Tudo indica que Barack Obama é um homem sensato e bem intencionado. Ambos os factores são positivos mas não decisivos para que venha a ser um grande presidente americano. É ainda cedo para avaliar a presidência de Obama. E é também demasiado cedo para que ele receba o Nobel da Paz . O comité diz que a presidência de Obama permitiu avançar na direcção de um mundo sem armas nucleares e dar um novo impulso às questões ambientais. O primeiro ponto é um exagero (o tratado com a Rússia é positivo mas está longe de permitir pensar num mundo sem armas nucleares e, para mais, é puramente instrumental*) enquanto o segundo está por consolidar. Elogia ainda a forma como ele conseguiu alterar o clima político internacional. É um facto que o «clima» se alterou mas isso deveu-se mais à saída de Bush do que à entrada de Obama. E, por si só, o «clima» é pouco importante: todas as situações verdadeiramente problemáticas subsistem, com Afeganistão, Irão e Coreia do Norte no topo da lista. O comité Nobel pretenderá talvez dar um sinal aos líderes desses países, dizer-lhes: «Negoceiem porque estão sozinhos; este homem tem o apoio do Mundo.» É uma estratégia arriscada. Imagine-se que Obama dá ordens para intensificar os combates no Afeganistão, aceita incursões de forças americanas no Paquistão, fecha os olhos a ataques israelitas a reactores nucleares iranianos. (Já para não mencionar uma possível reacção a um novo atentado em solo americano.) Como reagirá o comité Nobel? Continuará a apoiá-lo ou dirá «Ooooops, parece que nos enganámos»? Ou esperará que, tendo recebido o Nobel, ele hesite em estilhaçar a imagem de grande conciliador e nunca assuma posições polémicas? Seria preciso muita sorte para um presidente americano, numa época tão complexa como a actual, passar um mandato inteiro sem enfrentar decisões difíceis e impopulares. E seria péssimo que as evitasse por questões de imagem. Há ainda a questão não resolvida de Guantánamo e sinais preocupantes como a recusa em receber o Dalai Lama.
Obama até poderá vir a merecer o prémio Nobel. Aliás, esperemos que sim. Mas, por enquanto, é cedo.
*Na medida em que permite a ambos os países poupar dinheiro e a Obama surgir perante o Irão e outros países com ambições nucleares como o grande «pacifista».
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