócrates

televisão

viagens

vida

vídeos

todas as tags

favoritos

(2) Personagens de Romanc...

O avençado mental

Uma cripta em Praga

Escada rolante, elevador,...

Bisontes

Furgoneta

Trovoadas

A minha paixão por uma se...

Amor e malas de senhora

O orgasmo lírico

condutas submersas
subscrever feeds