como sobreviver submerso.
Contraponto semiológico ou a mulher do Jimmy Connors.
Saiu a Playboy portuguesa. Seria uma grande data se a revista valesse alguma coisa. (Isto escrito por quem guarda religiosamente, tanto quanto o termo é aplicável, em casa dos pais - imagine-se -, umas dezenas de números da edição americana do final dos anos oitenta. As raparigas tinham mamas demasiado grandes mas eu comprava-a por causa da entrevista, da ficção, e das anedotas, até porque, na altura, nem sequer percebia de fotografia.)
De qualquer das formas: saiu a edição portuguesa. E, polémicas com a ERC à parte (todas as publicações, especialmente noticiários televisivos, deviam estar em guerra aberta com tão útil e imparcial entidade), é fraquinha. Muito fraquinha. Ao contrário do que escreveu o caro Manuel Jorge Marmelo (hmmm, este apelido proporcionava uns trocadilhos do mais puro humor português, especialmente considerando que estamos a falar da Playboy), na análise semiótica que efectuou ao primeiro número, há poucos motivos para apreciar as fotos da nossas curvilíneas compatriotas (não por culpa delas ou dos seus mui agradáveis atributos, naturais ou, desconfio que em alguns casos, sintéticos). Estamos de acordo em considerar péssima a qualidade de impressão mas eu não consigo olhar as fotos sem pensar em Patti McGuire, a mulher do tenista Jimmy Connors (número 15 nesta lista, que tem outros motivos de interesse, até porque a Patti já tem cinquenta e tal anos). Porquê? Apesar de gostar bastante de ténnis, não é por isso. É que o estilo de fotografia da nossa (como quem diz) Playboy me lembra o estilo da edição Americana nos anos setenta (que devo ter visto em documentários porque não sou assim tão velho), década em que a Pattti apareceu na revista (foi playmate do ano de 1977; ver aqui para um desmoralizador artigo de como se passa de bunny a mommy). E isto não é um elogio. Os anos setenta estão longe de ser a minha década preferida no que respeita às artes (Joy Division à parte). As fotos são timoratas, banais, sofrivelmente iluminadas e, acima de tudo, tristonhas, pouco imaginativas e nada glamorosas. Uma pena porque, repito, as raparigas até têm potencial (energia potencial igual a massa vezes gravidade vezes altura, se bem me lembro das aulas de física).
Já mencionei que as fotos são timoratas? Bom, também não é o ponto principal...
Outra coisa, menos importante: a entrevista é ao Costinha? Isso é que merecia uma análise semiótica.