Genericamente tenho opinião positiva da gestão de Rui Rio à frente da Câmara do Porto. Mas a "requalificação" (termo detestável pelo que presume e pelo que esconde) do Pavilhão Rosa Mota preocupa-me. Parece haver uma tendência, de que o expoente máximo no Porto (ou pelo menos o mais discutido) é a Avenida dos Aliados cimentada por Siza Vieira já durante as presidências de Rio, para desprezar tudo o que pareça natural (árvores, lagos, pisos de gravilha, ordenação não evidente), substituindo-o por construções onde a intervenção humana se torne flagrante: edifícios, "espelhos de água", vastas extensões de pedra lisa e nua. Tudo indica que o projecto apresentado há uma semana, da autoria do arquitecto José Carlos Loureiro (também responsável pelo pavilhão actual, que em 1956 substituiu o verdadeiro Palácio de Cristal, no que foi provavelmente o crime arquitectónico mais grave cometido na cidade durante o século XX) vai nesse sentido. Para uma análise mais detalhada é favor ler Antes o Charco que tal Espelho, de Paulo Araújo, no Dias com Árvores.
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