como sobreviver submerso.
Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2010
Facebook
Até nos amigos passámos a dar mais importância à quantidade do que à qualidade. E também no campo da amizade impera hoje o espírito da competição (o prazer que dá ter mais «amigos» que o parceiro do lado) e do interesse (afinal, se não tivermos «amigos», quem é que nos vai dar presentes para expandirmos a nossa Farmville?).
Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2010
Pergunta para Pedro Lomba
É uma pergunta simples a que, na realidade, qualquer pessoa pode responder e não apenas Pedro Lomba (de resto, pouco prolífico nos últimos tempos): pode uma relação de amizade sobreviver (e mais do que isso, sobreviver intacta) quando um dos amigos se torna superior hierárquico do outro? Quando questões como gestão das expectativas, avaliação de desempenho, aumentos salariais, prazos, enganos, objectivos, horários, desmotivação se misturam com os (normalmente partilhados) interesses de sempre? A minha resposta? A minha resposta está implícita no facto de fazer a pergunta.
Sábado, 31 de Outubro de 2009
Os homens preferem não falar de certas coisas
É sabido mas ainda assim apeteceu-me escrevê-lo, entrando nos territórios do Pedro Lomba, até por discordar parcialmente do que ele escreveu aqui (e que vi primeiro transcrito pela Margarida, aqui). A amizade feminina faz-se de palavras e de troca de informação. As mulheres sabem tudo da vida umas das outras. O que acontece, o que sentem, de quem é a culpa (dos homens, dos filhos, de outras mulheres). A amizade masculina vive tanto de palavras como de silêncios. De cumplicidade que não exige troca de informação. As discussões são sobre futebol, carros e mulheres mas, neste caso, raramente sobre as mulheres com quem são casados. Para os homens, mesmo os bons amigos, as confidências são um embaraço. São algo a enfrentar com um trejeito de compreensão, uma palmada nas costas e frases como «É pá, nem sei o que te diga» ou «Esquece isso, anda experimentar o meu carro novo». Os homens não querem verdadeiramente saber detalhes e não precisam de compreender as razões dos amigos para os apoiarem.
É por isso que considero a frase «desta vez mete-te na vida dele; faz perguntas; as pessoas gostam que lhes façam perguntas» só parcialmente verdadeira. Perguntas sobre os interesses comuns, sim. Toda a gente gosta de falar acerca do que aprecia e gosta de saber que outras pessoas estão interessadas nos mesmos assuntos (e, mais ainda, em ouvi-las). Assuntos íntimos, dolorosos, embaraçosos: os homens preferem não os discutir (ou fazem-no apenas com amigos muito, muito especiais, que a maioria nem sequer tem). Mas uma das vantagens da amizade sobre as relações amorosas é poder fazer-se essa opção.