Adenda
Gostaria ainda de salientar outra posição de Rui Rio, com a qual estou cem por cento de acordo: nenhum líder que tenha aumentado a dívida da sua autarquia devia ser autorizado pelo seu partido (seu, dele, líder autárquico) a candidatar-se de novo, à mesma ou a qualquer outra autarquia. Mas para isso era preciso que os partidos se preocupassem mais com o país do que com os jogos de poder. Não vou, pois, reter o fôlego à espera de que tal aconteça. Como, estou certo, não o fará Rio.
A reforma da administração local não pode ficar pelas Juntas de Freguesia mas ninguém no governo (muito menos na oposição, onde os socialistas parecem desejar apenas que não lhes façam perguntas sobre o assunto) tem coragem de mencionar Câmaras Municipais que possam ser extintas – ou aglutinadas, para usar o eufemismo do Ministro Relvas (ou ele terá usado «agrupadas»? Não importa, foi um termo assim bonito). Como eu não preciso de cuidar das sensibilidades dos senhores autarcas, deixem-me avançar já com uma: aquela onde resido, Vila Nova de Gaia. A ideia da fusão (outro termo que o Ministro Relvas poderá usar no futuro) entre Porto e Gaia não é nova. Surge de vez em quando e, na minha opinião, faz todo o sentido. Admito que, tendo nascido a cerca de duzentos quilómetros e encontrando-me instalado na zona apenas há quinze anos, o meu estatuto de «imigrante» pode ter contribuído para que eu sempre tenha visto a separação entre as duas cidades como artificial. Mas creio que poucas pessoas, mesmo entre as nascidas e criadas aqui, pensam em Porto e Gaia como duas cidades distintas. O Douro é demasiado estreito e, muito mais do que uma separação, revela-se um elemento unificador. E talvez convenha lembrar que Vila Nova de Gaia já resultou da aglutinação, ocorrida em 1834, de duas vilas (Gaia e Vila Nova). A História não acabou nesse momento; não nos obriga a manter tudo como está. A junção (olha, mais um termo para o Ministro Relvas) dos dois municípios daria origem a um novo com menos de quinhentos e cinquenta mil habitantes (539631, de acordo com os resultados preliminares do Censos 2011), perfeitamente gerível (continuaria com menos população do que Lisboa), eliminando atritos estéreis e permitindo ganhos de eficiência (pelas economias de escala e também pela melhor coordenação de políticas de interesse mútuo). De facto, eu até me atreveria a propor a junção de Matosinhos (mais 174931 pessoas) à nova entidade. E (ainda bem que pouca gente conhece a minha aparência) que se ponderasse a união (mais um termo à consideração do Ministro) entre Gondomar e Valongo (isto se Gondomar não preferir anexar-se ao Porto). E entre a Póvoa do Varzim e Vila do Conde. As razões históricas, hoje expressas em bairrismos inúteis (quem, ao percorrer a marginal da Póvoa e de Vila do Conde, sente estar a passar de uma cidade para outra?), não devem impedir o estabelecimento de formas mais eficientes de administração local. Em especial numa época de aperto financeiro.
Quanto a sugestões para outras áreas do país (Lisboa, por exemplo), deixo-as para alguém que as conheça melhor do que eu.
Estou a ver o 'Prós e Contras' sobre a reforma da Administração Local há três quartos de hora. Quase todos os autarcas presentes – oh, surpresa – estão contra. Um até conseguiu defender a regionalização (e obteve um aplauso da audiência). Apenas o Presidente da Câmara das Caldas da Rainha referiu o óbvio: por falta de dinheiro, a mudança não é opcional.
Perante estes cromos, que vivem entre os seus respectivos umbigos e os seus mais ou menos tacanhos interesses (sim, eu sei que, mais coisa menos coisa, as expressões vão dar ao mesmo), que os portugueses fazem questão de eleger uma e outra vez (admito que também por falta de opção), o Ministro Miguel Relvas nem precisa de se esforçar para que qualquer coisa que diga pareça incrivelmente sensata.
(Bom, qualquer coisa menos uma: continua a falar em reestruturação da RTP mas já não na sua privatização.)
Duas facções de aspirantes a candidatos pelo PS à junta de Freguesia da Sé, no Porto, andaram à pancada. Como seria de esperar, todos dizem que foram elementos da outra facção a começar. Nestas coisas (como, se calhar, noutras) tenho uma opinião muito pouco politicamente correcta: só se perderam as que acertaram ao lado.
Ninguém verdadeiramente se surpreende com estas coisas. João Gonçalves, por exemplo, admite, com algum conhecimento de causa, que comportamentos deste tipo são frequentes. Tenho pena de que não sejam ainda mais frequentes. E, acima de tudo, mais noticiados. Talvez assim se começasse a pensar seriamente em reduzir o número de juntas de freguesia. Mas provavelmente não. Os portugueses parecem gostar de energúmenos. Com ou sem gravata.
Resposta do presidente da câmara de um pequeno município da zona centro quando questionado pelo chefe de bombeiros local acerca do facto de alguns veículos da corporação não irem conseguir passar numa das ruas principais após conclusão das obras em curso: «Ai, não? Então têm que comprar carros mais pequenos.»
Isto foi antes das últimas eleições autárquicas. Este ano a aposta é na remodelação da praça central da cidade, que inclui a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, como é óbvio absolutamente indispensável numa cidade com cerca de 4000 habitantes. Dizem-me que há outras câmaras a apostar no mesmo. As rotundas devem estar a passar de moda...
pessoais
Amor e Morte em Pequenas Doses
blogues
O MacGuffin (Contra a Corrente)
blogues sobre livros
blogues sobre fotografia
blogues sobre música
blogues de repórteres
leituras
cinema
fotografia
música
jogos de vídeo
automóveis
desporto
gadgets