P. As pessoas matam por enfado?
R. Estão desesperadas. É como um grito de socorro. Numa sociedade totalmente saudável, a loucura é a única liberdade possível. À medida que as sociedades ocidentais se tornam mais prósperas, mais civilizadas, mais governadas por leis razoáveis, deixamos de poder tomar decisões morais.
Há uns anos, num texto ficcional que já passou por muitas editoras mas, provavelmente por sensatez, nunca ninguém quis publicar, escrevi o seguinte:
Se conseguia entender muitas das razões que levavam alguém ao suicídio, melhor ainda entendia as que levavam alguém a pegar numa arma de fogo e começar a disparar indiscriminadamente. A estupidez global era justificação mais do que suficiente. E a utilização da última bala nos próprios miolos (gesto tão habitual nos que cometem esses actos “inexplicáveis”) revelava a lucidez: não podem ser desculpados os anos em que se serviu a estupidez, em que não se conseguiu lutar contra ela, em que se desejou ficar tão estúpido, adormecido, integrado, como todos os outros.
Quando vejo as pessoas abanarem a cabeça de incredulidade perante actos como o da Holanda, pergunto-me se o fazem com genuína estupefacção ou, mesmo que a nível subconsciente, por auto-defesa. Creio que Ballard se inclinaria para a segunda hipótese.
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